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Mulherzinhas

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Uma leitura bem gostosa, com certeza um clássico para amar, reler e sempre se apaixonar pela história! Uma leitura reconfortante e maravilhosa de diversas maneiras!

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#companhiadeverão
Resenha Mylena Suarez
Eu vi a primeira versão para o cinema no lançamento pois é o estilo de filme que eu sempre gostei, mas não imaginava que era baseado num livro que tive a oportunidade de ler no Clube de Clássicos Zahar de 2020. Desta vez tambem aproveitei para rever aquela versão e depois fui no cinema a segunda versão para perceber como é bem mais fiel à obra e não menos romântica e tocante mesmo com seus cortes rápidos e apresentando uma visão interessante de Jo.

Como gosto muito dos prefácios dos livros peguei a edição da Penguin para ler e reler os trechos que mais gostei. Afinal da mesma forma que a leitura toca o coração de uma forma a depender do estado de espírito do leitor, as visões de quem escreve essas introduções é diferente e a tradução pode ter toques sutis da visão e vivência de seu tradutor. Me apaixonei pela visão de Elaine Showalter da qual marquei mais de dezesseis quotes.

" No entanto, por mais que Alcott houvesse internalizado o papel de solteirona solitária, cujo cérebro e corpo gera palavras em vez de bebês, quando começou a escrever seu romance autobiográfico ela não se rendeu à autocomiseração, ao sentimentalismo lacrimoso e à religiosidade lúgubre que caracterizava tantos escritos femininos do período. Sua admiração pelos romances de Dickens a ajudou a ver o lado cômico de seus personagens."

A experiência assim como da primeira vez que li foi inenarrável, única diferença foi que não voltei a mergulhar na profunda ressaca que tive antes. Acompanhar a jornada de vida das irmãs March e suas marchas de autodescobertas e descobertas é marcante e única assim como essas admiráveis mulheres. Cada uma a sua forma é capaz de tocar o nosso coração e fazer em algum momento a gente se ver na mesma situação retratada.

É uma leitura que recomendo sem medo.

A edição da Penguim prima por uma excelente tradução e ótimos conteúdos extras que é o que acredito que encareça o livro da editora . Raramente me empolgo com as capas da editora mas neste caso, amei muito a escolha da fonte, das cores e dos objetos que mostram cada irmã. Para quem já conheceu livros de diversas editoras, esses detalhes fazem toda a diferença na leitura.

5/5 estrelas.

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Essa resenha não é imparcial – claro que não é, nenhuma resenha é, fica dica para todos que esperam imparcialidade em resenhas –, então se você espera uma resenha que seja capaz de te apontar de erros em uma obra, eu sinto muito porque você não encontrará isso aqui. Eu amo esse livro. Eu amo de coração. Sempre amei. E relê-lo agora me fez me lembrar exatamente o motivo do meu amor por ele: é uma história sobre mulheres em uma época na qual não tínhamos voz, escrita por uma mulher, com pensamentos femininos, voltado ao público feminino e um olhar feminino em uma época na qual nossa vida deveria se voltar para filhos, casa e marido. Ainda bem que tudo evoluiu e estamos aqui hoje em dia, com mulheres com poder em nossas mãos, advogadas, médicas, jornalistas, escritoras e donas de grandes vozes, e tudo isso começou porque nós começamos a exigir nossos lugares com ajuda de mulheres como Jane Austen, as irmãs Bronte e Louisa May Alcott, que começaram a escrever livros mostrando como o universo feminino era muito, muito maior do que a sociedade patriarcal pensava.

“Mulherzinhas” foi escrito no meio da Guerra da Secessão norte-americana, a guerra civil que quase destruiu o país e que mostra o quão intenso o lado progressista precisou ir para conseguir avanços a favor dos pretos no país (indico fortemente vocês a lerem sobre), com homens fora de casa, deixando suas famílias para trás. É nesse contexto que somos apresentadas a família March, composta pela Mãe (chamada carinhosamente de Marmee) e suas filhas Meg (que como mais velha, é mais responsável), Jo (a filha que é o fio condutor da narrativa, impulsiva e que tem grande habilidade com as palavras), Beth (a filha delicada e musicista, sendo uma eximia pianista) e Amy (a caçula que tem a veia artística da família). Cada uma das irmãs é completamente diferente em personalidade e, justamente por isso, se completam tanto.

