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Corpos secos

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⠀⠀"Sempre pensei que o mundo fosse acabar. [...] Mas nunca me ocorreu que o que acabaria seria a humanidade, essa praga. Era tão óbvio. O planeta continua. O planeta é maravilhoso, inteligente, vai se recuperar muito bem."
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀Olá, leitores!
⠀⠀Hoje vamos apresentar para vocês mais detalhes do livro escrito por Luisa Geisler, Marcelo Ferroni, Natalia Borges Polesso e Samir Machado de Machado.
⠀⠀O livro é nada mais, nada menos que o vencedor do Prêmio Jabuti na categoria "Romance de Entretenimento".
⠀⠀Escrito em conjunto por quatro autores, "Corpos secos" não é só um thriller, nem um romance-catástrofe. É uma narrativa sobre os limites da maldade humana, e as chances de redenção em meio ao caos.
⠀⠀Lançado em 2020, a obra tem 192 páginas e foi lançada pela Editora Alfaguara. Aviso de gatilhos: O livro tem cenas de violência e abuso.
⠀⠀Para quem curte literatura nacional, que tal ler esse livro vencedor do Prêmio Jabuti!?

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Interessante, essa ficção distópica brasileira escrita a muitas mãos tem uma narrativa de fôlego e entendo por que fez tanto sucesso. O final é muito bom e o único possível para essa história, mas algumas partes do meio do livro são um pouco cansativas e alguns núcleos são muito mais interessantes do que outros, o que é normal nesse tipo de narrativa.

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▪️𝑈𝑚𝑎 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑝𝑒𝑐𝑢𝑙𝑖𝑎𝑟...

Estamos num Brasil infestado por uma doença altamente contagiosa, onde o governo não existe e as pessoas tentam do jeito que é possível fugir para um lugar seguro.

Até que parece com a realidade né? Mas é ficção nacional. Livro escrito a quatro mãos e que traz um Brasil pós apocalíptico, com zumbis (que eu nem tenho costume de ler sobre), e quatro personagens que vão narrando separadamente as suas jornadas.

Achei muito interessante o fato do livro ter sido escrito antes da pandemia e parecer tanto com o que vivemos por aqui.

A trajetória de cada um vai sendo narrada, e mais do que um livro sobre zumbis e uma peste que assola o país, temos a vontade desesperada pela sobrevivência, os temores de cada um e embora tenha partes bem pesadas, também temos momentos leves e fluidez na leitura.

Gostaria que o final fosse mais completo, explicasse mais, trouxesse os detalhes que acalmam e aquecem a alma, fora isso, foi uma ótima leitura.

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Quando um livro nos chama atenção por sua sinopse, parece que o amor surge imediatamente enquanto você ainda a lê. É assim comigo e, definitivamente, deve ser assim com outros leitores também – e foi bem assim mesmo que “Corpos Secos” me atingiu. Me comprometi em ler mais livros nacionais e soube que queria ler este livro assim que li a sinopse, e ainda participando do Festival Na Janela de Ficção da Companhia das Letras e assistindo a mesa da autora Luisa Geisler, tive mais certeza ainda. E olha só: fiz muito, muito bem ao lê-lo.

Li o livro completo em uma única tarde. Com sua narrativa acelerada e direta, toda estória se desenvolve de uma forma bastante simples. Não há demora para sermos introduzidos e jogados no meio a um cenário onde está acontecendo um verdadeiro apocalipse aqui no Brasil, e, como vocês podem imaginar, está tudo ruindo. É intenso, é angustiante, é nervoso e é bastante direto: “Corpos Secos” entrega exatamente o que promete.

Como vocês podem ler na sinopse, o livro é escrito à 8 mãos: os 4 autores se dividem, cada um ficando responsável por um pequeno núcleo de personagens na narrativa. Mateus é o primeiro ponto de vista do livro e se encontra em São Paulo, internado em um hospital por meses depois de ser infectado pelo vírus que provoca os corpos secos e não apresentar sintomas – sim, Mateus aparentemente é imune ao que está acontecendo e são seus anticorpos que precisam ser estudados para tentar se levar a salvação de todos. Logo aprendemos um pouco mais sobre ele, descobrimos que ele está tendo um romance com um policial federal que está lá para cuidar de sua segurança e que parte de sua família sucumbiu aos corpos secos: sua mãe faleceu 2 anos antes, mas seu irmão, esposa e sobrinhos foram levados pelos mortos, sendo que ele ainda tem outro meio-irmão, Murilo. Logo o hospital no qual Mateus está internado começa a sofrer uma espécie de ataque com um carro de som com uma voz que pede para Mateus sair do lugar, o que o assusta profundamente (como a pessoa poderia saber seu nome?), mas, além disso, a pessoa dentro do carro blindado parece conseguir, de alguma forma, “comandar” os corpos secos, o que faz com o que tanto Murilo, quanto o grupo de médicos pesquisadores e policiais, tenha de deixar o hospital para um lugar seguro, o qual falarei mais adiante. E assim começamos a viajar com este grupo.

