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O cemitério

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O livro é excelente; definitivamente, planejo ler mais obras do autor e recomendaria para aqueles que apreciam o gênero, bem como para os iniciantes na leitura deste tipo de obra.

Os personagens são retratados com nuances semelhantes às da vida real. Rachel, uma mulher marcada por traumas. Louis, constantemente tomador de decisões desastrosas. Ellie, uma criança com sinais de sensitividade ou algo semelhante, destinada a enfrentar seus próprios traumas na vida adulta.

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Eu realmente tentei gostar, mas Stephen King realmente não faz o meu tipo. Quem sabe dê uma segunda chance, mas a escrita bastante detalhada do autor me cansou... Porém, para quem curte o gênero Terror, o livro é um prato cheio!

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Cemitério maldito é o nome do livro e da jacket, o título original mesmo é O cemitério.

Conhecendo o local:
Louis Creed, um jovem médico de Chicago, acredita que encontrou seu lugar naquela pequena cidade do Maine. A boa casa, o trabalho na universidade, a felicidade da esposa e dos filhos lhe trazem a certeza de que fez a melhor escolha. Num dos primeiros passeios familiares para explorar a região, conhecem um "simitério" no bosque próximo a sua casa. Ali, gerações e gerações de crianças enterraram seus animais de estimação.

Para além dos pequenos túmulos, onde letras infantis registram seu primeiro contato com a morte, há, no entanto, um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras e onde forças estranhas são capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível.

“Às vezes estar morto é melhor”

Cemitério maldito tratará de assuntos que SK sabe fazer muito bem, o lado sobrenatural é bem latente, e ainda podemos ver terror ― o que não poderia ser diferente. Além disso, a morte é o assunto que predomina e assusta os personagens, mostra como cada um lida com isso. Acredito que esse lado tenha mexido muito comigo. Não por receio, medo ou algo do tipo, mas por admiração pela coragem e ousadia em tratar de um tema tão pesado e com crianças na trama.

Logo no início eu fiquei bem animada com a história, Louis Creed, ainda que cético, se mostrava um pai bastante preocupado e protetor. Ele se muda de Chicago para Maine com intuito de recomeçar a sua vida ao lado da esposa, Rachel, e seus filhos, Ellie e Gage. Assim como muitos pensam, acredito eu, mudança é sinônimo de esperança, de perspectivas de um futuro melhor, principalmente para a esposa, que carrega consigo medo e trauma. E este é o intuito daquele pai de família: buscar, incessantemente, a paz.

Tudo desmorona quando a sua filha pede para ele tomar conta do gatinho de estimação e o animal morre atropelado. Jud, vizinha da família, leva o bichano para ser enterrado num cemitério amaldiçoado. Não vou falar mais para não tirar a graça da história, mas já é possível entender o que vai acontecer, não é? Coisas estranhas vão surgir e você ficará meio encafifado.

Entendo que a história tem elementos bem convincentes para atrair a atenção de qualquer leitor. Sim, eu disse QUALQUER leitor. Porém, acredito que o rumo tenha se perdido um pouco. E até acredito mais ainda que a culpa não tenha sido do autor, mas, minha. Como estava lendo com um compromisso totalmente desorganizado, fora do que me foi proposto, penso que isso tenha me travado. Sou muito organizada em tudo, alinho canetas até para trabalhar/estudar. Não sou a louca psicopata/obcecada, isso eu deixo para o SK. Apenas gosto de ler cumprindo o cronograma que foi proposto.

Pode ser que seja isso, pode não ser. Já me comprometi com o Marcos que faria uma segunda leitura, juntos, pois ele considerou um dos melhores livros do autor. Não considero o livro ruim, mas a primeira até a segunda parte foi tudo muito bem, no entanto, o que veio adiante acabou não agradando tanto. Gostei muito do autor tratar de coisas sensíveis numa história tão pesada. Os personagens precisam lidar com o sentimento de perda.

