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Memórias do subsolo

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Já li Dostoiévski no passado e resolvi voltar a me aventurar a ler literatura russa. Por isso, quis começar com um livro mais curto, como é o caso de Memórias do Subsolo.

Aqui o autor traz várias críticas interessantes, mas eu acabei perdendo o interesse em alguns momentos. Por ser bem menor que outros livros do autor, pode ser uma boa forma de conhecer o autor (embora eu não ache que seja seu melhor trabalho).

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"Não só não consegui me tornar maldoso como fui incapaz de me tornar qualquer coisa: nem mau nem bom, nem crápula nem puro, nem herói nem inseto. Agora, vou vivendo no meu canto e atiço a mim mesmo com um consolo pérfido, que não serve pra nada, e que vem da ideia de que um homem inteligente não pode, a sério, tornar-se coisa alguma e que só um imbecil se torna alguma coisa".

📖 Alienado da sociedade e paralisado pelo peso da própria insignificância, o narrador deste livro conta a história de sua conturbada vida. Com fina ironia, ele relata sua recusa em se tornar mais um trabalhador e seu gradual exílio da sociedade que o cerca. Escrita em poucas semanas, esta novela arrebatadora explora, com a maestria única de Dostoiévski, as profundezas do desespero humano.

🗨️ Tenho que dizer que já há algum tempo tinha vontade de ler alguma obra de Dostoiévski, então esse livro apareceu na hora certa kkkk. mas também tenho que dizer que não foi a leitura mais adequada. Achei em determinados momentos, especialmente no início, uma leitura um pouco arrastada. A obra fala muito sobre as relações humanas, e pelo fato de estar em primeira pessoa, o personagem principal acaba fazendo inúmeras lamentações e críticas sobre a sua vida e das pessoas a sua volta. Enfim, não achei um livro ruim, longe disso, mas não considero um tipo de leitura que me atraia.
Por @dangomesn

📃 Ficha Técnica
🔹 Título: Memórias do Subsolo
🔹 Autor: Fiódor Dostoiévski
🔹 Editora: Penguin Companhia
🔹 Ano: 2021
🔹 Número de páginas: 184 (Edição Física)
🔹 Avaliação: ⭐⭐⭐

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Como uma grande fã de Dostoievski, peguei Memórias do Subsolo já com a expectativa de gostar mais um livro do autor. Entretanto, o livro se mostrou bem diferente dos outros que li do Dostoievski.

Memórias do Subsolo é narrado em fluxo de pensamento, por um narrador não nomeado que expõe sua visão crítica e pessimista (uma característica comum aos livros do Dostoievski) sobre o mundo, sobre a sociedade e sobre si mesmo. Ele é tão implacável em suas críticas à outros personagens (colegas de trabalho, ex-amigos de escola e personagens que ele conhece brevemente, como um policial num bar) quanto é sobre si próprio, principalmente no que se refere à seu comportamento no local de trabalho com outros colegas, como é mostrado no início do livro.

Apesar do autor de tentar fazer diversas críticas à sociedade russa do século XIX, aos papéis sociais e à própria natureza humana, essas críticas perdem sua força e potência por conta da narração, que é extremamente cansativa. O narrador se contradiz à todo momento, o que atrapalha o fluxo de raciocínio e faz com que a leitura vá perdendo a coerência. Tenho um grande apreço por livros que exploram protagonistas não confiáveis e de moral duvidosa, principalmente aqueles que exploram mais os defeitos do que as qualidades, entretanto, aqui Dostoievski criou um personagem que é apenas cansativo e irritante.

Em suma: senti que o livro tinha muito potencial, mas que foi, em parte, desperdiçado por conta do próprio narrador que, ao invés de colaborar para a perpetuação das críticas sociais e existencialistas feitas pelo autor, apenas deixou-as mais difusas e menos potentes do que poderiam ser.

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Memórias do subsolo, de Fiódor Dostoiévski.

“ […] afinal, toda a questão humana, ao que parece, se resume, na verdade, apenas em que o ser humano precisa provar para si mesmo, a todo instante, que ele é um ser humano, e não o pedal de um órgão!”

Lançada em 1864, a obra é reconhecida como marco inicial daquelas que viriam a ser as maiores publicações do autor. Nela, o narrador conta sua história e expõe criticamente a sociedade que o cerca em tom ácido e irônico.

Embora curto, o livro tem como ponto positivo ir direto ao ponto e me marcou a escolha dos modos de contar a história, sempre tão assertivo quanto agressivo - quase poético sem se desprender do embate que o constitui pela impossibilidade de se desfazer por completo da sociedade que o criou.

Quem me acompanha sabe dos meus receios quanto à Dostoiévski, que superestimei em um primeiro momento e acabou não respondendo às minhas expectativas no passado (ao que tudo indica, não exatamente pela obra; mas por ter começado por ela antes de me habituar à escrita) - e “Memórias do subsolo” desmistificou minhas reservas e renovou a estima pelo autor, cuja escrita é única e transformadora.

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Resenha Jaci Clemente
“Memórias do Subsolo” foi minha terceira experiência com o Dostoièvski e talvez por isso ainda me encontro absurdada com a forma como ele conduz a pessoa leitora ao interior da alma humana sem muita poesia e com o total de zero pudor em mostrar nossas incoerências, avarezas, mesquinhes e capacidade para atrocidades morais.
Ler “Memórias do Subsolo” foi uma mistura de estar face a face com verdades cruéis mostradas de um jeito muito original e surpreendentemente humorado, aliás, nunca um mergulho no fundo do poço foi tão humorado quanto esse.
O livro é narrado em primeira pessoa por um personagem que chegou no fundo do poço, abriu o alçapão e foi morar no subsolo do fundo do poço em um estado de desespero lastimoso e implacável consigo mesmo. Por um lado, sendo uma pessoa adulta no Brasil desse início de século XXI, é fácil se identificar com ele, por outro é terrível acompanhar um personagem que tem tanta comiseração e histórias de fracasso para compartilhar. São tantas lastimas, incoerências, mesquinharias e crises que a leitura para mim foi uma montanha russa onde dei risada, senti raiva, me identifiquei e balancei a cabeça em uma expressão de: “Pra que isso companheiro?”.
A edição Penguin conta com a introdução de Rubens Figueiredo e através dela descobrimos que Dostoiévski escreveu esse livro em meio a um momento difícil da vida dele, enquanto lidava com um fundo de poço emocional. Penso que os sentimentos do autor podem ter se confundido com o do personagem conferindo a esse livro um alto teor de sinceridade com a qual a gente pode se identificar com muita facilidade se já esteve no subsolo da vida.
Foi muito bom ler um livro tão sincero! É muito bom abrir um livro e encontrar um personagem real, com mesquinharias reais incapaz de dissimular suas baixezas e enganar o leitor. Amei! Me sinto, inclusive, pronta para, finalmente, ler “Crime e Castigo”.

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Nunca tinha lido nada da literatura russa, acredito eu, e essa estreia foi muito interessante. Dotoievski traz um pouco do lado cru, mas também trouxe um pouco dos questionamentos da vida aos quais estava vivendo no momento da escrita desse livro e acho que foi muito interessante essa construção.

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Uma novela impactante de Dostoiévski, que já instiga na primeira frase. Gosto muito das narrativas curtas do Dostô, e com essa não foi diferente. O protagonista pode não parecer muito diferente a princípio, mas é nos seus contornos que ele se diferencia, entre suas frustrações e infelicidades - ele é muito realista. Percebemos por meio do livro que nada é certo nessa vida, principalmente porque somos, boa parte das vezes, conduzidos pelas nossas próprias ilusões.

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