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Nós somos a cidade

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A cidade de Nova York acabou de nascer, literalmente, personificada com todos os seus atributos e características culturais moldadas ao longo dos tempos e pelos cidadãos que nela habitam. Aproveitando a fragilidade dessa nova vida um monstro quer destruí-las.

Um monstro com tentáculos que se instala nas pessoas como um vírus, que se alimenta de preconceito, racismo, xenofobia, misoginia, homofobia, que deturpa a ordem social a liberdade de expressão, artística, literária e cultural. Esse monstro existe!

N. K. Jemisin é genial em Nós somos a cidade, abordando assuntos de suma importância no atual cenário em que vivemos e que permeiam todas as cidades e seus habitantes.

O início do livro é um pouco confuso, mas assim que eu entendi o que estava acontecendo, o que não demorou muito, fiquei curioso para saber o rumo que a história tomaria, como também dos personagens cativantes e reais que representam aspectos da identidade histórico-culturais de Nova York.

É uma história de ficção-científica que tem sim alguns termos difíceis que provavelmente vocè terá que recorrer a um dicionário, no entanto, não é algo que dificulta a compreensão da história ou torna a leitura maçante, Jemisin tem uma forma simples e envolvente de narrar a trama.

Vale lembrar que é uma história de fantasia que possui elementos extraordinários, um sistema de magia muito ligado à cidade e coerente.

Merece destaque a participação da cidade de São Paulo e todo cuidado que a autora teve na construção desse personagem.

Gostei bastante dessa leitura e recomendo, vale lembrar que esse é o primeiro livro de uma série, estou curiosa para saber qual cidade será a próxima aventura.

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Meu maior problema com este livro é realmente a lentidão do início, sei que é necessária para conhecermos melhor os personagens e como funciona o universo, mas ainda assim foi um começo lento que pode desanimar alguns. Mas fora isso eu gostei de todo o resto, achei a ideia de pessoas serem cidades bem criativas, e no fundo disso tudo também há toda uma discussão sobre o preconceito dentro da sociedade. Claro que podemos fazer toda uma analogia relacionando a situação de ‘risco’ da cidade com o perigo que os avatares passam, assim como os estereótipos das pessoas de cada comunidade local, porém como é especificamente de NY talvez eu tenha deixado passar algumas coisas (mas também é fácil entender pelas descrições da história).
Este foi o primeiro livro que li dessa autora, e curti o estilo dela, mesmo fantasia não sendo exatamente meu gênero preferido (nem é o gênero que eu mais leio). Eu me surpreendi com o tipo de universo criado e me apeguei a vários personagens (já tem um tempo que acabei de ler este livro, mas volta e meia fico pensando em como será a continuação e que novas cidades encontraremos).
Enfim me arrependi de ter enrolado para ler o livro, depois que me empolguei li tudo muito rápido (aí me arrependi de novo porque estava acabando depressa hahahaha) e estou aguardando com muitas expectativas a continuação. Mais do que recomendado para quem ama uma boa fantasia, personagens carismáticos (e outros nem tanto) e lógico, para você que assim como eu quer entender o que está acontecendo.

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"- Quem diz que mudanças são impossíveis geralmente está muito satisfeito com as coisas como estão."

Toda cidade tem um lado obscuro, espreitada por um mal antigo, Nova York emerge na figura de um jovem, que fica em um coma, e a cidade corre perigo. É quando outros cinco personagens da metrópole são chamados à luta.

Em Manhattan, um jovem universitário. No Bronx, a diretora de uma galeria de arte. No Brooklyn, uma antiga MC. No Queens, uma imigrante indiana com um visto de estudante. E em Staten Island, a filha oprimida de um policial violento. Enquanto isso, o avatar de Nova York dorme, esperando que seus distritos consigam se unir e expulsar de uma vez por todas o invasor monstruoso à caça deles.

"Nós Somos a Cidade" é um livro fantasioso, que desde o começo deixa inúmeras portas abertas instigando a curiosidade do leitor, a autora vem com uma narrativa intrigante e irresistível e de forma criativa narra o desenrolar dessa história original e única.