Sobre a edição:
O livro tem uma capa bonita e bem feita, a jacket, com a capa do livro, é muito mais chamativa e sombria. Na obra, é possível encontrar falhas na revisão, mas nada grave.

Em suma, é um livro que pretendo reler, tanto por ser King quanto por sair da pressão e ver se as coisas melhoram.

Resenha postada no Blog: http://www.revelandosentimentos.com.br

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Quando a morte é a melhor solução.
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Louis Creed acabou de se mudar com a família para a pequena cidade do Maine. Apesar de bem diferente de Chicago, ele, sua esposa e seus dois filhos pequenos pareceram se adaptar rapidamente à nova casa e rotina. Como nem tudo é perfeito, Louis e sua família descobrem que há um “simitério de bichos” nos bosques atrás do terreno de sua casa. Sinistro e macabro, mas aparentemente inofensivo.
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“A morte é um mistério; o sepultamento, um segredo.”
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A vida segue melhor do que nunca: uma família feliz, um emprego estável e estimulante, vizinhos acolhedores. Até que alguns eventos sinistros e misteriosos começam a surgir em suas vidas. Quais segredos escondem os bosques atrás de sua casa? Quais mistérios se esgueiram pela escuridão? E que força maligna domina os terrenos e ossadas daquele cemitério?
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“Sentia a presença difusa, evidente, magnética, de algum segredo. Algum terrível segredo.”
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Livro que inspirou o filme Cemitério dos Malditos e, que agora, está sendo relançado em uma nova versão, a obra de Stephen King tem a aura maligna e de suspense tão conhecida em suas outras histórias. Louis vai, pouco a pouco, adentrando os mistérios macabros da pequena cidade e percebendo como sua própria história fica cada vez mais intrincada com aquele local. Vida e morte em debate, como se despedir daqueles que tanto amamos? E como entender que, às vezes, a morte é a única solução disponível?
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“Talvez ela aprenda alguma coisa sobre o que a morte realmente é: o ponto em que a dor cessa e as boas memórias começam. Não é fim da vida, mas o fim da dor.”
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Recomendo!

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Nessa história conheceremos Louis e sua família. Louis se mudou com a família para uma cidadezinha do Maine, eles tem uma boa casa, ele irá trabalhar na universidade e sua família parece mais feliz que nunca. Louis tem certeza absoluta que fez a escolha certa ao aceitar o emprego, mas talvez as coisas mudem em breve.
Em um passeio em família juntamente com seu novo vizinho Jud, eles acabam descobrindo o "simitério dos bichos", um local onde as crianças da redondeza enterram seus animais de estimação há gerações, um lugar onde elas podem finalmente lidar com o luto a sua maneira. Elas limpam as lápides e vivem andando com certa frequência no local.

A esposa de Louis não se sente a vontade no lugar, ela tem certa fobia de morte e não quer que sua filha mais velha tenha de lidar com o assunto, por isso ela acaba ficando aborrecida com Jud pelo modo como ele aborda a situação.
Esse acontecimento acaba gerando uma discussão entre o casal, mas poderes ocultos começam a se esgueirar nas sombras e talvez falar sobre morte seja o menor dos problemas que eles terão.

Jud sente-se em débito com Louis e por isso decide ajudá-lo. Após o gato da família ser atropelado, Jud leva Louis a parte sombria do "simitério", a parte que faz as coisas voltarem a vida.
O gato não volta como antes. Agora ele tem prazer em estraçalhar animais e não cheira muito bem, algo está errado com ele, e Louis acaba tendo uma grande antipatia pelo bichano, pois não sente que é a mesma coisa. Como se o gato fosse uma nova criatura, algo maligno que não faz parte daquela família.

O problema realmente começa quando um terrível acidente assola sua família e ele sente-se novamente tentado a mexer na terra que guarda poderes ocultos. Louis será capaz de mexer na terra do cemitério indígena? E se as consequências de mexer com esse grande poder forem terríveis demais para ele lidar? E se o mal acabar despertando?
O livro conta com diversas situações sobrenaturais para alertar Louis sobre o cemitério, mas ele está completamente desesperado e talvez não escute a voz da razão.