Também somos apresentados a Murilo, o irmão de Mateus. Ainda criança, Murilo realmente não entende o que está acontecendo no começo. Morando na base militar em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, com sua mãe, padrasto e duas meias-irmãs, o garotinho ficou de cuidar do peixe do irmão e mantêm essa promessa por toda narrativa. Sei que muitos podem ficar confuso do motivo de ter uma narração de criança no meio de um apocalipse, mas, a medida que vamos lendo a transformação de Murilo de uma criança inocente em uma criança que viu de perto a morte e coisas que jamais deveria ver, vamos entendendo o peso de seu ponto de vista, a confusão, a dor, a jornada de viajar de sua cidade original até o ponto seguro que todos estão indo e, principalmente, o apego – e é isso que um autor quer, que a gente se apegue aos personagens e sofra por eles, não é? Então pronto, objetivo alcançado.

(continua no site)

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Não consegui seguir lendo. Achei um pouco repetitivo e pouco original. O tema já foi muito explorado e os autores tratam como se fosse alvo novo e totalmente inesperado. Os contos não serem interligados e serem com escritas tão diferentes também não me agradou. Esperava mais.

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Em períodos de crise, quem não para e pensa no apocalipse? Quem não conhece séries ou livros que falam que, nesse momento, os mortos passarão a caminhar entre os vivos? Quantas especulações já tiramos a respeito do fim do mundo? Ou, então, fizemos uma aposta para saber quem dura mais tempo (ou menos)?
Corpos Secos, definitivamente, é uma obra nacional que brinca – e muito – com nossos sentidos quanto a esses momentos que vivemos, levando-nos a conhecer esse cenário apocalíptico, dessa vez, no Brasil. Os quatro autores utilizam uma criatura que conhecemos da ficção científica e do terror: o zumbi.
A palavra zumbi, para quem não sabe, é de origem africana, mais específica e provavelmente, de origem bantu. Em quicongo – representado como nzambi –, por exemplo, significa “espírito de um morto”. Tal como a palavra zumbi e sua origem lendária, a expressão corpo seco também é.
Os autores preferem retirar o termo zumbi e colocar “corpo seco”, sendo essa uma clara referência ao Câmara Cascudo e seu incrível trabalho de coletar a literatura oral brasileira. De acordo com o autor, em Geografia dos mitos brasileiros, o corpo-seco é aquele cuja terra expele, já que nem Deus e nem o Diabo querem o defunto. Além disso, é uma tradição vista em parte do Sudeste (Minas Gerais e São Paulo), parte do Sul (Paraná e Santa Catarina) e do Nordeste.

Sendo assim, a obra finca os seus dois pés nacionalistas no cenário literário, fazendo críticas ao governo e ao meio que utiliza para lidar com a produção alimentícia. Outra curiosidade, para quem não sabe também, é que o governo liberou diversos agrotóxicos para serem utilizados pelos agricultores que são proibidos, por exemplo, na União Europeia por serem considerados nocivos.

Dessa maneira, Corpos Secos encabeça uma ficção científica distópica com um cenário já existente em certa medida: há um vírus se espalhando; uma produção alimentícia afetada pelo uso de agrotóxicos nocivos (não que, na vida real, estejam conectados); além de problemas de gestão e controle governamentais. Tudo isso é real e, ao mesmo tempo, parte de uma ficção de autores que tentam levar a vida cotidiana ao apocalipse zombie americano.

Inclusive, pode-se destacar que o cenário americano influencia bastante na ideia de corpo-seco elaborado pelos autores, bem como na própria condução do romance. Aliás, há referências claras, até mesmo no nome da própria doença “Matheson-França”, já que Richard Matheson é o autor de Eu sou a Lenda, livro escrito em 1954 e adaptado mais de uma vez para o cinema.

Ainda que tenha uma bagagem cultural fantástica, uma crítica muito bem acertada e um cenário plausível, Corpos Secos é uma obra que não convence. Infelizmente. É um tanto difícil dizer isso, justamente porque há aspectos muito positivos, como: a verdadeira representatividade; o desenvolvimento crítico do homem versus homem e homem versus natura; a elaboração de uma ficção científica em território nacional que não explora somente o Sudeste; tanto pautas quanto críticas contundentes; relações verossímeis com a realidade cotidiana etc.

No entanto, quatro autores com pontos de vista narrativos diferentes foi um problema: eles não conseguiram concordar nem em pessoa e nem em tempo verbal no decorrer da trama. Assim, a diferença entre os personagens não recai em suas características singulares, mas a maneira que cada um escreve. Por vezes, eu me vi incomodada com o tempo verbal futuro inexistente na história de Murilo; ou na oscilação de primeira pessoa de Constância para terceira de Mateus. Corpos Secos é uma história que tinha o intuito de ser um thriller, cujo gênero requer uma leitura fluida e curiosa por parte do leitor a todo instante ou em boa parte do tempo, na tentativa de saber onde cada um vai parar ou o que vai acontecer, mas a trama perde completamente essa característica.

Todos os autores possuem uma escrita boa, contudo, os diferentes ritmos da narrativa empacam o leitor na hora da leitura. Sem contar o fato de que há alguns personagens-narradores que não convencem. Para exemplificar, a narração de Murilo poderia ter sido em terceira pessoa, já que o personagem – por mais que tenha os dramas infantilizados coerentes – não consegue convencer que é uma criança em momento nenhum (a linguagem não muda porque ele faz coisas de adulto).

Além disso, é compreensível que, para os autores, as relações humanas passam a ser mais importantes do que o que ocorre no cenário apocalíptico como um todo, só que isso também não funciona, já que uma história realmente bem elaborada consegue fazer os dois sem se limitar a um.

