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Carrie

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esse livro é a definição perfeita de prometeu nada e entregou tudo, sabe? eu comecei a ler com zero expectativa pq os filmes não são lá grandes coisas, mas me surpreendi com absolutamente tudo.

não acho que carrie seja um livro que faz quem leu falar “uau, que desenvolvimento de personagem” pq não tem isso e é ótimo que seja assim. os personagens tão estagnados nas próprias personalidades - ruins pq são ruins mesmo, fanáticos religiosos, e uma mocinha adolescente incompreendida -, mas tem um desenvolvimento de narrativa incrível.

eu adorei que o livro é todo com relatos em artigos, jornais, livros e depoimentos policiais pq deixa tudo mais interessante.

a carrie merecia o mundo, mas o mundo não merecia ela. me arrisco dizer que ela ainda foi muito boazinha. e a mãe? completamente LOUCA; não tem outra palavra.

logo no livro de estreia o king já deixou a marca registrada dele: os pensamentos dos personagens no meio da narração, e carrie é um daqueles livros indispensáveis na vida.

amei tudo. inclusive a personagem. maravilhoso.

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Antes de começar a ler “Carrie”, você precisa saber que a narrativa não é somente contada pelos olhos de um narrador onipresente que segue a protagonista (ou em alguns outros pontos, outros personagens principais) e sim também por documentos de uma comissão que investiga uma tragédia que aconteceu na cidade de Chamberlain, no estado do Maine (que, obviamente, é a cidade natal de Carrie e sua mãe), trechos de um livro escrito por uma sobrevivente, trecho de um artigo escrito por outras sobrevivente, entrevistas com pessoas que entraram em contato com a garota ao longo de sua vida e diversas passagens que ajudam a montar o quebra-cabeças dessa narrativa – e isso é uma reclamação de vários leitores que já vi por ai em resenhas, já como a narrativamente obviamente não é cronologicamente linear. Isto, para mim, é, de longe, um trunfo de King, que nos dá informações sobre os personagens que nos faz ver melhor como os acontecimentos se desenrolaram, já como que ao final da leitura fica claro que se não fosse assim e somente seguíssemos Carrie, não teríamos todas as informações que temos ao concluir a última pagina. A outra informação que você precisa ter é que “Carrie” foi o 1º livro escrito por King, então tenha isso em mente que falarei sobre a escrita dele mais a frente. O ano era 1974 e ali estava nascendo um dos maiores escritores de nossa época. Ainda bem.

A sensação de tristeza que esse livro traz quando a história se encerra não é pouca e é com esse sentimento de tristeza que estou escrevendo esta resenha. Se você, que me lê, espera um livro repleto de acontecimentos bombásticos e terror que todos leitores esperam do King, eu te digo para repensar antes de ler “Carrie” porque ele não é um livro de terror – digo, ele é um livro de terror, mas o terror humano. Claro, há sim o elemento sobrenatural da telecinesia de Carreie (isto não é spoiler, tá na sinopse!) e a promessa de uma grande catástrofe, mas, acima disso tudo, temos o elemento do horror humano, aquele tipo de horror que vemos no dia a dia entre pessoas sendo más e mesquinhas umas com as outras e um relacionamento abusivo no máximo entre mãe e filha. É triste porque Carrie era só uma garota de 16 anos querendo ser amada e encontrou o horror em todos lugares que deveriam lha acolher e amar.

A trama de Carrie se passa em 1979 enquanto ela frequenta a escola Ewen de Ensino Médio, então não esperem celulares e nem tecnologia nenhuma aqui, enquanto há passagens de livros que foram publicados nos anos subsequentes. Ah, eu deveria ter falado isso também, mas vou começar falando da trama e já dar o recado: esqueça os filmes baseados nessa obra. Sério. Vi todos e nenhum, absolutamente NENHUM faz jus ao texto. Não importa as atrizes, não importa as mudanças na trama, não importa o ano e a modernização da trama: o que não faz jus é mesmo ao sofrimento e dor que Carrie passa porque no livro fica bem claro que ela não é a garota padrão. Ela está acima do peso, com espinhas e um jeito introvertido causado por anos de bullying. Os livros sempre padronizaram as atrizes que fizeram a Cassie, enquanto o livro chega até mesmo a ser cruel com a personagem, narrando sempre o quanto a garota não estava dentro dos padrões aceitáveis para ser considerada “bonita”.