Acredito que é justamente pelo título do livro que preciso começar falando sobre: este livro é sobre as irmãs, sobre as “pequenas mulheres” que elas ainda são e que vamos acompanhar o desenvolvimento até se tornarem adultas. Não há qualquer tom pejorativo justamente porque no original inglês é “Little Women” (“Pequenas Mulheres”) e é assim que o pai delas as chamam quando escreve do campo de guerra (quote acima), e é isto que elas são no começo da trama: dos 17 aos 12 anos, vemos as irmãs e sua interação naqueles tempos difíceis sem o patriarca da família com elas, trabalhando e estudando, seu relacionamento entre elas e a confiança que cada uma partilha mesmo dentro daquele relacionamento de irmãs – porque quem tem irmãs sabe que é impossível você gostar de sua irmã o tempo todo, mas sempre a amando (tá, essa é uma piada interna com a minha própria irmã: não é tudo que ela ou eu fazemos que a outra aprova, mas, mesmo não gostando de determinados comportamentos, nós nos amamos acima de tudo, o tempo todo, mesmo quando não gostamos da outra).

As irmãs já conhecem épocas melhores em termos financeiros e agora realmente se encontram precisando de trabalhos para conseguirem se manter. Meg e Jo, as mais velhas, ajudam como podem, e Jo, como já falei acima, é a personagem que está no centro da história, sendo através dela que Laurence, ou melhor, Laurie, é introduzido a família. O avô do rapaz é vizinho das garotas e ele vai morar com seu avô. A amizade que nasce entre Jo e Laurie é sólida e intensa, crescendo a cada dia. Eles gostam das mesmas coisas, tem o mesmo gênio um tanto quanto impetuoso, repletos de vida, questionadores e inquietos, e, o mais atraente para a sociedade naquela época: Laurie é um herdeiro e, obviamente, terá de se casar eventualmente. M, para Jo, Laurie é simplesmente Teddy, seu melhor amigo que assim o seria mesmo sem nenhum centavo no bolso. É um relacionamento puro que começa a ganhar contornos de romance, o que pode fazer os leitores entenderem que aquela será uma história simples de garota-conhece-garoto-rico-e-se-apaixonam, mas se lembre que estamos em uma obra sobre as irmãs e elas são o cerne de tudo, não o romance.

Apesar de enfrentarem essas dificuldades, a família March não deixa de ajudar os mais necessitados, entre eles o Hummels. E é ajudando a família que Beth contrai escarlatina, doença que na época era capaz de matar, a debilitando severamente. A primeira parte do livro termina com este drama que se abate sobre a família – sim, o livro é dividido em duas partes, com a autora deixando claro que só haveria uma segunda parte caso a primeira fosse bem recebida por partes dos leitores porque era assim que o mercado editorial funcionava, ainda mais com obras escritas por mulheres. E, para nossa felicidade e deleite, o ano podia ser 1868, mas livro bom é lido em qualquer época e feito para ser lido, “Mulherzinhas” foi bem recebido e ganhou assim sua segunda parte.

Já nesta nova parte, publicada em 1869, vemos mais das irmãs, agora já próximas da idade correta para se casarem e algumas já com pares românticos certos, mas há aqui uma jogada do destino com o bom e velho desencontro: acreditando que Beth está apaixonada por Laurie, Jo nega o pedido de casamento do rapaz – mas não só por isso. Jo tinha consciência de sua vivacidade e do melhor amigo, e que com o passar dos anos o temperamento dos ambos os colocariam colisão. E é assim que Laurie se afasta da família, enquanto Jo parte para New York, indo se tornar professora de uma família amiga de sua mãe, aproveitando para escrever contos para o jornal Weekly Volcano, que tem como editor o Sr. Dashwood (menções a Jane Austen fazem meu coração bater mais forte!) e conhece Friedrich Bhaer, um homem mais velho e também professor. Já Amy segue com a tia March para Paris, que preteriu Jo a mais nova por acreditar que o gênio dela era mais fácil de domar. Enquanto isso, a vida continua na pequena cidade de Concord, no estado de Massachusetts, para o restante da família que continua lá, sem nunca perderem contato com as suas irmãs e filhas que estão fora da cidade, até que um momento trágico chama de volta toda família a casa que cresceram.