Keila Alves
Leituras S.A.

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Uma fantasia urbana de respeito que entrega tudo o que a gente queria e mais 🔥🔥

Por meio de críticas ligeiramente sutis sobre o mundo, Jemisin entrega personagens que fazem parte das minorias e que são menosprezados ou maltratados por inúmeros motivos. É interessante ver as formas que o Inimigo assume para tentar minar as forças dessas minorias, vindo em forma de policiais "porcos" racistas, críticos de arte neonazista ou grandes corporações que roubam a identidade de cidades por estarem tomando o lugar de pessoas e estabelecimentos únicos.

Tem um começo lento e demora um pouquinho a fazer sentido tudo o que ta rolando, mas uma vez que você entra nessa história, é impossível parar de ler.

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São Paulo o Maior e Melhor!!!! A prosa da Jemisin é incrível. Obrigada à Companhia pela cópia avançada e pela chance de entrar em contato com essa autora maravilhosa!

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Uma fantasia urbana de tirar o fôlego. Repleto de representatividade, ironia, político até os ossos. Sensível, intenso. É muito difícil de descrever essa história, mas é uma leitura incrível. Recomendo demais.

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Jemisin não decepciona nunca!

Livros em que cidades são personagens não são tão incomuns, mas ela da um salto à frente e retrata não apenas NY mas suas regiões como pessoas reais. Não, isso não é um spoiler.

Eu já tinha lido o conto que deu origem a essa história, que no livro funciona como uma introdução, e eu tinha me apaixonado pelo conceito e foi maravilhoso ver como ela o explora.

Além disso é o livro perfeito pra quem gosta de história com protagonismo de todos os tipos.

Os toques lovecraftianos pra mim são o ponto alto. Se você nunca leu ou não conhece os mitos isso não vai fazer diferença na leitura, mas se você conhece o básico vai gostar muito (principalmente se você tem conhecimento do racismo do autor. A Jemisin arrasa!)

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👀 Cidades nascem. Não, não estou falando de conjuntos de casas ou povoados que eventualmente crescem, ganham uma prefeitura e recebem o status de cidade. É mais que isso. As cidades, quando estão maduras, assumem a consciência da própria força e despertam, tornando-se uma entidade viva, pulsante.

🗽 Durante o processo de nascimento, a cidade recruta pessoas para ajudá-la e protegê-la, pois é justamente quando se põe mais vulnerável e pode ser atacada - e morta. Nova Iorque está nascendo. Grande e diversa como é, não tem apenas uma pessoa para ajudá-la, mas uma para cada distrito. E um Inimigo à espreita, que fará tudo para impedir esse nascimento.

✊ O livro é o primeiro de uma duologia e começou com um conto que, a bem da verdade, não me agradou, mas a premissa foi bem desenvolvida no livro e a história terminou por me envolver e me emocionar. Vindo da Jemisin, claro que não é só uma história de fantasia, mas uma oportunidade para refletir sobre temas cruciais como racismo, xenofobia e preconceitos de modo geral.

💜 Adorei o livro, adorei andar por Nova Iorque, uma personagem em si mesma e mal posso esperar pela parte final. Dito isso, não é meu favorito da Jemisin. Esse título ainda fica com a trilogia "A Terra Partida".

🤯 Indico para quem curte fantasia urbana e não quer um livro raso, mas provocador. Gostar/conhecer Nova Iorque é um bônus (mas nem de longe é essencial para apreciar a história).