Em um mundo perfeito (ando falando muito sobre um mundo melhor em minhas resenhas. Talvez seja pelo momento atual da humanidade, mas estou divagando agora), Carrie não iria sofrer o que ela sofre, mas não estamos no mundo perfeito e muito menos estamos melhorando como humanidade e sociedade: Carietta “Carrie” White é constantemente humilhada desde que conseguiu, por muito esforço, frequentar a escola contra toda vontade de sua mãe, uma mulher amargurada e claramente fanática religiosa, que ve pecado nas mínimas coisas e que me provoca os piores sentimentos possíveis. Digo com facilidade que Margaret White, a mãe de Carrie, é uma das maiores vilãs de todos livros de King pelo simples fato de que se recusa a sequer pensar na filha e tentar entender o que acontece com a garota e como poderia acontecer. Ela não queria Carrie misturada com o mundo mas teve de aceitar, e Carrie sofreu bullying desde o 1º dia que foi para a escola e se ajoelhou no chão do refeitório para agradecer a refeição que iria comer. Claro que nenhuma criança ou adolescente iria “perder” a oportunidade de zoar uma cena dessas, e claro que isso jogou um estigma na garota, que foi crescendo e se tornando mais e mais alvo de todos tipos de piadas cruéis. E digo cruéis de verdade.

Quando a trama começa, o que catalisa o “começo do fim” de Carrie e do desastre que acontece na cidade de Chamberlain é o fato da garota menstruar depois de uma aula de educação física, no chuveiro tomando banho com suas colegas de turma, no colégio. Carrie se assusta porque não tem ideia do que está acontecendo com ela e seu corpo porque sua mãe nunca a contou e a instruiu sobre. Margaret associava o corpo e todas as coisas que remotamente remetessem a sexo como sujas, e, por isso, simplesmente deixou a filha no escuro sobre o próprio corpo. Claro que a garota se assusta com o sangue que sai de seu corpo, e suas colegas de turma, sem a menor ideia do que aconteceu com Carrie em sua casa e também por terem um bode expiratório para suas próprias frustrações e vidas, fazem uma cena grotesca de bullying com a garota, jogando absorventes nela. Até mesmo a professora Rita Desjardin, que chega durante a cena, não acredita no ataque da garota e dá um tapa em sua cara (se lembre que o ano é 1979), mas depois entende que Carrie está realmente perturbada e não sabe o que está acontecendo. Carrie vai para casa encontrar “Mamãe” (sim, ela chama a mãe assim), que se decepciona ao saber que a filha menstruou – e não parece nem sequer pensar sobre a violência que a garota poderia ter sofrido.

Desjardin então toma para si a difícil missão de tentar punir as garotas que fizeram aquela cena grotesca com Carrie, e entre elas temos duas que se tornam essenciais na trama: Susan “Sue” Snell e Christine “Chris” Hargensen, sendo que uma se arrependeu da situação e a segunda, filha de um advogado, não só liderou toda cena como não sente o menor remorso. Tentando dar uma lição nas garotas, Desjardin consegue com o apoio do diretor da escola, Henry Grayle, que Christine não pudesse participar do baile que ela tanto queria, e Sue, consumida pela culpa, pede para seu namorado, Thomas “Tommy” Ross, levasse Carrie para o baile – sim, isso mesmo que você leu, a namorada pediu pro namorado levar outra garota pro baile de primavera. Obviamente isso não daria certo e se você pensa que vamos para o lado comédia romântica com Tommy se apaixonando por Carrie, você está redondamente enganado, bookstan: Tommy está apaixonado por Sue e está o motivo pelo qual aceita levar Carrie e isso não vai mudar, então se foquem no que nenhuma dessas pessoas sabe sobre garota que tanto desprezam: ela tem um poder imenso em suas mãos.