Outros problemas são: (1) nós não temos explicações sobre o que ocorre fora do Brasil, nem sobre o princípio da doença – em uma narrativa que se acusa como thriller isso é necessário. (2) Também temos diversos elementos mal aproveitados, como o Padre dos Mortos, o conhecimento científico de Constância ou o conhecimento dos cientistas que acompanham Mateus. (3) Existem cenas exageradas e hollywoodianas em demasia na trama de Regina, a qual – entre todas – foi a melhor e menos frustrante; na mesma medida, Mateus parece ser mais capaz de pensar do que um militar de alta patente de forma totalmente incoerente. (4) O final é aberto e confuso, de tal forma que só se corrige com uma continuação.

Para concluir, a única ideia que me vem a cabeça é que os autores foram apressados para entregar o livro pronto antes mesmo de debaterem todas as suas ideias a respeito do conteúdo a ser inserido. É uma obra que tinha muito potencial, justamente por ser extremamente contemporâneo e com uma acidez na medida certa, mas que não consegue cumprir nenhuma expectativa e deixa o leitor frustrado. É uma trama que, caso tenha continuação, estou ansiosa para ver as correções (muitas e necessárias).

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"Corpos secos" segue sendo uma leitura instigante que nos convida a refletir a nossa sociedade e a nós mesmos frente aos desafios mais assustadores. Um livro que vale a pena conhecer.

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Em um Brasil de um futuro não muito distante, algumas pessoas passaram a sofrer de um mal muito estranho que as consumia em pouco tempo e as transformava em zumbis. Ganharam o nome de corpos secos, ou sequinhos, já que o brasileiro não tem limites nem em uma distopia. E nesse desespero apocalíptico, passamos a acompanhar quatro núcleos, representados por: Mateus, o cara que foi contaminado, mas não desenvolveu a condição, tornando-o foco de uma pesquisa médica; Murilo, irmão de Mateus, que, no entanto, está bem longe do irmão; Constância e Conrado, os gêmeos; e Regina, a madame.

Acompanhar o desenvolvimento das jornadas de cada um é angustiante. As comunicações estão cortadas, o Governo praticamente não existe mais e a única mensagem veiculada, nos raros momentos em que se capta uma onda de rádio, é que todos devem ir para as ilhas brasileiras, e todas as nossas personagens estão se dirigindo a Florianópolis. No caminho, eles vão experienciando perdas, amadurecimento, choques de realidade, o saber-se importante ou desimportante, capaz de fazer muito ou incapaz de agir.

Ter tantas vozes e tantas perspectivas na mesma história deixou tudo muito mais interessante. Fiquei confusa, confesso, com as passagens narradas por Murilo, a criança entre os protagonistas, pela forma como sua cabecinha funcionava, mas também chorei um bocado com o que ele passou. Revoltei-me e vibrei com a história de Regina (o que foi aquele final?) e com seu desenvolvimento como personagem. Chorei demais com Constância e Conrado e (gente!) como admirei esses dois! E Mateus que me desculpe, mas as mulheres que o acompanharam é que brilharam de verdade para mim!

Para aqueles que estão mais habituados à ficção científica e mesmo ao terror, podem pegar muito mais referências do que eu, pois percebi que o livro está cheio delas, embora eu não conseguisse identificá-las, por falta de bagagem minha nesses gêneros. Ainda assim, consegui fazer uma correlação com a famosa série (de quadrinhos e televisiva) The Walking Dead, que meu marido assistiu e eu acabei vendo um episódio ou outro: o maior problema, talvez, não sejam os zumbis, mas as pessoas vivas mesmo, o que nos faz questionar quem são realmente os monstros da história.

Mas, algo que eu consegui sim pescar, foram algumas referências geográficas e culturais, que é uma das vantagens de um livro nacional. As andanças de nossas personagens se dá pelas estradas e cidades brasileiras. Então, quem conhece um pouquinho da nossa geografia vai se divertir analisando as regiões por onde eles passam. Isso foi ressaltado pelo meu cunhado quando conversamos, (ele leu o livro por indicação minha - momento fofura!), que disse conhecer bem algumas das regiões citadas no livro.

Outro ponto importante é que o livro inova em vários aspectos, fugindo dos clichês de zumbis, como a forma que eles contaminam as pessoas, que eu não vou contar para vocês, para deixá-los curiosos...

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Primeira coisa que vocês têm que tem em mente para ler esse livro é: tensão do começo ao fim!!! Talvez seja o momento que estamos passando que por coincidência ou não, se iguala muito com a história, tornou a leitura não tão fluida, mesmo ela tendo uma pegada rápida em relação aos acontecimentos.

Ao contrário do que muitos podem pensar, esse livro não é de contos. Na verdade, tenho uma enorme admiração pelo desafio que esses quatro autores resolveram se arriscar, cada um escreve um capitulo, com um personagem diferente, que não se conhecem mais no desenrolar acabam se conectando.

Copos Secos é uma distopia zumbi Brasileira. Particularmente, sou muito fã de universos distópicos, é impressionante as várias referências que esse livro tem da nossa atualidade, como se o livro fosse uma coluna do jornal que abrisse de uma crônica do dia em que estamos vivendo compreendendo como a humanidade é previsível.