Nessa leitura lidaremos diretamente com a morte, a aceitação dela e como a mesma faz parte da ordem natural da vida.
Apesar de todo o terror temos cenas adoráveis entre Louis e sua filha Ellie.
O livro tem diferenças enormes em relação ao filme, então se você está lendo com a esperança que seja o mesmo final, aviso desde já que não é.

Gostei muito da história, gostei da construção dos personagens e de como o terror foi instalando-se gradativamente na leitura.
Eu senti medo ao ler It a Coisa, mas esse até agora foi o livro que me deu mais medo. Inclusive cheguei a ter pesadelos.
O livro deixa o final em aberto, o que é um pouco frustrante, pois sou curiosa!

Obs: Infelizmente não posso opinar sobre a versão física, pois li o livro em ebook [foi disponibilizado pela plataforma NetGalley, pela editora].

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Um dos melhores e mais assustadores livros do autor. Não conseguia parar de ler! Apesar de um pouco previsível, o livro é tenso demais, de forma que você fica cada vez mais nervoso para saber como os problemas vão se resolver, além de xingar mentalmente os personagens por serem... humanos demais, talvez, e tomarem decisões questionáveis.

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QUE LIVRO PERTURBADOR.
Sério, talvez seja a coisa mais perturbadora que eu já li (minhas dúvidas estão entre O iluminado e Confissões do crematório). Histórias que lidam diretamente com o tema morte sempre mexem bastante comigo pois, por mais que seja algo que me fascine, é o maior mistério da humanidade e um grande medo universal. Mas, de alguma forma, Stephen King conseguiu reunir alguns dos piores medos e fantasias sobre a morte em um único livro, e o fez bem demais.

Em 2013, tentei lê-lo, mas não deu muito certo porque achei a escrita do titio King arrastada e detalhista demais. É aquilo: todo livro tem seu tempo, e a leitora que eu era naquela época é bem diferente da leitora que sou hoje, que não apenas não achou nada de arrastado no livro como ainda queria mais (ao mesmo tempo em que ficava nervosa a cada página passada, pensando nos horrores que viriam pela frente). A Suma disponibilizou o e-book da edição de 2013 para os parceiros e eu aproveitei para lê-lo antes de ver o filme. Ainda não vi o remake (apenas o clássico, dos anos 80, que é assustador demais), mas não me arrependo de ter entrado no hype e lido o livro em função do novo filme, porque claramente aí está uma decisão acertada. A única coisa que não foi acertada foi emendar um Stephen King no outro, já que agora estou tendo pesadelos com um personagem que sai dos livros pra matar pessoas de forma cruel e inventiva e as enterra no cemitério micmac, o cemitério maldito.

Apesar do clichê do cemitério indígena amaldiçoado já esperado de todo mundo que cresceu vendo filmes de terror dos anos 80, o cemitério desse livro é realmente terrível. As descrições que o autor faz dele, do "grito de gralhas ao Sul" que pode ser ouvido, até mesmo a forma com que os personagens, quando determinados a enterrar alguém lá e conduzidos pela força sobrenatural que domina o local, atravessam o lodo, troncos caídos e toda a sorte de empecilhos intransponíveis em circunstâncias normais, tudo isso torna o cemitério um personagem vivo nessa história, vivo e eterno, vivo e que comanda a todos no local.

Fora que: Gage. Gente do céu, pobre do Gage. Por ter visto do filme original, sabia como a história terminaria, mas mesmo assim fiquei torcendo pra que o Gage sobrevivesse, pois morte de criança simplesmente não dá. Agora, se tem algo pior do que a morte do Gage é o capítulo em que o Louis vai lá, despacha a família pra casa dos pais da esposa dele, e desenterra o filho. Inventei de ler isso durante a madrugada e obviamente não dormi mais pensando nos estágios da decomposição do corpo após a morte e o quão terrível é perder um filho - a ponto de mexer com forças sobrenaturais para tentá-lo trazer de volta à vida.

