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Sobre a verdade

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George Orwell sempre genial. Adoro sua escrita e nesse livro sobre a verdade não decepciona. Super indico a leitura

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Se você já conhece o autor, sabe que politica é a espinha dorsal de suas obras, vide A Revolução dos Bichos que não me deixa mentir. O que eu não sabia (e você provavelmente, também não) é que além de seus romances consagradíssimos, George Orwell escreveu diversos outros textos, ensaios e críticas que, de uma maneira ou de outra acabam pendendo pra esse tema também.

Talvez por essa razão, poucos autores do século passado permanecem tão relevantes para os dias atuais quanto George Orwell. Seus textos e livros, todos eles datados da primeira metade do século XX, poderiam ter sido escritos ontem. E a impressão que se tem ao lê-los é de que, de alguma forma, Orwell conseguiu prever o futuro.

“O mundo em que estamos caindo, esse mundo de ódio, esse mundo de slogans. As camisas coloridas, as cercas de arame farpado, os cassetetes de borracha. As celas onde a luz elétrica fica ligada dia e noite, e os investigadores o vigiam enquanto você dorme. E os desfiles e os cartazes de rostos enormes, e as multidões de 1 milhão de pessoas aclamando o Líder até se ensurdecerem e acharem que de fato o veneram, enquanto o tempo todo, por dentro, elas o odeiam tanto que querem vomitar. Tudo isso vai acontecer. Ou não? há dias em que me parece impossível, noutros sei que isso é inevitável. Naquela noite, porém, eu sabia que tudo isso iria ocorrer.”

Sua obra mais importante, 1984, foi escrita no fim dos anos quarenta, mas descreve uma sociedade assustadoramente próxima do atual cenário político. Conceitos como o de um ministério da verdade parecem ressoar diretamente com esquemas de fake news que assumiram um papel de suma importância na política desse inicio de século. Quem poderia imaginar que ao estabelecer a ideia de um órgão governamental para manipular a verdade interferindo nas notícias e nos livros de história ele estaria prevendo o modus operandi que definiriam os rumos políticos mais de setenta anos depois?

Outra grande questão pra Orwell é o conceito de “verdade” e como ela pode ser deturpada, subjetivada e distorcida para atender a fins políticos. Sobre a Verdade é uma seleção de textos que abrange toda a obra do autor sobre esse assunto. E que obra! Há aqui trechos de diversos livros e outras publicações sobre os mais diversos temas, porém todos eles trazem em como fio condutor a ideia de “verdade”. O autor possuía um olhar crítico e um talento (na minha humilde opinião) sem precedentes pra compreender e escrever a respeito da realidade. Muito antes de George R. R. Martin e sua Guerra dos Tronos, Orwell já andava por aí criando ficções nas quais a “pedra angular” era o jogo político.

“Ninguém busca a verdade, todos estão defendendo uma “causa”, com total desconsideração pela imparcialidade ou pela veracidade, e os fatos mais patentemente óbvios acabam ignorados por quem não quer saber deles.”

Ler esses textos, alguns deles ainda inéditos no Brasil, é como mergulhar mais fundo na mente e na indignação do autor. Orwell compreendia como poucos os cenário politico no qual se encontrava e escrevia sobre isso com uma maestria e conhecimento de causa ímpares. Infelizmente, as relações e estratagemas políticos não mudaram tanto de lá pra cá e agora existem mais ferramentas para a manipulação e instrumentalização da “verdade”.

Sobre a Verdade é uma coletânea incrível com textos interessantíssimos que carregam toda a acidez e olhar crítico de Orwell sobre o mundo. Prato cheio pros fãs do autor e leitura indispensável nos dias atuais.

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O compilado de ensaios trás, também, trechos de “A Revolução dos bichos” (e ensaios sobre a censura que o livro recebeu ao seu declinado por quatro editoras), “O caminho para Wigan Pier”, “1984”, “Na pior em Paris e Londres” e algumas resenhas de obras variadas.

Se Orwell permanece tão atual, não sei se é para se admirar ou se chocar. Talvez ele estivesse mesmo à frente do seu tempo. Talvez estamos vivendo um extensão sem fim do que ele viveu e descreveu em seus escritos. De qualquer forma, ler Orwell ainda nos permite uma perspectiva refrescante em um mundo cada vez mais sombrio.

Resenha completa no link.

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O que mais me impressiona nos textos de George Orwell é sua capacidade de ser atemporal. Você lê um texto dele de quase 80 anos atrás escrito sobre a imprensa e política inglesa e tem-se a impressão que ele acabou de ler e edição dominical de um grande jornal brasileiro. Destaquei um dos trechos que achei mais contemporâneo: "Alguns nacionalistas não estão distantes da esquizofrenia, vivendo tão contentes entre sonhos de poder e conquista que não têm a menor ligação com o mundo físico".
What impresses me most about George Orwell's writing is his ability to be timeless. You read a text from him almost 80 years ago written about the English press and politics and you get the impression that he just read and Sunday edition of a great Brazilian newspaper. I highlighted one of the excerpts that I found most contemporary: "Some nationalists are not far from schizophrenia, living so contented with dreams of power and achievement that they have no connection with the physical world".