O Brasil da história está assolado por essa epidemia e de primeiro momento não sabemos exatamente o que aconteceu, só que as pessoas se tornaram literalmente copos secos, sem vidas, elas vão secando e aos poucos brotando cogumelos no corpo, algumas horas depois elas explodem, porém, quando isso acontece, elas infectam outras pessoas, seja pelos respingos ou pelo contagio no ar. Nessa transformação, entre os cogumelos e a explosão elas ficam violentas, chamado de estágio feral, momento em que se alimentam de sangue.

Durante a narrativa vamos tendo algumas pistas de como essa epidemia se desenvolveu, algo haver com alguns agrotóxicos liberados sem estudos (não foi esses dias mesmo que algo assim aconteceu?)

“Não podia ser verdade que àquela altura do campeonato, mesmo que de várzea, no caso do Brasil, uma doença, uma praga, um fungo desconhecido tivesse assolado o país. Daria pra dizer “era só o que faltava”, mas não faltava.”

Como citei antes, juntar quatro pontos de vista diferentes em uma história e fazer ficar fluida não é fácil, são escritas e pensamentos diferentes. Acredito que isso fez com que alguns pontos ficassem soltos, sem fechamento. No segundo capitulo, somos apresentados ao Murilo uma criança que está fugindo com os pais, entretanto não sinto isso na sua fala, a inocência dele parece fingida e não realmente de uma criança.

O livro não funcionou para mim, mas adorei a oportunidade de ler, de sentir a tensão e de fazer uma análise de como nós seres humanos, somos tão egoístas que se torna previsíveis as nossas atitudes e como o governo pode influenciar a nossa vida e depois nos deixar na mão.

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SOBRE O LIVRO

Quatro vozes narrativas, um só cenário apocalíptico: uma epidemia, que transforma os afetados, literalmente, em corpos secos sedentos por sangue. Seis meses depois do início dessa epidemia, seguiremos a jornada de quatro dos poucos sobreviventes em busca por segurança, nem que seja momentânea.

“No princípio era o caos e a urgência; vieram então as semanas do medo, mergulhando aos poucos num silêncio moribundo; reina agora a paz da cidade morta”.

Todo esse tempo depois do seu início, será que alguma parte do nosso país resistiu à epidemia? Há esperança? Ou assistiremos esses personagens simplesmente caminharem longa e tragicamente para suas mortes?

MINHA OPINIÃO

Como confirmaram a editora e os autores em diversas entrevistas, embora o livro tenha sido lançado nos últimos meses, já estava pronto bem antes da atual pandemia tomar conta do mundo e, em especial, do nosso país. Porém, é impossível não relacionar os dois e pensar, durante a leitura, que as reações imaginadas pelos autores diante de uma epidemia fictícia não são muito diferentes do que temos observado na pandemia bem real pela qual estamos passando.

“Na escola, diziam que mais de dez mil pessoas já tinham morrido. Depois alguém dizia que mil pessoas morrem de gripe todo ano no Brasil e ninguém fica surtando por isso”.

Desse modo, não faltam elementos no livro que nos fazem pensar sobre o momento exato que estamos vivendo. Entre referências mais óbvias, como ao “mito” e a existência de um Pastor dos Mortos, que parece ser capaz de conduzir de algum modo os corpos, encontraremos outras referências menos óbvias, tanto ao nosso governo quanto a nossa sociedade de modo geral.

Os quatro protagonistas dessa história, Regina, Murilo, Constância e Mateus, estão em diferentes partes do país no início dessa história, e é muito interessante observar como as nossas cidades vão se tornando personagens também, assim como as particularidades de cada região retratada.


Embora possa ser tratado, em geral, como um thriller ou um romance de apocalipse zumbi, os autores se recusam a deixar-se fixar em uma caixinha. Eles tomam formatos tão fortemente marcados por suas referências estrangeiras e os tornam totalmente brasileiros, sem recaírem em clichês típicos desse gênero.

Isso acontece, principalmente, porque os autores escolhem focar no comportamento dos personagens, todos majoritariamente falhos, diante de uma situação extrema. É exatamente por isso, inclusive, que esse livro se torna tão forte: ele não é sobre os corpos secos; ele é sobre até onde somos capazes de ir para não nos tornarmos um.

“Se não acabar, a gente acaba. Alguma coisa vai acabar”.

Alguma nível de humanidade de fato acaba dentro das pessoas retratadas nessa história e, conforme nos vemos envolvidos por ela, passa a ser difícil para nós julgá-los, mesmo nas atitudes que antes nos pareceriam equivocadas. É uma leitura muito surpreendente, e talvez não pelos motivos que você imaginaria.
Mas é preciso fazer um alerta aos fãs de finais conclusivos: não é isso que esse livro te dará. Recebemos mais informações sobre a epidemia ao longo da narrativa, mas elas só vão até certo ponto. O final é extremamente aberto e, talvez por se tratar de uma obra com menos de duzentas páginas, ficamos com um gostinho de quero mais. Mesmo assim, é um livro que eu vejo facilmente conquistando muitos corações.