"Não ultrapasse este limite, doutor, por mais que tenha vontade de fazê-lo. A barreira não foi feita para ser violada. Não esqueça: há mais poder aqui do que o senhor imagina. Isto é um lugar antigo e estará sempre inquieto. Não esqueça!"

Para além disso, que é a coisa mais horrível que já li, adorei a construção de personagem de Louis Creed, o protagonista dessa história macabra. Louis é um médico, lida com a morte todos os dias, estudou sobre isso, não tem lá muitas crenças, é um homem tão racional que chega a irritar quando briga com Rachel a respeito da visita ao "simitério" de bichos com a filha, Ellie. Para ele, a morte tem de ser aceita e enfrentada com naturalidade. No entanto, desde seu primeiro dia como médico da universidade local, quando Victor Pascow morreu de forma trágica em sua frente, Louis foi sendo atormentado de tal forma pelo espírito de Pascow, que lhe infringiu avisos, e pela força avassaladora do cemitério micmac, que foi verdadeiramente levado à loucura, a ponto de esquecer de tudo aquilo que estudou, de suas crenças e quebrar as regras da vida e da morte.

"Ele se perguntou se em algum lugar lá no fundo, longe de seu comportamento aparente, não estivera sempre a um passo das mais absurdas irracionalidades. E se não era isso que acontecia com todo mundo."
Ninguém lida bem com a morte e vivenciar o luto, especialmente de uma pessoa próxima, é sempre um estar flertando com a insanidade. A linha bem tênue que separa os nossos atos entre aceitáveis e bizarros é constantemente desafiada quando nos deparamos com a morte. Louis Creed já teria aí motivos suficientes para começar a enlouquecer. Porém, a morte ainda atacou seu filho de dois anos, um bebê que a recém estava aprendendo a falar. E, para piorar, o local onde a família mora é repleto de uma força maligna que, assim como Pennywise em It, acorda de tempos em tempos e se manifesta, levando consigo um bom número de mortos e insanos.

Como toda boa história sobre limites entre vida e morte, temos um guia que, como Caronte, leva Louis até o ponto de transição. Esse personagem no livro é Jud Crandall, o vizinho octogenário de Louis que viveu tempo suficiente naquele lugar para conhecer todos os seus mistérios. Impelido pela força sobrenatural do cemitério micmac, Crandall leva o vizinho até o local sagrado para enterrar o gato de sua filha quando ele morre. Church, o gato, é o primeiro a ir e o primeiro a retornar, desencadeando uma força que estava dormindo há um bom tempo.

"Mas um homem planta o que pode... e cuida do que plantou."

Em 2000, Stephen King escreveu uma introdução a uma nova edição do livro, dizendo que "Quando me perguntam qual é o livro mais assustador que eu já escrevi, a resposta vem facilmente e sem hesitação: O cemitério. O cemitério é aquele que eu coloquei em uma gaveta pensando que eu finalmente tinha ido longe demais. O tempo sugere que eu não fui, ao menos não em termos do que o público aceitaria, mas certamente eu fui longe demais em termos de meus sentimentos pessoais. Para dizer simplesmente, fiquei horrificado com o que eu havia escrito e com as conclusões a que cheguei.". Se o próprio titio King acha que esse é seu livro mais assustador, quem sou eu para discordar?

"O que acontece quando demoramos muito a mandar embora a coisa que bate em nossa porta no meio da noite é simplesmente isso: desgraça completa."

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Louis Creed e sua família se mudam para uma grande, velha e acolhedora casa colonial numa cidadezinha do Maine, próxima a autoestrada, movimentada por enormes caminhões, e a um cemitério de bichos, mantido limpo e bem cuidado pelas crianças da redondeza.

Do outro lado da estrada, Jud e Norma Crandall oferecem mais do que xícaras de açúcar e conversas sobre o clima, tornando-se essenciais na nova vida dos Creeds.
O relacionamento entre eles, por obra do destino (ou de algo mais), logo se torna pungente demais para ser sustentado apenas com trocas calorosas e brindes ao anoitecer, cedendo espaço para dívidas que envolverão mais do que boa vontade para serem liquidadas.