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“Sobre a verdade”, de George Orwell, é um verdadeiro alerta para nossa sociedade. Foi um alerta na época da publicação de seus livros, e é um alerta agora.

Assim que me deparei com esse título, “Sobre a verdade”, me peguei pensando: o que é a verdade atualmente? Quem define o que é verdade e o que não é? O que aconteceu para que as fake news não só surgissem, mas dominassem nossas redes sociais, diferentemente das notícias verídicas? Esses questionamentos, infelizmente, não são respondidos na obra de Orwell, mas eles pesam (e ficam ainda mais claros) em nossa cabeça a cada página lida. Isto porque Orwell conseguiu captar a essência de um futuro que estava (ou está?) fadado a acontecer, construído a base de verdades manipuladas e meia-verdades (ou seja, a base de mentiras). E, a cada excerto de suas obras, nos deparamos com esse futuro aterrorizante e com as diferentes facetas da verdade que conduzem os cidadãos ao fim que parece distópico, mas, na verdade, é terrivelmente atual.
“Sobre a verdade”, publicada pela Companhia das Letras, traz uma séries de excertos, frases e pensamentos das obras de George Orwell. Para quem não conhece muito sobre o autor e suas obras, ou para quem quer conhecer, essa obra é a introdução (ou reintrodução, como comentarei a seguir) que todos precisam. Os trechos pungentes mostram, ainda que de forma breve, como é o estilo de escrita do autor, seus pensamentos, ideias e a genialidade dos universos distópicos e personagens fictícios que ficaram marcados na Literatura Universal. Para aqueles que afirmam que não conseguem ler livros canonizados, devido à escrita complexa e, às vezes, maçante (eu te entendo!), esse livro é ideal para se familiarizar com Orwell e sua forma única e genial de se ver o mundo.
Pessoalmente, meu primeiro contato com Orwell se deu por meio de “A Revolução dos bichos” e, na época que em o li, no Ensino Médio, lembro de achar a escrita extremamente difícil e cansativa. Agora, anos depois, quando sentei para ler “Sobre a verdade”, percebi que sou capaz de reler “A revolução dos bichos” com outro olhar e com dores de cabeça a menos (ou mais?); e claro, capaz de ler os outros livros do autor. “Sobre a verdade” me motivou e me inspirou a continuar não só as obras de Orwell, mas de outros autores que ficaram conhecidos por suas distopias.
E por que isso?

Guerra é Paz;
Liberdade é Escravidão;
Ignorância é Força.

Porque cada trecho, frase, ideia de Orwell mexeu comigo de uma forma que nenhum outro livro mexeu. Talvez porque senti que estava olhando em frente a um espelho, lendo sobre um universo tão parecido com o que vivo atualmente. Afinal, parece que, se ligarmos a televisão, veremos exatamente as palavras de que guerra é paz, liberdade é escravidão e ignorância é força que o autor escreveu. Tenho plena convicção de que, se Orwell ainda vivesse entre nós, riria da nossa cara, diria “EU AVISEI!” e depois cairia no choro. E, realmente, ele avisou. “Sobre a verdade” é um livro de aviso, assim como todas as outras obras do autor, de que precisamos deixar de acreditar em meia-verdades e notícias que dizem que são verdadeiras, mas não falam nada verídico. É um livro político, publicado em um momento político (Companhia das Letras, conte comigo para TUDO!) e que não deve ser levado como apenas ficção. Esse é um livro que precisa ser lido cuidadosamente, relido e que devemos refletir e pensar sobre. É ficção até determinado momento, e uma profecia em outro. É necessário; é uma leitura extremamente necessária. É uma publicação necessária.
Se todos tivessem lido Orwell, lido realmente, talvez as coisas fossem diferentes.
E, talvez, esse seja mais um manifesto do que resenha, mas passa o mesmo sentimento: leiam esse livro, leiam Orwell, apenas leiam, e pensem sobre o que estão lendo. Depois, pensem sobre o que estamos vivendo.
“Sobre a verdade” não só é um livro cinco estrelas, como é um livro que não é neutro. Porque a Literatura não é neutra; e ela resiste.

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Por ser uma obra do Orweel as minhas expectativas estavam altas, mas o livro conseguiu supera-las... Gostei muito da leitura, das discussões que o autor levanta e apesar de ser datado da época da segunda guerra os temas abordados são tão atuais e relevantes. Embora a maioria dos fragmentos deste livro serem de não ficção, a leitura é fluida e a cada capítulo o interesse aumenta. Além dos temas políticos abordados, também temos trechos de seus grandes livros, discussões sobre ser um escritor, críticas literárias, entradas de diário, cartas... É uma leitura recomendada a todos.

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