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Crônica da casa assassinada

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A obra é toda escrita por meio de depoimentos, diários, cartas e testemunhos dos personagens. Aos poucos o leitor vai percebendo como se dão os acontecimentos dos personagens. Tais acontecimentos envolvem incesto, mortes, rivalidades e homossexualidade, que chocaram parte da crítica na época do seu lançamento, em 1959.

Os personagens principais são Demétrio, Valdo e Tibério, os Meneses, herdeiros de uma chácara no interior de Minas outrora muito mais rica que hoje. A casa geração, os Meneses se empobrecem, e essa geração é a mais pobre de todas, embora ainda se mostrem extremamente orgulhosos. Ao lado deles hà Ana, esposa do Demétrio, e Nina, esposa do Valdo, e André, filha de Valdo e Nina. Betty é a governanta.

Contar mais estraga, apesar de que pouca ação acontece. Quase tudo se dá no nivel das ideias e pensamentos, e contar mais, estraga. A Chácara (a casa assassinada) guarda muitas surpresas ao leitor, reveladas de forma sutil.

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Foi um tanto sufocante acompanhar a decadência dos Meneses. Uma obra prima com certeza, pois só bons livros fazem isso. A narrativa através de vários personagens nos dá uma construção muito mais real de toda a história. Com certeza um novo favorito.

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Minha primeira experiência com Lúcio Cardoso teve como protagonistas os Meneses, uma casa decadente, um revólver, uma profusão de narradores em primeira pessoa com níveis diferentes de confiabilidade e um novelão que me deixou completamente embasbacada.

O livro já começa com um prefácio excelente de Chico Felitti, que prepara o terreno pra um livro extenso e cru.
O prefácio aliás foi fantástico como uma apresentação do que viria, me ajudou a reparar em vários elementos que talvez passassem despercebidos.

Fiquei imaginando como um livro cru desse tipo chegou na época, pois se hoje em dia já pode ser considerado bem polêmico pela honestidade com que algumas questões da natureza humana são retratadas, imagino na época de seu lançamento. Ele tem um jeito de escrever que te deixa esperando aflito pelos próximos capítulos.
Sendo um romance epistolar ficava olhando os títulos no sumário pra tentar prever quem mais traria um depoimento, uma carta, quem seria confiável o suficiente pra entender até que ponto aquela corrosão e decadência aconteceria. Quando a Casa também sucumbiria.

É um livro denso, pesado, desse arrancar brusco de véu que serve pra incomodar, e foi uma leitura fantástica. Não sei se recomendo a todo mundo que leia, mas recomendo que, se tiverem vontade, insistam por conta da escrita maravilhosa do Lúcio e de tudo que ele traz no livro.
Ao final eu já estava completamente enlevada pela história, vendo o "desarvorar" de todas aquelas personagens, esperando que tudo finalmente acabasse (escrevo isso de uma maneira positiva, se é que é possível haha), e aí, o autor me termina com um capítulo que te deixa completamente em choque. É um livro incrível do começo ao fim. Um Os Maias do Eça de Queiroz que vai pra locais muito mais crus.

E tem uma carta completamente inesperada de Clarice Lispector, pra seu grande amigo Lúcio Cardoso, que terminou por me desarvorar de vez.

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Crônica da casa assassinada tem o casarão dos Meneses como um dos protagonistas do livro. Tudo se passa ali, e vemos a casa ir de seus dias de glória e destaque no povoado de Vila Velha, interior de Minas Gerais, a ruína, acompanhada por seus moradores.
A tragédia é completa, e ningúem escapa.
O drama é todo contado sob pontos de vista diferentes, a partir de cartas e diários dos personagens.
Desde a protagonista Nina até o farmacêutico, o padre e o médico de Vila Velha.
E a história se revela aos poucos, dramaticamente, com o poder de transmitir ao leitor toda a carga emocional (fiquei bem ansioso com os acontecimentos).
O ser humano é exposto em suas doenças psíquicas, em suas maldades e toda a sua baixeza.

No meio de tudo isso, Cardoso é muito profundo em analisar as razões da alma, com psicologia e filosofia.
Há trechos fantásticos e de uma profundidade encantadora, como quando se discute sobre o pecado e a necessidade que temos dele.
Um livro histórico, "estarrecedor" (a presidenta nos ensinou que este termo deve ser sempre utilizado)
Uma casa arrastada ao vórtice da desgraça consumada.

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MARAVILHOSO! Há tempos Lúcio Cardoso merecia uma nova edição desse livro! Uma obra única na nossa literatura. Conta a história de uma família mineira em decadência, sob vários pontos de vista. Personagens muito bem feitos, a história é imersiva e te prende muito. Lúcio é de uma ousadia e sofisticação pouco vistas.

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