Há ainda algo no livro que preciso destacar: a forma como cada capítulo parece ser uma pequena obra em si. Problemas domésticos, desencontros, brigas entre as irmãs, tudo isso exatamente como é a vida, acontece e tem desfecho em capítulos, entrelaçados pela vida das pequenas mulheres que estão crescendo, descobrindo mais sobre si mesmas e como viver em um mundo que parece não querer lhe dar um lugar e que deixa um professor bater em uma aluna sem consequências. Algumas pessoas podem acreditar que o livro é lento e entediante, mas é uma crônica sobre relacionamentos entre irmãs, o poder de amar sua família e a forma como você pode escolher estar lá e colocar sua família antes de você. Vinda de uma casa só de mulheres como sou, eu sou apaixonada por esta obra, já falei e repito isso, e me sinto feliz de saber que existiram mulheres que lutaram para que esta literatura atravessasse os seculos e chegassem até a nossa geração.

O livro entrou novamente em “moda” por causa da sua mais nova adaptação que aqui no Brasil ganhou o título de “Adoráveis Mulheres”, dirigido por Greta Gerwig e com um elenco estrelar: Saoirse Ronan (Jo), Emma Watson (Meg), Florence Pugh (Amy), Eliza Scanlen (Beth), Laura Dern (Marmee), Timothée Chalamet (Laurie), Meryl Streep (Tia March), Louis Garrel (Friedrich Bhaer) e mais estrelas. O filme foi muito bem com a critica especilizada e digo que adapta o livro para as novas gerações: muito ágil e em com idas e vindas no tempo (ao contrário do livro, que corre em ordem cronológica), deixa de lado diversas passagens mas traz em pequenas cenas bastante simbologia que mostra que o livro está presente como material fonte, como a cena que Amy fica mexendo em seu nariz, claramente em descontentamento, como é no livro. Entretanto, justamente para ser mais cinematográfico, o romance entre Jo e Laurie é bastante potencializado, o que me faz entender a frustração de muitas pessoas que não leram a obra e com o desfecho que o livro toma. Seja como for, é uma boa adaptação.

Tudo isso e o contexto do livro é explicado em sua plenitude pelo prefácio escrito por Patti Smith (sim, a cantora!), explicando mais ainda sobre a segunda parte que, por alguns anos, teve outros nomes que a autora definitivamente não aprovaria (chamada erroneamente por editores de “Boas Esposas”, então só posso agradecer terem unificado a obra em um único tomo e terem tirado essa perspectiva de colocar as personagens somente como esposas porque elas são bem mais do que isso). Essa edição que tive o privilegio de ler agora, cedido em eBook pela Companhia das letras, ainda conta com outro prefácio escrito por Elaine Showalter (escritora e crítica literária) me trouxe mais ainda informações e contexto de algo que eu amo, então foi tão enriquecedor que eu só posso recomendar fortemente para todas vocês que também amam essa obra ou querem conhecê-la de forma mais profunda.

“Mulherzinhas” é mencionado em tantos outros livros ao longo destes anos que fica impossível listar todos e até os dias atuais, como em obras badaladas como “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo” (Celia ganhando o Oscar por interpretar uma das irmãs, quem se lembra?), mostrando a força e a imortalidade desta obra, deixando claro o poder das irmãs March em retratar a dinâmica família na época da trama. Se você está ainda procurando uma leitura de verão que seja capaz de aquecer seu coração e encontrar aquele girl power dentro de você, se conectar com seus sentimentos familiares e entender que existem muitos tipos de amores, este livro é para você, que um dia já foi uma mulherzinha – e agora é um mulherão danado.

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O que serve de inspiração para tal leitura? O que nos faz ler um determinado livro? A capa? A sinopse? A hyper? São tantos questionamentos e muitos deles ficam sem respostas.

Talvez uma leitura clássica precise de um incentivo que nós ainda não descobrimos. Mas, ao terminar de ler um livro clássico muitas vezes o sentimento é completamente modificado. Faz com que a gente reavalie até o nosso gosto por determinados gêneros.

Eis então um livro, clássico, interessante, educativo, emocionante e que nunca vai perder a essência da história e da escrita da autora.

"Mulherzinhas" tem várias versões e capas lindas. Serviu de inspiração para o filme "Adoráveis Mulheres" e "Lady Bird" e também é um livro perfeito para se ler na estação do ano que estamos, no verão.