✨ Estrelinhas no caderno: ⭐⭐⭐⭐

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🏙E se as cidades do mundo tivesse avatares e fossem humanos reais? Essa é a proposta do livro "Nós Somos A Cidade", vem conferir mais sobre:
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Após uma força estranha ameaçar a cidade de Nova York, a cidade desperta em forma de um garoto, mas algo da errado e ele está em perigo. É aí que nascem os avatares dos distritos da cidade: Manhattan, Queens, Bronx, State Island e Brooklyn. Os cinco precisam se encontrar e juntar forças para salvar Nova York de uma ameaça de outro mundo.
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🗽Esse livro de fantasia vem com uma proposta totalmente inovadora e um mundo incrível. As cidades do mundo, quando ameaçadas, conseguem criar avatares de si mesma e se transforma em humanos. Esses humanos incorporam a personalidade geral daquela cidade e tudo que ele faz, se move junto com a cidade.
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🏙 Vamos acompanhar cada um dos distritos, com personalidades super diferentes e que agem de acordo com os cidadãos de cada parte. É incrível a forma que a autora narra cada personagem tão similar a cada distrito real.
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🗽O início do livro pode ser um pouco lento e algumas coisas confusas pois a pegada do livro é bem inovadora. Mas a medida que você vai conhecendo os personagens e a história por trás das ameaças à cidade, você vai se conectando cada vez mais com a história.
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🏙 Inovador, surpreendente, emocionante e eletrizante são algumas das palavras que poderei usar para descrever esse livro. Ler ele foi uma experiência muito boa e se você gosta de um enredo com uma pegada nova desse estilo de fantasia urbana, vai amar conhecer essa história.
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N. K. Jemisin já consegue nos deixar com uma pulga atrás da orelha de curiosidade pelo que está sendo contado, mesmo sem muitas informações - que vão aparecendo aos poucos ao longo da história. Mais uma fantasia da autora que captou minha atenção e não consegui largar até terminar a leitura.

O sistema de personificação das cidades é muito bem elaborado, apesar de às vezes não conseguir visualizar tudo que provavelmente a autora quis passar para o leitor. Em muitos momentos esses elementos fantásticos ficam de lado para dar foco à vida dos personagens, ao seu dia a dia e, mais importante, às críticas feitas a uma sociedade que não perde a primeira oportunidade de poder destilar seu preconceito.

Achei fantástica a caracterização da vilã da história, que vai de encontro a muito do que se lê em outras histórias, que mostram pessoas negras, que às vezes podem não estar impecavelmente vestidas e normalmente representadas com expressões de raiva ou "de poucos amigos" - como personagens a serem evitados e, mais além, como pessoas que devem ser evitadas na vida real.

Além da aparência de história fantástica, Nós Somos a Cidade traz muitas reflexões que vão deixar o leitor reflexivo por algum tempo além do final da história. Muito bom!

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Nós somos a cidade é uma fantasia urbana cheia de raízes nos clássicos lovecraftianos (mas melhor!) e que me deixou embasbacada a cada novo plot twist - como já se é esperado de qualquer coisa que venha da Jemisin.
Me encanta a capacidade da autora de impor o ritmo da leitura ao leitor e de descrever emoções tão bem e de forma tão natural na narrativa (mesmo quando ela não o faz diretamente) que a coisa toda se torna quase palpável. A raiva expressa nessa história é intensa, principalmente no começo, e tão motivadora. Simplesmente genial.

Alguns capítulos, em contraste com o início, são mais lentos, mas essenciais para que conheçamos todos os personagens. Como paulista, fiquei especialmente feliz em ser contemplada com um avatar que representa minha cidade e, enquanto sentia esse grãozinho de euforia, só conseguia imaginar como deve ser ler "Nós somos a cidade" enquanto nova-iorquina.

Enfim, maravilhoso, como tudo que Jemisin entregou até hoje.
Não vejo a hora da sequência.

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Neil Gaiman recomendou esse livro e eu tive que ler e acho que faz mt sentido Gaiman recomendar esse livro. Tem a mesma vibe de um realismo mágico que beira a uma fantasia, com esse ar de "o que que eu tô lendo?"

De longe não um dos meus livros favoritos da vida, mas certamente um conceito novo e original que fez o livro ser interessante de ler.

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I decided to do this review differently, I'm going to say the things I like in this book and the things I didn't like.