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Corpos Secos, aposta da Alfaguara, foi escrito por quatro autores brasileiros: Luisa Geisler, Marcelo Ferroni, Natalia Borges Polesso e Samir Machado de Machado.⁣

Fiquem bem na dúvida se leria esse livro, por já ter tido duas experiências bem ruins de leitura com obras da Luisa Geisler, mas duas coisas me convenceram: o fato da Natalia Polesso estar no meio e a atualidade da temática do livro que, vejam só, apresenta o Brasil em um estado pós-apocalíptico, totalmente desgovernado (rs) e assolado por corpos secos, pessoas infectadas por um vírus que chegou com o uso irresponsável de fortes agrotóxicos, transformadas em um tipo de zumbi e, como essas criaturas, sedentas por sangue. A doença já matou grande parte da população, e o que se vê nas ruas é o caos.⁣

Quatro protagonistas, cada qual com seu ponto de vista, são sobreviventes que estão na estrada em busca de um local seguro. Mateus, um jovem aparente imune à dornça que está sendo estudado; Murilo, uma criança que foge com a família quando o local onde moravam foi atacado; Constância (ponto de vista que menos gostei), que foge sem rumo com o irmão gêmeo; e Regina, que corre da rica fazenda em que morava quando esta é atacada pelos corpos secos.⁣

O ponto positivo dessa obra é mostrar como as pessoas podem mudar - e mudam - no meio de cenários apavorantes. Alguns descobrem uma enorme força interior; outros mudam também, mas para pior. Corrupção, roubos, estupros, sequestros entre outras barbaridades continuam tendo lugar nesse Brasil pós-apocalíptico, que chegou onde chegou porque as pessoas não respeitaram as regras de segurança e, num primeiro momento, acreditaram que aquilo não ia dar em nada…⁣

O livro tem potencial para ser um thriller realmente ótimo, e nos primeiros capítulos pensei que realmente fosse seguir esse caminho. Mas os personagens não me convenceram, e só o ponto de vista da criança me interessou. Alguns capítulos foram uma sucessão de erros, e até as cenas finais que me fisgaram acabam de uma forma que olha, não convence. Não traz respostas, perde o ritmo muitas vezes….
Eu queria muito gostar do livro. Não funcionou para mim, mas pode funcionar pra você.⁣

Fiquem atentos aos gatilhos!

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Em tempos de pandemia, um excelente livro nacional sobre um apocalipse zumbi - uma das minhas temáticas favoritas. Escrito a oito mãos, Corpos Secos superou as minhas expectativas. Gostei bastante de como a história se desenrola, de todos os questionamentos em suspenso e de como os autores trabalharam bem em conjunto. Fica, também, bem evidente a identidade literária de cada um, porque eu consegui identificar bem o estilo dos autores durante a leitura.

Um destaque especial para as cenas em Paraty, que consegui visualizar como se estivesse no meio, e também o Murilo - todo o desenvolvimento do personagem é muito bom. Adorei.

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Corpos secos é um romance nacional escrito por Luisa Geisler, Marcelo Ferroni, Natalia Borges Polesso e Samir Machado de Machado que contam a história de Murilo, Mateus, Constância e Regina simultaneamente em meio a uma epidemia.

Uma das coisas que mais me encantaram no livro foi as referências brasileiras, comentários completamente sem noção que só faz sentido por aqui, e pior ainda, real, até na literatura a população desacredita da tevê e insiste que o problema é passageiro ou culpa dos governos anteriores.

A narração é feita por pessoas muito diferentes uma das outras, é perceptível ao decorrer do livro a mudança drástica que Murilo e Regina sofrem. Mateus sendo a meu ver o “protagonista” é o que menos faz esse papel, no início conhecemos ele sendo o portador do vírus, porém assintomático, através dele poderiam desenvolver uma possível cura. Mas, não foi desenvolvido muita coisa, o que vemos é uma trajetória e não uma solução eficaz. Murilo, inicialmente, uma criança, narra o seu amadurecimento difícil em meio uma epidemia, porém a forma como foi escrita acabou não sendo a melhor, muitos fatos foram passados corridos e me deixaram confusa sem entender exatamente o que tinha acontecido.

O vírus dos Corpos Secos não tem o seu surgimento comprovado, mas alegam vir dos agrotóxicos, amei isso, visto que somos um dos países que mais aprovam agrotóxicos extremamente tóxicos.

Durante a leitura não podemos não perceber o quão real é — tirando o fato que os corpos secos agem como zumbis — tudo que ali foi tratado e da maneira que foi tratada poderia estar acontecendo hoje em dia, especialmente por esse período em específico que estamos todos isolados por conta do coronavírus.

É um livro em certas partes, cruel, difícil de ler, possui diversos gatilhos e de nenhuma forma eu recomendaria nesse exato momento — por conta do coronavírus — as coisas ali tratadas podem vir a despertar sentimentos que talvez não seja a intenção da obra.

Meu único desapontamento fica por conta do final, que, não teve nenhuma conclusão. O que aconteceu depois que os personagens embarcaram? Os pais de constância e Conrado? O que houve com o Conrado? Florianópolis era de fato seguro? São muitas perguntas que não tiveram respostas.

Ou seja, Corpos Secos é um livro com potencial mas que de alguma forma poderia ter sido melhor, posteriormente posso vir a recomendar, mas, sem grandes expectativas.

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um livro realmente incrivel!
situação que estamos vivendo atualmente pode muito bem ser descrita como o que antecede ao que acontece nesse livro e, mesmo sendo muito terrivel, sinto que faz parte da humanidade que ela mesma se destrua.
Adorei as narrativas e comi esse livro, literalmente. Fantastico, realmente!

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o livro é incrível, os autores brincam com política em forma de distopia, ironizam personagens caricatos e reais do nosso sistema político de modo informativo e relacionado a obra, já quero o segundo volume.