Neste clássico do terror, King questiona os limites entre a vida e a morte, o amor e a loucura, conduzindo seus leitores por uma trama sobrenatural rumo ao desconhecido e impensável. Sua narrativa romântica e descritiva aprofunda a ligação com os personagens, roubando uma batida ou duas de nossos corações... que mal poderá esperar até descobrir o que virá a seguir!

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Ler "O Cemitério" foi como fazer uma viagem muito longa e muito macabra para um lugar desconhecido e cheio de armadinhas. A leitura toda senti como se estivesse presa em um filme de terror daqueles pra assistir com uma almofada cobrindo os olhos nas cenas mais assustadoras. E olha que nem é um livro assim tão explícito em questão de sangue/morte/aberrações. É um livro de terror que puxa bem mais pro psicológico, e acho que por isso ele foi tão assustador para mim. Livros que questionam a morte e sobre perdas sempre tem um efeito em mim, e com esse não foi nada diferente. Stephen King tem um jeito com as palavras que já tinha me fisgado em "A Incendiária", primeiro livro dele que li; em "O Cemitério" conheci o autor em toda sua força narrativa ao abordar questões tão interessantes com uma ambientação sufocante e personagens nada normais que descobrem que não são assim tão ordinários como pensavam. Será que estava tudo ligado, desde o começo? Será que eles conseguem superar isso? O que um acontecimento tão trágico como aquele pode trazer à superfície? Como isso irá mudar as pessoas, como nossos personagens lidarão com tudo isso?

Apesar do tamanho avantajado senti essa leitura passar voando. Simplesmente não conseguia me obrigar a parar de ler até ter todas essas perguntas respondidas. Será que recebi o que queria? Será que eu sabia o que era melhor? Bem... acho que esse é o tipo de livro que posso dizer com certeza que terá um efeito diferente em cada leitor. Ele trás a tona o pior que podemos pensar. O final não é fechadinho, mas nem ligo. Só quero ler tudo do King agora mesmo, nesse exato momento. GIVE ME MORE.

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Acho que nessa época já dava pra chamar a Marcia Fernandes pra dar uma checada nesse lugar, né não?

Um dos clássicos do Mestre King, O Cemitério nos apresenta à família Creed, que está se mudando para a pequena cidade de Ludlow, no Maine. Louis Creed é um médico que está se preparando para uma nova jornada em sua carreira na universidade local. Muito conquistado pelas bonanças do salário, ele se muda junto com a esposa Rachel, os dois filhos Ellie e Gage, e claro, o gato Church.

A chegada à nova residência não é lá um conto de fadas. Todos, exceto Louis, parecem agitados e tristes em deixar o antigo lar. Ao chegarem as crianças se machucam, deixando um climinha ainda mais chato. Mas após conhecerem o simpático vizinho, Jud Crandall, as tensões parecem amenizar. Louis e Jud logo se tornam grandes amigos, divagando em várias conversas durante à noite. O velho Jud se torna uma espécie de figura paternal para Louis.

Jud decide apresentá-los ao "simitério"de bichos, campo meio que histórico da cidade, que fica justamente atrás da residência dos Creed. Ali estão enterrados vários animais de estimação, queridos pelos moradores da cidade, inclusive um touro. É o belo ponto para o início da ótima discussão apresentada por King, sobre a morte e o luto em si. Pode estar a milhas de acontecer, mas já deixa uma criança em pânico, como a maneira em que Ellie absorve a possibilidade de ter que enterrar seu gato ali. Uma reação que Louis jamais esqueceria.

Em meio a má reação de Ellie, e também da esposa, Louis vê seus caminhos cruzarem com o lado fúnebre e diabólico da cidade quando o estudante Victor Pascow morre em seus braços. A conexão entre eles só estaria começando, já que Pascow apareceria num sonho de Louis, o alertando sobre os males de ir além do "simitério de bichos". Louis não acredita, claro. Não até presenciar o primeiro ataque à sua sanidade.