A história das irmãs March, é uma leitura sem idade indicativa definida, sem gênero sexual definido, não importa se você não lê clássicos ou se você está começando a ler clássicos. O importante é ler, é escolher a irmã preferida, é aprender com elas e sair da leitura impressionado e revigorado.

"Mulherzinhas" te ensina a lidar com feminismo sem precisar ser agressivo, a respeitar a opinião e principalmente admirar a garra de mulheres fortes, aventureiras e suas superações.

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Um livro lindo que mostra a resiliência, otimismo, perseverança e que ninguém é perfeito, mas temos a livre escolha de nos tornarmos melhor: Basta querer!

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Mulherzinhas foi um dos clássicos que eu escolhi para ler esse ano e com certeza foi uma das escolhas certeiras: um livro doce, mas que ao mesmo tempo, trouxe muitas lições, me emocionou e me fez sorrir. Essa é apenas a primeira parte da história - sim, é isso mesmo. Aqui vamos conhecer as quatro irmãs: Jo, Beth, Meg e Amy, e cada uma tem a sua personalidade, seus defeitos e qualidades, e vamos, ao longo da narrativa, conhecer a vida delas enquanto o pai foi para a guerra e precisam lidar com o dia-a-dia que está cheio de lições para aprender.

Eu fui sem expectativas, mas com expectativas, dá pra entender? E eu amei. Acredito que foi porque a história superou as minhas expectativas. Vi muitas pessoas falando que falta originalidade por ser uma história de dia-a-dia e mais bucólica, mas eu, particularmente, achei genial a forma que Louisa retratou a época e cada garota, e apesar de ter a minha "mulherzinha" favorita, eu, no final, queria abraçar e ter todas como irmãs. Me apaixonei pelos detalhes, me encantei com a história. E é essa palavra que senti: encantamento.

Em minha opinião, Mulherzinhas é um clássico que deve sim ser lido e apreciado, com calma e observando os detalhes da época, educação, lições de moral e o relacionamento das irmãs, que também evolui, assim como cada uma, a cada página. É delicioso de se ler!

A versão da Penguin ainda conta com uma maravilhosa introdução da obra e da autora que eu estava curiosíssima para ler!

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Estava há muito tempo com vontade de ler este clássico e o terminei antes de ver o filme de 2019, de nome “Adoráveis Mulheres”.

Gostei muito de toda a história! Esta te prende no mundo das irmãs March de modo a não conseguir parar de ler e saber qual será o desfecho de cada uma delas.

Confesso que não consegui gostar da personagem da Amy. Não consegui entendê-la durante a história e nem suas ações, além de não concordar com muitas delas. Talvez por gostar muito da Jo e elas serem de certo modo antagônicas.

A historia de amor de Meg foi a que mais gostei, sua personagem uma das minhas preferidas. Todo seu arco envolveu muito altruísmo, porém, resultou na conquista do objetivo “de vida” que ela tinha, a felicidade.

A personagem da Jo me lembrou de certo modo a Elizabeth Bennet, o que não foi ruim de jeito nenhum! E também gostei do seu final, apesar de não ser o que eu esperava.

Tem muitas cenas tristes e emocionantes, tanto na primeira e segunda parte do livro, porém destaca-se muito o amadurecimento de todas elas e acredito que (quase) todas elas tiveram um final certeiro.

*Obrigada Companhia das letras pela cópia.

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Essa foi uma releitura, li o livro quando era criança, num edição para jovens da Abril. A edição da Penguin/Companhia está excelente, a tradução é muito boa. A história não ficou datada, no geral, é muito atual; por que o dia a dia das mulheres não pode ser importante? Por que coisas de "mulherzinhas" são menores? Não são! Ao escrever sobre isso, Alcott coloca o foco nessa questão, mostrando que histórias de mulheres são profundas e cheias de aprendizados, como qualquer história bem contada. Apesar de algumas questões que me incomodam, como a glorificação do trabalho como edificante, e mesmo algumas coisas que hoje, numa leitura anacrônica, podem ser ligeiramente "machistas", o livro é muito bonito.
Os relacionamentos são muito bem-construídos e gosto da quebra de expectativas quanto ao que seria o "casal principal", mesmo que seja meio dolorido como leitora. Mulherzinhas é um livro que segue importante.