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Coincidência, ou não, logo após a pandemia da COVID-19 chegar ao Brasil a Companhia das Letras lançou um livro sobre um Brasil devastado após uma epidemia de zumbis (usando o termo popular). Essa história vem bem a calhar em tempos de quarentena, mesmo que os motivos e a doença seja diferente da que estamos vivendo.

O livro é escrito em parceria de quatro autores e nos trás capítulos intercalados com personagens diferentes, portanto vivendo situações diferentes da mesma epidemia. Eu gostei muito dessa abordagem, pois foi possível preservar a identidade de cada autor sem comprometer a história caso fosse de somente um único personagem. Claro que aqui há uma suposição de que cada autor teve a responsabilidade de dar vida a cada personagem ali retratado, ao invés de escrever para todos. De qualquer maneira gosto de pensar assim para não tirar a minha impressão da obra.

Alguns personagens foram bem retratados e o meu favorito foi Murilo, uma criança que prometeu ao irmão que cuidaria de seu peixe e se viu na obrigação de cumprir essa promessa quando sua família sai da base militar em que vivem para ir atrás da promessa de segurança em Florianópolis. A idade de Murilo não foi revelada na trama, mas em casa momento eu achava que ele tinha uma idade diferente e em certo ponto de sua história nem ele mesmo se vê como uma criança, já que acaba fazendo coisas de adultos, vendo coisas de adultos e tendo que agir como um adulto para a segurança de todos; Mas ao mesmo tempo ele não quer perder a sua identidade infantil e se relembra de que é apenas uma criança. A história de Murilo se relaciona diretamente com a de Matheus, seu irmão mais velho que vive em São Paulo e descobriu que, até então, é a única pessoa imune ao vírus e vem sendo estudado por pesquisadores e médicos na procura de uma cura. Matheus, ao meu ver, passou a ver a vida e até as pessoas, como insignificantes após um tempo preso no laboratório e tendo que lidar com a morte eminente de toda a população brasileira e acabei chegando a essa conclusão após um personagem que deveria ser importante para ele acabar morrendo e ele nem ao menos sentir essa morto, ele simplesmente aceita como sendo normal diante da situação em que ele está vivendo.

Além de Murilo e Matheus há mais duas personagens narradas na obra, mas que na minha percepção acabaram perdendo o brilho por causa do plot forte que teve dos dois irmãos. Apesar de Regina passar por péssimas situações, e pior ainda, situações que são totalmente possíveis em uma epidemia ou não, pouco entendi a respeito dessa personagem; Assim como Constância que não tinha muito senso de responsabilidade em alguns momentos. Mesmo com essa minha impressão das duas personagens eu ainda entendi o papel delas na obra e admirei a força e coragem que levaram as duas para o final escolhido pelos autores.

E por falar em final eu ainda não sei como me sentir em relação ao final desta obra. O livro tem menos de 200 páginas e eu sinto que poderiam ter mais umas 100 para dar outro tipo de final aos personagens, pois eu senti que ficou faltando alguma coisa naquela ideia de segurança que os autores tentaram colocar para nós. Pode ter sido intencional nos deixar na curiosidade, pode ter sido realmente um final em aberto para nos fazer pensar, mas eu me pergunto: pensar em que exatamente? As criticas sociais que o livro nos deu foram rasas, apesar de serem importantes em um contexto social, e ao meu ver não se sustentou ao longo da história e nem ao final. Apesar de ter gostado da leitura de um modo geral acabei deixando com uma avaliação baixa no Skoob por causa disso. Pode ser que o problema tenha sido o meu entendimento do que estava sendo passado aos leitores, mas aí já não tenho como saber de imediato.

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Corpos secos
Devido ao uso de novos agrotóxicos, o Brasil acabou sofrendo uma catástrofe que o levou ao apocalipse. As pessoas que consumiram os produtos contendo essa substância primeiro ficaram agressivas, depois começaram a atacar outros e, por fim, cogumelos e fungos começavam a crescer em seus corpos até que eles secavam e explodiam, liberando esporos que contaminavam quem estivesse por perto.

Algumas pessoas ainda tentam viver em bases militares espalhadas pelo país. Rio, Florianópolis e São Luiz são os pontos de referência para esses sobreviventes, que tentam escapar de onde estão, arriscando suas vidas por motivos diferentes para conseguir viver em um local relativamente seguro.

Escrito por quatro pessoas, Corpos secos traz uma trama dividida pelo ponto de vista de 4 personagens: Mateus, Murilo, Regina e Constância. O primeiro é um rapaz que aparentemente é imune ao vírus, o segundo é o meio irmão de Mateus e que tenta fugir com sua mãe para Florianópolis. Regina é a filha de um fazendeiro que testemunha seu marido sendo morto pelos infectados e Constância é uma engenheira de alimentos que, junto com seu irmão, também estão fugindo do perigo.

Apesar dos capítulos intercalarem os pontos de vista, a história de cada um pode muito bem ser lida separadamente, como se fossem 4 contos separados que se passam no mesmo universo. Então você que escolhe no fim das contas a forma que vai querer ler. A única recomendação que faço é que se for ler por pontos de vista, que leiam o da Regina antes da do Mateus e a do Murilo antes do da Constância. Já que existe uma leve interação entre eles no fim (infelizmente, bem pequena mesmo).