What I like:
I liked how each district was personified, I don't know New York but I feel that each character's personality was very striking and well explained.
I like that we learn a lot about New York's history and the people who live in it.
I liked that the personifications are different people, from different origins and ethnicities, some are not from New York, are immigrants or from another place, it shows how diverse the city is, where it doesn't matter where you come from or how long you've been in New York you are part of the city.
I love how this book talks about several important topics, in-depth, without getting boring or repetitive, and not wanting to just check a list of topics and representativeness, but it's just showing how people's reality is, what the world is like.
I liked how we followed the characters' lives outside of the main plot of being cities, I feel it gave development to the characters in addition to making us connect more with them because we know them more deeply.

What I didn't like;
The long chapters.
How you like the characters have to kind just have to accept that things are the way they are.
I didn't like all the explanations for things, I feel that some things were poorly explained or not explained at all.

Because of the themes these books have is good to research trigger warnings before reading!

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O começo é SENSACIONAL. Fora de série! A premissa é excelente e a escrita muito genial. Entretanto pra mim da metade pro final a história foi se perdendo um pouco e ficando confusa. Ainda assim, é um livro excelente.

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Um livro de fantgasia sensacional por sua inovação onde avatares entrarão em conflito em NOva York. Supreendente e fascinante!

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Foi um caminho árduo, um livro cheio de altos e baixos, mas depois que você entende essa história e pra onde ela está caminhando tudo faz sentido e o livro fica bem divertido em alguns momentos.

Esse é o primeiro livro de uma trilogia escrita pela N.K.Jemisin, publicado pela #sumadeletras , e vai contar a história do Manny, Brooklyn, Bronca, Ayslin, Padimi, Paulo, cada um representa uma parte de Nova Iorque, tirando Paulo que é ninguém menos que São Paulo, a cidade e não o Santo.

Manny represente Manhattan, Brooklyn é o Brokllyn, Bronca é o Bronx, Ayslin é State Island e Padimi é o Queens, juntos eles precisam proteger a cidade de um apocalipse interdimensional, o que parece uma grande loucura, mas quando você vê que cada um representa exatamente uma parte da Grande Maçã com todas as suas particularidades a gente acaba se apegando a eles, mesmo sabendo que eles não são pessoas são parte de uma grande metrópole.


Mas nem tudo são flores, o livro é bem confuso, demora muito pra que esse universo comece a fazer sentido e quando você finalmente entende o que está acontecendo e qual o real objetivo desses personagens, a autora vem e coloca personagens que representam lugares muito distante do ponto principal da história,

Paulo está lá apenas pra guiar os nossos heróis, e instruir eles sobre o que realmente aconteceu, mas do nada aparece Veneza e Hong Kong, tudo bem que eles devem aparecer novamente nos próximos livros, mas não vi necessidade nenhuma deles aparecerem nesse primeiro livro. Espero que tudo faça mais sentido nas continuações.

Paulo é o tipico brasileiro, se mete onde não deve, e nunca chega a tempo de resolver nada, mas ainda assim ele é muito útil nesse primeiro livro. Afinal a maioria dos nossos personagens não faz ideia de quem era antes de a cidade nascer, e não tem a menor ideia de quem seja ou do que deve fazer.

No caso do Manny tudo acaba sendo muito instintivo, mas ele acaba demorando um pouco pra entender a situação, a Ayslin é a mais ingênua do grupo e isso se deve ao fato de que o local que ela representa é caracterizado dessa forma pelas pessoas, e ela acaba sendo meio cansativa. Mas a Brooklyn sabe exatamente que era e quem é, e o que eles devem fazer, e não ficou muito claro pra mim porque ela sabe de tudo isso, se o Paulo está lá pra isso, pra ajudar eles a lembrarem dos seus objetivos.

No fim é um livro bom, mas me deixou muito confusa em vários momentos, o que fez com que essa leitura demorasse muito mais do que deveria, afinal é um livro curto tem um pouco mais de 300 páginas.

Quero dar continuidade a trilogia, porque quero saber pra onde essa história vai caminhar, o que já mostra que a leitura apesar de confusa vale muito a pena.

Muito obrigada por ler até aqui,

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Um dos melhores livros que li esse ano! N.K Jemisin nunca desaponta! As nuances e os temas que são abordados explicitamentes, são sempre necessarios e se encaixam muito bem com a narrativa! Não vejo a hora de ler a continuação.