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Mulherzinhas, livro que deu origem ao filme Adoráveis Mulheres — e a várias outras adaptações —, com Emma Watson e Saoirse Ronan, é um clássico escrito por Louisa May Alcott, publicado pela primeira vez em 1868. É considerado como uma semi-biografia da própria autora. Quanto ao enredo, não há nada de excepcional, já que conta a história de quatro irmãs, Meg, Jo, Beth e Amy, que dividem a casa e a vida com a mãe e a cozinheira Hannah enquanto aguardam o pai retornar da Guerra Civil Americana.

Não há, de fato, acontecimentos marcantes, apenas o dia a dia dessas mulheres que eram de família rica mas, por um infortúnio do destino, perderam tudo e ficaram "pobres". Nesse ponto já digo que, apesar de entender como viviam e como vivem durante a narrativa, não consigo aceitar que ela era extremamente pobre como algumas das irmãs insistiam em lamuriar. Passavam por dificuldades? Sim, mas a ponto de ficarem o tempo todo reclamando do quanto eram pobres e não podiam ter as coisas, porque não era bem assim.

Outro aspecto que toma conta da obra é a religião, que tem um papel enorme na vida das meninas. Por exemplo, tudo é dividido entre bem e mal, certo e errado. Se você pecasse de alguma forma, pagaria por isso, da mesma forma que seria recompensado se seguisse por um caminho justo. Então, sempre que as meninas achavam que estavam desviando desse caminho perfeito, pediam conselho à amável mãezinha, que sempre dava alguma lição de moral. Isso fazia que a personagem Jo vivesse eternamente em conflito, já que era a irmã de personalidade forte que odiava seguir regras.

E por falar nas irmãs, cada uma tem sua personalidade e uma característica que a faz única. Meg, a mais velha, é a mocinha recatada, dotada de boas maneiras, a esposinha perfeita; Jo é aventureira e sonha em ser escritora, vai totalmente contra a sociedade, já que sua última prioridade é o casamento; Beth é a irmã pacificadora, por assim dizer, vive única e exclusivamente para o lar e é extremamente tímida; Amy é a que possui alma de artista, sonha em voltar a ser rica e é extremamente vaidosa. Lembram quando eu disse que duas das irmãs nunca cansavam de reclamar da situação financeira em que se encontravam? Pois é, Amy e Meg, rs.

Como vocês puderam perceber, existe um tom sexista na obra de May Alcott, principalmente porque ela deixa claro o tempo inteiro que o casamento e a maternidade são o ponto alto da vida de uma mulher — por isso Jo é sempre retratada como a irmã atrevida. Vejo muitas pessoas apontando isso, mas vejam bem... O que esperar de um livro escrito em 1868? Inclusive, gosto de frisar que as meninas March tinham tanta liberdade — elas trabalhavam, tinham amigos homens... — que acredito que, em um primeiro momento, Mulherzinhas deve ter sido metralhado pela crítica. Não dá para negar que esse livro deve ter mudado a vida de muitas jovens naquela época.

A edição que eu li, da Penguin Companhia, possui as partes I e II. Na parte I acompanhamos o crescimento das meninas, enquanto a parte II foca na vida delas como adultas e, consequentemente, como esposas. Gosto de dizer que essa segunda parte foi um delírio coletivo e que nunca existiu, de tão ruim e desnecessária. Na minha concepção ela não se encaixa na parte I, que apesar de morna, é muito fofa. Não gostei dos desfechos de Jo e Amy, foi tão forçado que os últimos dez capítulos foram um sacrilégio para mim. Falando nisso, se vocês estiverem em busca de algum romance apaixonante, é melhor procurar outra obra para ler...

De forma geral, Mulherzinhas não é um livro ruim. É bem parado, não existe reviravolta na vida das meninas, mas a escrita de May Alcott é bem cativante. Se vocês gostarem de narrativas no estilo Anne de Green Gables e Polyanna, com certeza serão fisgados na primeira página. Porém, o meu conselho de amiga é não irem com sede ao pote, principalmente na parte II — pode ser cruel da minha parte falar, mas se puderem, fiquem apenas com a parte I, que é realmente mais tocante e não estraga a construção da melhor personagem do livro, a Jo.

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