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A fazenda dos animais

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Estou com a crescente sensação de que resenhar A Fazenda dos Animais não vai raspar o tacho da grandiosidade que tem nessa história. A obra de George Orwell faz, brilhantemente, tantos paralelos com políticas socialistas e críticas ao totalitarismo, que se tornou uma favorita em pouco mais de uma hora de leitura.

Este e-book foi cedido para resenha pela Companhia das Letras através do NetGalley.

A Fazenda dos Animais é uma sátira política que fala muito sobre totalitarismo de maneira bem simples, quase desenhada. Na história, os animais da Fazenda do Solar decidem se rebelar contra o Sr. Jones, o humano que toma conta de tudo e, com sua rebelião, conquistam a fazenda e as terras para si.

A princípio, o paraíso parece ao seu alcance, mas logo a ambição e a sede de poder tomam conta de alguns entre os animais, ameaçando a ordem pacífica em um formato de controle bastante semelhante ao que experimentavam quando eram liderados pelo humano.

A Fazenda dos Animais é uma crítica aberta e ferrenha à ditadura stalinista e traz discussões bastante lúcidas a respeito de revoluções, conquista de meios de produção e de como, eventualmente, a corrupção pelo poder vai encontrar o elo mais perturbado e desesperado por ela.

George Orwell conta uma história simples através dos bichos da fazenda, mas faz isso de maneira tão brilhante e educativa que esse se tornou rapidamente um dos meus livros favoritos. Eu nunca tinha lido nada do autor, mas coloquei 1984 na minha meta de leituras de clássicos para 2021 exatamente por considerar o autor um dos mais importantes da literatura mundial.

A maneira com que a história conversa com o leitor, apresentando seus animais e suas posições na fazenda - aquele que é o mais forte, mas também o mais influenciável; aquele que questiona em silêncio, mas permanece em cima do muro por capricho; aquele que bate de frente com a corrupção e é abertamente punido por isso; o tirano; o rebelde; o líder e o mártir. Pouco a pouco, o cenário deixa de ser uma fazenda e se torna a História do mundo.

É nítida a maneira com que Orwell aponta o dedo para a ditadura de Stálin e o caos que trouxe ao pegar ideais brilhantes e transformá-los num meio de opressão, encobrindo essa opressão com patriotismo e falsos cuidados.

Tal como na História, o ditador aqui - um dos porcos chamado Napoleão que se ergue no poder em um golpe e ali permanece através da força bruta e da manipulação de mídia e de discurso, como tantos outros ditadores também fizeram - influencia as mentes mais influenciáveis e oprime aquelas que tentam questionar. Não apenas através da violência, mas também desacreditando, plantando mentiras, usando seus informantes para fazer com que os questionadores desviem o olhar de onde realmente importa.

Lentamente, os oprimidos se tornam opressores; os porcos assumem sua posição como líderes dessa nova sociedade e, pouco a pouco, se tornam uma sombra dos humanos que juraram destruir.

"Já era impossível saber quem era homem e quem era porco."

É tudo tão brilhante que fica difícil explicar em uma resenha. Para um livro tão curto - 136 páginas nessa edição da Penguin Companhia, contando com o prefácio de Morris Dickstein, onde se analisa muito a respeito de passagens dos textos originais e das analogias que Orwell tão brilhantemente expôs em sua história.

Diferente de 1984, que é descrito como uma obra muito mais pesada e demorada, aqui a mensagem é simples e limpa, clara em toda a sua crítica.

A tradução de Paulo Henriques Britto está maravilhosa. Eu não li o original, mas o trabalho do tradutor me afundou na história de tal maneira que me senti parte da fazenda, sofrendo pelos animais, pela opressão silenciosa, pelas manipulações e corrupções e eventualmente, pelo banho de sangue que se seguiu.

Eu provavelmente não raspei a base de tudo que esse livro questiona e comenta e satiriza, mas eis um pedacinho do que senti lendo - e o comentário de que vou continuar estudando e entendendo mais a respeito das obras do Orwell pelo tanto que ele me fisgou aqui.

Do início ao fim, A Fazenda dos Animais é uma aula e abre espaço para debates importantes. É um livro impactante e extremamente atual, como muitas sátiras políticas que refletem histórias que tendem a se repetir; mesmo que não no mesmo nível brutal, mas é impossível ler as mentiras espalhadas entre os animais e as ladainhas criadas pela "mídia" dos porcos sem reconhecer isso no governo que estamos vivendo.

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Ler A Fazenda dos Animais (A Revolução dos Bichos) foi uma jornada incrível e que faz qualquer leitor abrir os olhos e fazer uma comparação com a situação política atual. Embora o livro de George Orwell tenha sido escrito na década de 1940 é um texto super atual que nos faz refletir sobre o rumo que o mundo está tomando.

George Orwell faz uma crítica ao sistema político, através de uma fábula muito bem construída. Neste livro, vamos conhecer a história de animais que iniciam uma revolução em uma fazenda da Inglaterra. O grupo de animais, que não se sente confortável com o sistema implantado, retira o humano no poder e começa uma nova era no local.

O grupo muda o nome da fazenda para Fazenda dos Animais e cria uma série de regras/mandamentos para que a vida em sociedade flua da melhor forma. A máxima é que bichos com quatro patas eram bons, já aqueles que andavam com duas patas era ruins ~ no caso os seres humanos.

A Fazenda dos Animais é um livro curto, rápido de ser lido e nos traz uma crítica perfeitamente construída. Ao passo que vamos avançando na história, percebemos o quanto o sistema vai mudando ao longo do tempo, e a população acaba sendo manipulada para acreditar no que os líderes querem.

Uma perfeita reflexão!

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