As histórias contadas acabaram me pregando uma peça em duas. A do Mateus, que achei que seria a melhor, acabou sendo decepcionante, e a da Regina que começou mais ou menos, acabou sendo a mais interessante na minha opinião. A da Constância, assim como o nome dela, é uma história constante - piadinha ruim intencional - e a do Murilo não me agradou, não pela trama em si, mas pela forma que ela foi contada.

Murilo é uma criança e com isso o autor que escreveu decidiu colocar a escrita como de uma criança que vai observando aquele mundo dos adultos. Para mim, não deu muito certo. A do Matheus foi a mais decepcionante, pois nela existe um sujeito desconhecido que aparentemente consegue controlar os Corpos Secos através de um carro de som, e aparentemente ele conhece o Matheus e o segue pelo país inteiro. Mas infelizmente o mistério que poderia ser interessantíssimo para por aí. Isso porque o livro simplesmente peca no quesito respostas. Ficamos com várias perguntas não respondidas, o que passa a sensação de um livro cheio de potencial, mas que acabou pela metade. Ficamos sem saber se isso aconteceu apenas no Brasil ou no mundo inteiro, quem é esse sujeito do carro, o que ele quer, o que acontece quando os personagens chegaram (ou não) aos seus destinos, etc.

Não sei se isso foi intencional, para passar a sensação de que o leitor em uma situação como essa ficaria sem algumas respostas devido à falta de mídia, ou se é porque pretendem lançar um próximo livro e contar mais. Sei que não funcionou para mim, mas, em contrapartida, as partes sem perguntas em aberto são interessantes na maioria das suas tramas. Outra coisa é o fato de termos personagens LGBTs na história.

No fim, pra mim Corpos secos foi um livro que tinha potencial, mas decepcionou. Não chega a ser ruim, ele na minha opinião ainda vale a leitura, mas uma que seja pra distrair, apenas. Não vá com muita sede ao pote.

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Resenha Corpos Secos


“... clinicamente, estão mortos, mesmo que continuem se movendo. Mesmo que seus corpos estejam secos.”


Corpos Secos é o novo lançamento de abril da Editora Alfaguara, escrito pelos autores Luisa Geisler em conjunto com Marcelo Rocha Ferroni, Natalia Borges Polesso e Samir Machado De Machado

É um drama com ares de distopia, na trama acompanhamos cinco personagens com pontos de vista, eles narram os acontecimentos brutais em suas vidas. Um vírus estranho foi espalhado pelo Brasil, - sim um pouco irônico esta trama estar tão parecida com a realidade do mundo – o vírus baculavirus anticarsia, provoca uma doença que eles chamam de síndrome de Matheson-França, popularmente conhecida como corpo seco.
A trama se parece tanto com a realidade em alguns pontos que foi sombrio ler, a população se recusou a acreditar nos alertas sobre o vírus, o caos então se espalhou, a doença foi se alastrando de uma forma não imaginada. E é nesse caos que começa a trama do livro.
Com os protagonistas tentando que lutar pela sobrevivência em um país em colapso total e fugindo dos sequinhos.

Vejam bem, aqueles que são contaminados simplesmente não morrem... Eles permanecem não vivos, e com um novo e peculiar desejo por carne humana.

Podem pensar em zumbis... Parece, mas tem algumas diferenças, que deixarei para vocês descobrirem enquanto lêem.
“Dizem que o processo pode variar de acordo com o metabolismo da pessoa e a quantidade de esporos com que entra em contato. Em média, vai de dores e inchações a trombose e dela para a morte cerebral em pouco mais de quarenta e oito horas, e quando chega ao dito estado feral...”


Os protagonistas são totalmente diferentes um do outro, e por isso ler sobre como eles estão lidando com todos os horrores que estão passando foi muito intenso.
Mateus, um jovem que carrega um grande peso e importância para toda a humanidade; Murilo, uma criança que precisa aprender a seguir em frente; Regina, uma mulher que descobre da pior forma possível, o quão perigoso pode ser os humanos em momentos de caos; Constancia e Conrado dois gêmeos tão diferentes um do outro como o dia e a noite, vão descobrir do que são forjados...
Cada história particular deles é escrita de uma forma que você não consegue deixar de se imaginar, como seria se fosse com você. Todos são pessoas absolutamente normais, sem grandes profissões ou talentos mirabolantes, e mesmo assim, ali estão eles em meio a uma possível situação de apocalipse.

A trama é de leitura rápida, cada um dos personagens possui seus pontos de vista, e uma forma diferente de escrita pode ser percebido. O que é respondido pela presença de tantos autores escrevendo juntos, acredito que cada um foi responsável pela narrativa de um personagem enquanto cada uma das sub-tramas convergiam para uma união.

É também, acredito que um primeiro livro, já que o final dele termina de um modo que é impossível não se perguntar... E agora? O que vai acontecer? O que está acontecendo? Tantas perguntas...

Corpos secos é um ótimo livro nacional, que foi escrito e se passa em tempo atual, existem muitas referencias as situações políticas atuais no Brasil, e descrições de cidades e locais muito conhecidos.

“A gente corre. A gente respira pesado. Quando a mãe bota a arma na minha mão. Tem uma casa, na beira da estrada. É bonita a casa. E a gente começa a abrir o portão de uma casa na beira da estrada. Eu choro. E eu não sou mais uma criança. A mãe chora. A bebê chora. Eu choro, olho para as duas e sei, porque não sou mais criança, que tenho que deixar que chorem. Que eu chore.”