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Nós Somos a Cidade foi meu segundo contato com a escrita de N.K. Jemisin, e eu achei que já sabia o que esperar, mas estava enganada.

O enredo da obra é maravilhoso e a forma como ela desenvolve os personagens (de uma diversidade enorme) e ao mesmo tempo conta a história de Nova York (sempre com todas as críticas necessárias) me ganhou de cara. O fato de o "Brasil" ter alguma relevância na narrativa também foi bem legal.

Em alguns momentos eu achei que a repetição de algumas críticas dentro da obra eram desnecessárias, e sentia como se ela estivesse explicando de novo e de novo por que algo era problemático. Mas, infelizmente, sei que nem todo mundo entende algumas dessas coisas de cara, e a repetição também reforçava o quanto alguns grupos sofrem frequentemente com certas situações, e a raiva com certeza nunca diminui.

A única coisa que me incomodou realmente tem mais a ver com a parte fantástica da obra. Eu adorei tudo em relação à construção do universo e sua relação com o nosso mundo, inclusive o fato de algumas coisas ainda estarem obscuras, deixando questões a serem respondidas na continuação. Porém, senti falta de um desafio real para os protagonistas. Em momento algum fica claro o que eles podem ou não fazer, qual o limite de seus poderes e conhecimentos. É como se eles só soubessem e sentissem que deviam fazer algo, fizessem e tudo certo. Isso contribuiu para uma resolução final que achei anticlimática.

Sem dúvida, a obra é uma declaração de amor (acompanhada de um baita puxão de orelha) a Nova York, e nesse sentido, ela atinge seu objetivo.

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Acredito que para ser justa, preciso começar essa resenha deixado claro que “Nós somos a cidade” é o livro mais criativo e instigante que li nos últimos anos. A Fantasia é meu gênero literário favorito, mas às vezes sinto que o gênero está a beira da exaustão, o que me deixa triste – de verdade, e, por isso, toda novidade é bem-vinda. Mas aqui não temos somente “umma novidade”: temos uma narrativa completamente inovadora e criada do zero, construída de uma forma tão única e tão completa que no meio da trama me peguei transportada para dentro do enredo tão original e tão bem traçado que eu não consegui desapegar, e entendi o sucesso que este livro fez lá fora: indicado a vários prêmios e aclamado, “Nós somos a cidade” se passa na cidade de Nova York, que está ganhando vida. Se eu fosse resumir o livro em uma única linha, seria isso, mas ele é muito, muito mais do que isso.

Também preciso preparar você, caro leitor, que também está ansioso para ler esta obra, que é do estilo da autora deixar vários elementos sem resposta no começo da trama, e aqui não é diferente. No começo você irá sim, se sentir perdide e confuse a ponto de se questionar o bom e velho: “O que está acontecendo aqui mesmo?” porque a trama é complexa, mas não jeito que causa desinteresse no leitor, e sim justamente o contrário: faz com que não possamos deixar o livro de lado para que possamos entender tudo que está acontecer. E aqui a autora faz exatamente isso. Você só precisa ter fé e continuar sua leitura, mesmo que ainda se sinta um pouco perdide.