Após a morte de Church - o gato -, Jud sente que precisa recompensar Louis por ter salvo a vida de sua esposa. Louis não sabe como dará a notícia a Ellie. Até que Jud o leva para enterrar o felino num lugar além do "simitério". Lugar que, previamente, Louis fora alertado por Pascow a não ultrapassar os limites. Ali é conhecido como "Cemitério MicMac", e há uma onda de histórias transmitidas por gerações. Um solo altamente sagrado e poderoso, não necessariamente de forma positiva. Ainda sem entender as ações de Jud, o médico apenas faz o pedido e espera.

Quando Church retorna, Louis tenta não parecer tão intrigado. Porém, fica difícil conviver com o comportamento estranho do animal. Church nunca cheira bem e está sempre estraçalhando ratos ou pássaros. Coisas que não costumava fazer. Louis também já não sente tanta conexão com ele como antes, o que faz desprezá-lo várias vezes. Mas tudo parece bem, até que uma desgraça atinge a família Creed, levando Louis a ser seduzido novamente pelos poderes do Cemitério MicMac.

Só que... o gato se transformou completamente num caçador. Imaginem uma pessoa!

Stephen King sabe como me gamar em cada ponto de sua escrita. Sei que tem gente que não curte, mas é como se a gente se entendesse bem, cada abordagem, cada referência (algumas são de outras obras dele), humor nas entrelinhas e tals. Sem importar a época, estou ali presa em sua história, durmo pensando nelas e dificilmente quero deixar de lado. E foi assim com a leitura de O Cemitério. O principal motivo é pela mensagem ter se tornado algo bem pessoal. Desde o início, eu não parei de pensar na morte do único cachorro que eu tive e comparar com outras ao meu redor. Mortes que me deixaram com raiva, não só triste pelo fato da pessoa - ou cachorro - ter partido. Talvez, tenha me ajudado a compreender um pouco as escolhas de Louis, sem taxá-lo de burro. Mas sim, ele foi muito inocente.

A questão da morte é o que sempre assusta as pessoas, não só um gato que retornou dos mortos. As pessoas negam mais temem sim a palavra "morte". O caso da esposa, Rachel, e a maneira que presenciou a morte de um parente querido, se tornou algo traumático em sua vida. Ela nem gosta de tocar no assunto, ou aprecia que seja abordado com seus filhos. Por outro lado, Jud e seus tantos anos já viram e ouviram tantas estórias que deixariam qualquer um arrepiado. Me soa como um personagem que já está acostumado com a ideia. Será que os anos de vida amenizam o temor? Vai saber.

Com Louis, o autor apresenta uma construção bem interessante para ser inserida nesse caso, ele é um médico. Médicos lidam com a morte a todo instante, não é? Algo normal na profissão. Embora, ele não seja um personagem tão frio em relação a isso. Se vê pela morte de Pascow, que acaba por marcá-lo e até o leva a sonhar com rapaz. E com tudo isso, Louis não consegue aceitar quando o ar fúnebre bate à sua porta. E não é só uma vez. É um personagem que perdeu os familiares cedo e outros preencheram os lugares deles. Apesar disso, foi difícil simpatizar com Louis no início, simplesmente por não curtir muito o modo como se deu a mudança. Foi pela vontade dele, apenas. Depois, me apeguei pelo lado emocional do personagem, sentindo suas perdas.

E não posso esquecer de mencionar, como adorei Ellie, filha mais velha de Louis. Seus diálogos são divertidos - apesar que em alguns momentos, ela fica de mau humor, ha! - e os momentos com o pai me deixaram toda derretida. No entanto, ao se aproximar das páginas finais, fiquei triste pela tempestade no relacionamento entre eles e como o cenário se desmonta com as escolhas de Louis. Acredito que a química entre pai e filha nem seja tão surpreendente assim, já que a história foi inspirada em fatos da vida do King, como a morte do gato de sua filha - o nome dele era Smucky (citado no livro) - dentre outras coisas.

