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Não pararei de gritar

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As Poesias de Assumpção são histórias de carne e osso.. Em suas poesias Carlos fala sobre as vivências do povo negro, seu sofrimento durante a escravidão, e os resquícios desse período, hoje denominado racismo seja ele estrutural, cultural, institucional e etc. Fala sobre a vivência da criança que sofre bullying e racismo por sua pele e cabelo, assim como do jovem da favela que morre levado pelo racismo e violência.

Poesia é política e luta.. Em suas poesias mais atuais, Carlos Assumpção encontrou espaço e meio para lutar, cobrar e não deixar esquecer a pergunta que assola o povo brasileiro atualmente ''quem mandou matar Marielle Franco?''

Continuação dos post em: http://bardaliteraria.blogspot.com/2020/06/04-motivos-para-ler-nao-pararei-de_29.html

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Não Pararei de Gritar é uma espécie de antologia, que reúne os poemas escritos por Carlos de Assumpção, desde os escritos em 1982 e publicados em seu primeiro livro, até outros recentes, escritos em 2018 e 2019. Seus versos de protesto dizem muito sobre a realidade racista do Brasil, de forma clara, e aberta, resgatando a força e a história de uma população que sofreu e sofre com a violência e o silenciamento todos os dias.

Carlos de Assumpção é descendente de pessoas escravizadas e ouviu de seu avô, que nasceu ainda no período imperial, sobre a luta dos negros por sua libertação, podendo contrapor o que os livros de História contam com a realidade vivida por seus antepassados, preenchendo assim as lacunas e espalhando a outra versão (a que não quiseram escrever nos livros didáticos) com sua poesia.

O poeta tem uma linguagem fluida, rítmica e bela, e uma produção extremamente relevante, por denunciar a realidade de uma população marginalizada. Enquanto lia seus poemas, me questionava sobre o motivo de não saber nada antes sobre o poeta, mas a resposta se mostra bem clara: os holofotes não são dados tão facilmente àqueles de pele negra e mesmo quando eles conseguem se destacar, há uma tentativa de embranquecê-los (são tantos os exemplos, mas para listar apenas dois: Machado de Assis e Maria Firmina dos Reis).

O fato de a poesia tão bela, tão necessária e tão arrebatadora de Carlos de Assumpção, que se encontra no alto de seus 93 anos, não ser tão conhecida, diz muito sobre a nossa sociedade. E mesmo que ele não pare de gritar, é necessário que nos disponhamos a ouvir.

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Ao longo dos poemas de Não Pararei de Gritar vamos fazer um passeio histórico-cultural e emocional sobre a vinda, a vida e a permanência dos negros nas terras brasileiras.

Em todas as produções observamos e sentimos a militância, a crítica ao preconceito enraizado e estrutural do Brasil, a busca e tentativa de recuperar a identidade e o orgulho negro.

Não é nenhuma novidade o quanto gosto de poesia, então quando vi a oportunidade de ler Não Pararei de Gritar aproveitei sem pensar duas vezes, mal sabia o quanto iria ficar dolorida, emocionada, angustiada e até sentir na pele o que Carlos Assumpção escreveu.

O autor consegue, com maestria, transmitir através de suas poesias a dor, o medo, a angústia, a revolta as injustiça, a esperança, o orgulho e a identidade no negro.

As poesias de Assumpção não apenas sensibilizam, mas comovem e trazem reflexões importantíssimas sobre a história e escravidão do negro brasileiro, além do mais, é a visão de tudo o que ocorreu pelas palavras e sentimentos de alguém que está em seu lugar de fala e que tem propriedade para escrever o que escreveu.

Particularmente, cada poema que está em Não Pararei de Gritar me doeu, revirou meu estômago, me causou incômodo. Como nossos antepassados, brancos, permitiram que os nossos antepassados, negros, sofressem o que sofreram? Como foram eles próprios que infringiram essa dor aos negros? Fico revoltada, fico triste... Fico sem palavras... Sinto apenas uma vergonha profunda por essa mácula em nossa história.

O trágico é que ainda hoje reproduzimos o racismo e os preconceitos oriundos dessa época, mas podemos mudar e mudamos toda vez que damos voz a um negro e, sobretudo, a escutamos como fazemos ao ler Não Pararei de Gritar. Então SUPER RECOMENDO!

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São poemas simples, acessíveis e extremamente fortes, políticos e tocantes. Há uma musicalidade tão linda na poesia de Assumpção que, lendo em voz alta, percebemos que são mesmo poemas para serem declamados, para serem utilizados como forma de protesto. “Protesto”, aliás, foi meu poema preferido, mas há muitos outros que valem a pena ser lidos nessa reunião de poemas. A resenha completa sairá em breve no meu Instagram (@naneandherbooks).

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