Logo no início da trama somos apresentados a quem acreditamos que será um dos personagens principais e que descobrimos ser Manny, ou melhor, o avatar de Manhattan, parte de Nova York. Sim, ele tem um apelido que aproxima o personagem da parte da cidade que ele representa, até para facilidade o contato inicial do leitor com a trama. Manny não tem todas suas lembranças e esse também é um ótimo recurso narrativo, já como estamos acompanhando-o e não sabemos realmente o que está acontecendo. Também somos apresentado a Paulo, um personagem que parece ser bastante misterioso e estar interligado a seu próprio nome – sim, outro personagem ligado ao nome. Pegaram a dica?
Manny logo se encontra sendo atacado por uma mulher que ele nem ao menos entende quem é ou o que faz, tudo isso no meio das ruas da cidade. New York aqui é uma personagem e vamos sendo apresentados tanto a sua diversidade cultural quanto aos seus problemas – e logo de cara temos uma cena que me impactou bastante com a xenofobia e racismo. Se há algo que eu também preciso enaltecer no livro é a forma como a autora inseriu tão, tão naturalmente problemas que vivemos todos os dias em nossa sociedade, com cenas que chegam a doer o coração de tão reais que são. Não é porque estamos no genêro da fantasia que podemos esconder nossos problemas como seres humanos, e entre eles temos o racismo, a homofobia, corrupção policial e muito mais. Essa naturalidade é toda crédito da autora N.K. Jemisin, que realmente é um dos maiores nomes atuais da fantasia e muito, muito merecidamente. Obviamente ao ver esses elementos, eu já estava mais do que vendida ao livro, mas ainda tinha bastante duvidas sobre a trama central do livro.

Temos múltiplos pontos de vistas e isso também vai ajudando a conhecermos melhor os outros avatares da cidade de New York: assim como Manny, que está representando Manhattan e o conhecemos previamente, somos apresentados também à Brooklyn Thomason, uma já aposentada rapper que aqui representa justamente o Brooklyn; Bronca Siwanoy, uma descendente indígena lésbica que trabalha em uma galeria de arte e representa o Bronx; Padmini Prakash, uma estudante de 25 anos que representa e mora no Queens e, completando o grupo, temos Aislyn Houlihan, uma mulher branca que viveu reprimida sua vida inteira por seu pai na ilha – sim, em Staten Island. Através dos olhos de Manny, que não se lembra de nada, e de Brooklyn, vamos vendo a dupla tentando reunir os 3 avatares que faltam, e vamos sendo apresentados a outros personagens, além da vilã (lembram da mulher que logo atacou Manny?) e voltamos a ver Paulo, que também conhece Manny. Cada um desses personagens tem um poder diferente, e não vou falar deles para vocês, deixando a deliciosa surpresa de descobrir a medida que a narrativa vai se desenrolando, mas já adianto que cada um dos poderes está completamente ligado as suas personalidades, tudo lindamente encaixado.
O grupo é claramente bastante diferente entre si, com personalidades completamente distintas, e aqui preciso assinalar a história de Aislyn, uma mulher que teve toda sua vida ditada pelo que seu pai, um policial racista e prepotente, tudo escolhido dele para ela. De longe foi minha personagem favorita e acho que quase todas as mulheres encontraram algo para se espelharem na personagem e o arco da personagem na narrativa foi muito, muito convincente e tocante. Além de suas personagens bastante diferentes, há também a diferença de raças, sexualidade e também de idade, coisa que me agradou demais. É um grupo completamente diverso e também temos só que agradecer a autora ao mostrar suas experiências de vida tão opostas e como, de alguma forma, eles se tornam uma espécie de família – disfuncional, mas uma família.

“Por que eles precisam se unir” é também uma grande questão, claro. Afinal, que mulher é essa que tentou atacar Manny no começo da narrativa e que tem poderes capazes de se espalharem como uma espécie de vírus entre as pessoas pela cidade, assim como o motivo pelo qual New York é composta por 5 avatares e o que aconteceu com o avatar único da cidade – como, por exemplo, São Paulo (sim, a nossa São Paulo é um personagem do livro e sim, estamos muito bem representados, prometo). As respostas começam a vir, mas não sem antes criamos outras perguntas e ficarmos bastante intrigados com a vilã, que é uma vilã que não é totalmente má, assim como os 5 personagens principais também não são completamente bons, coisa que torna toda a trama cada vez mais crível.
Ainda não há como não mencionar a parte de como cada personagem reflete tão bem o seu bairro e a forma como o representa. Houve muita, muita mesmo, construção de personagens e ambientação nesse livro, muito mais do que a maioria dos livros de fantasia que estamos acostumados, mesmo sendo no subgênero de “Fantasia Urbana” na qual ele se encaixa. Sinceramente, lendo esse livro e a forma como os personagens começam a correr para salvar sua cidade (e eles mesmo) me fez ir para New York e aprender mais sobre a cidade, tudo em um feito que não acredito que seria possível se tivesse sido escrito por outra mão. Eu estava em New York ontem à noite enquanto lia esse livro, e não posso agradecer o suficiente a N.K. Jemisin por isso.