Minha ressalva para anular o ar perfeito, se deve ao fato de que me senti enganada com as respostas que Jud ia nos entregar. Senti que ele sabia muito mais e fica devendo. Inclusive, ele promete contar a Rachel sobre um acontecimento com a Norma, sua esposa, mas o livro acaba sem a gente saber. Odeio o jogo entregue pela metade, me sinto enganada. Ha!

Com sua primeira publicação em 1983, O Cemitério é uma leitura livre de toda tecnologia atual, dá até certo baque, e realmente se compromete como um belo clássico no hall de Stephen King. Ótima narrativa, que não foca somente no lado de Louis, apesar de seguir em terceira pessoa. Um suspense de tirar o fôlego, pois King sabe como nos deixar bem curiosos. E né, como é uma história que já ouvimos falar, a curiosidade para que chegue os momentos tão comentados, acaba por ajudar a leitura fluir. Há cenas bem cruéis sim - afinal, não vamos esquecer que se trata de um terror - e tristes. Um final que eu não imaginava, mas que me agradou bastante. Pois é, ainda não assisti as adaptações. Ainda bem!

A edição está ótima. Não pensem que é uma nova capa, estilo poster de filme. É tipo uma 'luvinha' e dá para remover e temos a capa original por dentro. Eu curti as duas opções, mas acho que prefiro a do gato mesmo. Ha! Amei o tamanho da fonte, bem confortável e ajuda bastante a leitura fluir. A editora sempre traz um bom trabalho com as referências do King, adoro. Agradeço à Suma pelo convite para participar da Leitura Coletiva. Fiquei lindamente me achando aloka do terror - que amo demais.

E agora, toda vez que eu escutar a palavra "bonito" vou dar risada.

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Melhor livro do sK que li ate agora, uma construcao incrível de personagens e ambientação, um toque de terror que consegue fazer o leitor ficar morrendo de medo

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O Cemitério (Pet Sematary), do Mestre do Terror Stephen King, é um dos livros mais importantes de sua carreira. A obra foi publicada originalmente em 1983, entre Christine e A Hora do Lobisomem, e indicada ao World Fantasy Award como melhor livro. Ganhou um filme dirigido por Mary Lambert em 1989 (uma sequência foi lançada em 1992) e, em 1997, uma dramatização adaptada por Gregory Evans para a BBC Radio 4. A banda The Ramones gravou a música tema do filme, lançada no álbum Brain Drain. O filme Cemitério Maldito se tornou um cult e popularizou o livro.

Ao ganhar uma nova adaptação cinematográfica em 2019, dirigida por Kevin Kölsch e Dennis Widmyer, a Editora Suma, do Grupo Companhia das Letras, preparou uma sobrecapa temática para o livro e organizou uma leitura coletiva online. A #SumaLendoOCemitério ocorreu de 18 a 31 de maio e participei graças ao ebook cedido pela Suma através da plataforma NetGalley. Infelizmente me adoentei e atrasei um pouco a leitura. Além de ser um livro que desejava há muito, fui surpreendida com a complexidade inesperada. Caso queira ler o debate sobre O Cemitério, ele foi realizado em duas partes, uma no dia 24 e outra no dia 31. Mas contêm spoilers, lógico. Já a resenha não, pode ler!

"Smucky, ele era obediente." "Trixie, atropelada na estrada." "Marta, nossa coelha de estimação." ...

King, de 71 anos de idade, publicou mais de cinquenta livros best-sellers, mas O Cemitério se destaca e é particularmente complexo e perturbador para ele próprio, porque a obra rompeu a linha que separa criador e criação, realidade e ficção. Muito do que acontece no livro, aconteceu na vida de King: a mudança para uma casa no interior do Maine, o cemitério de animais de estimação próximo, a estrada perigosa e movimentada na porta e a morte do gato da filha.

Resenha completa no blog Leitora Viciada www.leitoraviciada.com

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