Recomendo para que gosta de um drama de sobrevivência, com uma trama forte e emocional. Há cenas bem fortes, e aviso aqui que existe violência e gatilhos com violência sexual – porém, muito bem escritos e nada sensacionalista ou apenas para chocar por chocar.


Ótimo livro, e torço para que tenham outros.

Até a próxima e ótima experiência de leitura para todos.

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“... clinicamente, estão mortos, mesmo que continuem se movendo. Mesmo que seus corpos estejam secos.”

Corpos Secos é o novo lançamento de abril da Editora Alfaguara, escrito pelos autores Luisa Geisler em conjunto com Marcelo Rocha Ferroni, Natalia Borges Polesso e Samir Machado de Machado

É uma ficção com ares de distopia, na trama acompanhamos cinco personagens com pontos de vista, eles narram os acontecimentos brutais em suas vidas. Um vírus estranho foi espalhado pelo Brasil, - sim um pouco irônico esta trama estar tão parecida com a realidade do mundo – o vírus baculavirus anticarsia, provoca uma doença que eles chamam de síndrome de Matheson-França, popularmente conhecida como corpo seco.

A trama se parece tanto com a realidade em alguns pontos que foi sombrio ler, a população se recusou a acreditar nos alertas sobre o vírus, o caos então se espalhou, a doença foi se alastrando de uma forma não imaginada. E é nesse caos que começa a trama do livro.
Com os protagonistas tentando que lutar pela sobrevivência em um país em colapso total e fugindo dos sequinhos.

Vejam bem, aqueles que são contaminados simplesmente não morrem... Eles permanecem não vivos, e com um novo e peculiar desejo por carne humana.

Podem pensar em zumbis... Parece, mas tem algumas diferenças, que deixarei para vocês descobrirem enquanto lêem.

“Dizem que o processo pode variar de acordo com o metabolismo da pessoa e a quantidade de esporos com que entra em contato. Em média, vai de dores e inchações a trombose e dela para a morte cerebral em pouco mais de quarenta e oito horas, e quando chega ao dito estado feral...”

Os protagonistas são totalmente diferentes um do outro, e por isso ler sobre como eles estão lidando com todos os horrores que estão passando foi muito intenso.

Mateus, um jovem que carrega um grande peso e importância para toda a humanidade; Murilo, uma criança que precisa aprender a seguir em frente; Regina, uma mulher que descobre da pior forma possível, o quão perigoso pode ser os humanos em momentos de caos; Constância e Conrado dois gêmeos tão diferentes um do outro como o dia e a noite, vão descobrir do que são forjados...

Cada história particular deles é escrita de uma forma que você não consegue deixar de se imaginar, como seria se fosse com você. Todos são pessoas absolutamente normais, sem grandes profissões ou talentos mirabolantes, e mesmo assim, ali estão eles em meio a uma possível situação de apocalipse.

A trama é de leitura rápida, cada um dos personagens possui seus pontos de vista, e uma forma diferente de escrita pode ser percebido. O que é respondido pela presença de tantos autores escrevendo juntos, acredito que cada um foi responsável pela narrativa de um personagem enquanto cada uma das sub-tramas convergiam para uma união.

É também, acredito que um primeiro livro, já que o final dele termina de um modo que é impossível não se perguntar... E agora? O que vai acontecer? O que está acontecendo? Tantas perguntas...

Corpos secos é um ótimo livro nacional, que foi escrito e se passa em tempo atual, existem muitas referencias as situações políticas atuais no Brasil, e descrições de cidades e locais muito conhecidos.

“A gente corre. A gente respira pesado. Quando a mãe bota a arma na minha mão. Tem uma casa, na beira da estrada. É bonita a casa. E a gente começa a abrir o portão de uma casa na beira da estrada. Eu choro. E eu não sou mais uma criança. A mãe chora. A bebê chora. Eu choro, olho para as duas e sei, porque não sou mais criança, que tenho que deixar que chorem. Que eu chore.”

Recomendo para que gosta de um drama de sobrevivência, com uma trama forte e emocional. Há cenas bem fortes, e aviso aqui que existe violência e gatilhos com violência sexual – porém, muito bem escritos e nada sensacionalista ou apenas para chocar por chocar.

Ótimo livro, e torço para que tenham outros.

Até a próxima e ótima experiência de leitura para todos.

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Quando peguei esse livro para ler a primeira coisa que chamou minha atenção foi ele ter sido escrito por quatro pessoas diferentes. Então já imaginei que viria por ai um livro muito bem escrito. Segundo, foi ele falar sobre uma doença que dizimou boa parte da população. No cenário atual esse tipo de enredo chama a atenção. Mas ao começar a ler vi que nada mais era que um livro de zumbis, que no caso os zumbis são chamados de Corpos Secos. Não temos uma explicação de como tudo começou, só o que está escrito na sinopse, não temos uma linha de tempo e não temos um final. Só o que temos são a narrativa de alguns sobreviventes, que não traz nada de novo para a história e não chega a lugar nenhum. O personagem mais interessante é um infectado que está sendo estudado porque ele apesar de ter a doença, não apresenta nenhum dos sintomas. Dai são páginas e mais páginas mostrando até onde chega a maldade do ser humanos. Infelizmente nada de novo que eu já não tenha visto sendo abordado com maestria em outros livros do gênero, inclusive nacionais. Se tiver uma continuação, porque precisa de uma visto a forma como terminou, eu ainda não sei se lerei.

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