Mas… Sim, há um “mas” que pode fazer alguns ansiosos perderem um pouco o ritmo de leitura: a falta de resposta nas primeiras páginas: o que já falei acima e não me fez desistir da leitura de forma nenhuma, e digo a você, leitor que decidiu dar uma chance a esse livro: continue lendo. Não espere uma solução para as primeiras páginas porque o melhor está para vir, eu prometo. Claro que o final que deixa várias perguntas em aberto – mas, claro, esse é o 1º livro de uma trilogia que se chama “Grandes Cidades”, então podemos esperar mais respostas nos próximos volumes, e algo com uma qualidade tão alta quanto esse livro.
A ideia de que somos parte da cidade que moramos, assim como ela é parte de quem somos, me pegou com bastante força, me fazendo pensar sobre os lugares que já morei e a forma como estes lugares impactaram minha vida e estão em mim até hoje. Lugares que visitamos, ruas pelas quais passamos, aquela mercado que passamos, aqueles vizinhos que sempre cumprimentamos com um singelo “Bom dia”, tudo isso faz parte do caminho que trilhamos até aqui. E sim, consigo entender a mensagem de problemas atuais e viscerais que vivemos (racismo, xenofobia, misoginia e muito, muito mais) misturado a uma fantasia que espelha todos esses problemas. No final, sim, nós somos a cidade que moramos, e parte dela fala por nós. Só precisamos escolher como e, principalmente, o que desejamos falar.

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Resenha | Nós Somos a Cidade | N.K.Jemisin | @editorasuma | 4,2🌟/5🌟


📄 Oi seguimores, como vocês estão? Hoje é dia de Resenha aqui no Cantinho.


📝 Nós Somos a Cidade é o mais novo lançamento da autora N.K.Jemisin e abro essa resenha dizendo que foi o meu primeiro contato com a escrita dela e com uma narrativa leve, envolvente e encadeada de emoções, acabou me fisgando logo no início.

📝 Aqui, nesta obra, o leitor embarca em uma trama que mostra que a cidade de Nova Iorque possui seus segredos, suas histórias e seus “monstros”. Tudo isso de forma ímpar que vai cativando ao longo da leitura. Preciso destacar que fui surpreendido por essa trama, pois foi a primeira vez que tive contato com uma “mitologia” desta maneira e sua construção me ganhou.

📝 Além de uma boa narrativa, a obra me fez sair um pouco da “caixinha”, pois Nós Somos a Cidade vai muito além de uma fantasia urbana, ela trabalha elementos mais fantásticos e o leitor fica conectando as peças para entender o que os cinco heróis precisam enfrentar e evitar. Caro leitor, eu fiquei pasmo com a forma que tudo se desenrola, as tramas, as subtramas e também os plots, tudo foi bem pensado e bem executado.

📝 Outra questão que destaco é a construção dos personagens. A autora trouxe personagens que possuem suas dores, suas cicatrizes, seus traumas e seus medos e que ao longo do livro conseguimos entender o que cada um vivencia e como isso afeta o seu presente. Essa realidade empregada foi uma imensa surpresa positiva, pois para quem me conhece, sabe que gosto bastante de personagens assim.

📝 Ademais, temos uma dose de representatividade muito necessária e bem atual. Um ponto que me chamou a atenção, ainda mais da forma que foi empregada. Creio que cada leitor irá se identificar de alguma forma com os protagonistas desta história e isso, ao meu ver, ajudou muito ao longo da leitura, já que fica aquela sensação de: “o que vai acontecer na próxima página, no próximo capítulo”.

📝 Tudo isso culminou em um final repleto de reviravoltas e de surpresas me deixando ainda mais ansioso para o próximo volume desta trilogia.


📖 Livro cedido em parceria com a @editorasuma selo da @companhiadasletras.

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