Carrie sabe que é capaz de mover objetos com sua mente, mas nunca se aproveitou disso, nem mesmo nos piores momentos. Claro que seu poder sai de controle alguns momentos, como no horrível dia do bullying no banheiro, que algumas luzes explodiram. Em seu fundo, a garota se sente absurdamente só e tem um desejo desesperador de ser aceita, e é isto que a leva aceitar o convite de Tommy para o baile. Ela não tem sonhos românticos com ele e não espera que a mãe aceite fácil que ela saia um dia a noite, mesmo trabalhando como costureira e comprando com seu próprio dinheiro o tecido para fazer o vestido do baile. Margaret perdeu o marido muito cedo e preferia acreditar que a filha nunca iria se tornar uma mulher no sentido amplo da palavra, e obviamente não reage nada bem quanto Carrie lhe conta que irá sim ao baile.

Já falei mais acima que acredito que Margaret é uma das piores vilãs de King e afirmo isso sem medo algum. Desde cedo ela parecia não aceitar o segundo casamento de sua mãe (já como a comissão sobre a tragédia que se abateu sobre Chamberlain foi investigar o passado da mulher) e conheceu Ralph, que viria a ser seu marido e pai de Carrie, em uma Igreja bastante… rígida, para não usar outro termo. A crendice da mulher era tanto que ela se referia a seios como “almofadinhassujas”, então está mais do que claro que ela jamais iria aceitar bem a filha indo para uma festa pecaminosa dessas – e você vai tendo informações sobre o relacionamento dela com o finado marido e a forma como a mulher acreditava que um relacionamento deveria ser. Ao mesmo tempo que Carrie consegue se impor de uma forma inquietante, vamos lendo que Christine se juntou a seu namorado, Billy Nolan, para tentarem pregar uma peça no dia do baile, já como ela não poderia ir. Mas Billy tem também suas próprias ideias e estas podem ser ainda piores do que Christine tinha em mente, fazendo toda situação escalar em níveis que ninguém, absolutamente ninguém esperava. Ou talvez esperava, como se deixa claro no começo do livro, pelo menos em um nivel subconsciente.

Não quero deixar de falar também que fica claro nesse livro o quanto o estilo da escrita de King mudou ao longo dos anos, o que é bastante esperado. Ainda temos aqui o começo de sua vontade interminável de descrever lugares físicos com parágrafos longos demais, mas em quantidades bem menores em comparação a outros livros (“Love”, estou olhando para você!). Para quem está acostumado a ler os livros do autor, pode haver uma certa estranheza, e para quem vai começar a ler é um ponto positivo, já como vi várias pessoas reclamando da “divagação” do autor em diversos trechos de suas narrações. Aqui temos uma trama mais enxuta e mais direta, então se você nunca leu nada do grande mestre do terror e suspense, aqui pode ser um ótimo livro de introdução porque não há passagens tão pesadas como outros livros dele mas entendam bem o que estou falando: falo em comparação com outros livros do mesmo autor porque em “Carrie” há sim temas sensíveis e menções a bullying, agressões e violência.

Claro que não vou encerrar essa resenha sem falar da edição nada menos do que PERFEITA (em caps e negrito) de “Carrie” na Biblioteca Stephen King. Sétimo título do autor a sair na coleção de luxo, com capas duras emborrachadas e material extra, temos aqui um livro que é essencial para qualquer leitor e que vai se tornando mais e mais preciosa e ainda conta com uma introdução escrita pelo próprio autor com menção a uma passagem de sua própria vida, na qual ele conta sobre suas antigas colegas Tina White e Sandra Irving (obviamente não são nomes reais), que sofreram com bullying. Toda introdução é incrível de se ler, saber mais sobre quando o livro foi escrito e a importância de sua esposa, Tabitha, em sua vida, além de ver um lado mais humano de King. É incrível. E ah, a Editora Suma retirou o subtitulo “A Estranha” porque a pobre Carrie já sofreu demais e não vamos perpetuar seu sofrimento, certo? Sou suspeita pra falar, a Suma é mesmo meu selo favorito da minha Editora Favorita, então o que eu posso falar além de que se você for fã do King como eu sou, pode começar a juntar suas moedinhas para comprar esses exemplares (e não, eles não estão mais tão acima da média do que os livros estão sendo cobrados agora, infelizmente. Se você juntar alguns cupons, você vai conseguir vários com desconto, pode acreditar – eu mesma completei minha coleção com algumas edições passadas assim). Os livros da coleção, agora com “Carrie”, são: “O Iluminado”, “Cujo”, “Metade Sombria”, “A Hora do Lobisomem”, “A Incendiária” e “Trocas Macabras”.

No final das contas, o que deixo claro para você, bookstan que está lendo esta resenha, é que se você deseja conhecer mais sobre King e sua mente, você pode e deve começar por “Carrie”, não por ser o primeiro livro dele, mas sim por ser um livro que mostra os verdadeiros horrores que pessoas comuns, como eu e você podemos fazer, seja por aceitação, seja por seremos rejeitados. Não há limites para a criatividade de King, mas também temos certeza de que não há limites para a crueldade humana, e ele mostra isso com maestria nesse livro que poderia ter sido escrito nos dias atuais. Mesmo com aquele final tão triste e dolorido, eu acho que a personagem principal conseguia o que queria: ela foi aceita. Carrie merece que você a conheça e a ame.

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Por esse ser o primeiro livro do Stephen King, já fui com as expectativas mais baixas, não esperando muita coisa relacionado a escrita e afins. Apesar de ser bem diferente do estilo de escrita atual do autor, aqui é possível perceber pequenos detalhes que o King carrega até hoje nos seus livros, principalmente na sexualização da mulher. O autor sempre destaca muito os "peitos volumosos" das personagens, e o quão abusivo os homens são com essas mulheres.

A história da Carrie, mesmo que você não tenha lido o livro ou visto as adaptações, já está muito presenta na cultura pop, ou seja, todo mundo conhece indiretamente.
Então, enquanto lia o livro, mesmo não lembrando nada do filme, eu meio que já conhecia toda a história.

O que foi novidade para mim, foi o autor colocar trechos de entrevistas, pedaços de livros e noticias de jornais no meio da narrativa.
No começo isso foi muito interessante, já que apresentava artigos científicos (fictícios, claro) sobre o poder telecinético da Carrie e os motivos de ela ter nascido com isso.
Conforme foi passando a história, essas interrupções começaram a ser irritantes. Eu só queria ler o que estava acontecendo naquele momento, não queria ficar indo para o futuro acompanhar um interrogatório.

Esse tema de pessoa que sofre bullying na escola e depois se vinga já é mais batido, agora me 2022. Mas para a época isso devia estar muito em alta, então deveria ser mais interessante.
O diferencial que esse livro trás, é essa narrativa da mãe ser uma fanática religiosa (acho que é assim que fala). Mostrar o modo como a Margareth White tinha uma visão sobre questões básicas, e como ela tratava a Carrie, faz os leitores sentirem um pouco da pressão psicológica que a personagem principal deveria sentir.

Ler um tema tão ultrapassado nos tempos de hoje, onde as pessoas (pelo menos a maioria) tem a mente mais aberta, foi meio perturbador. Sinto que a realidade de hoje é tão mais "livre" nos pensamentos, que quando vê algo que realmente acontecia no passado não consegue acreditar.

Enfim, é um livro bem ok. Recomendo caso você queira começar a ler os livros do autor, é uma ótima introdução na escrita dele.

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Rua o primeiro livro escrito pelo grande mestre Stephen King. Aqui, vemos o suspense psicológico tão comum nas obras do autor.

Apesar de ser a primeira obra, o trabalho aqui apresentado é de um autor já consagrado, afinal, é bem escrito, bem desenvolvido, totalmente imersivo.

Sobre Carrie, eu só queria dizer que senti muita pena dela o tempo todo, e que, mesmo com tudo o que aconteceu, não a vejo como vilã, mas sim, vítima. Da mãe e da sociedade. As coisas poderiam ter sido diferentes... 💔💔💔

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Leitura mais que obrigatória. Carrie é um clássico e ninguém pode negar e nessa nova edição, ficou ainda mais difícil negar a tentação de ler, reler e reler essa obra. Tradução perfeita e digna de reconhecimento. Um belo trabalho.

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Resenha Sandra Martins

Um casamento desestruturado. Um pai com uma característica peculiar. Uma mãe fanática religiosa. Uma filha que sofre violência física e psicológica. Colegas de escola que cometem bullying fortíssimo.

Esses são alguns ingredientes da receita que gerou um dos livros mais famosos de Stephen King e o primeiro a ser publicado (thanks, Thabitha) pelo autor e que até hoje é referência para livros, filmes e seriados mundo afora.

Carrie é uma adolescente que cresce sob os cuidados de Margaret, uma mulher com um posicionamento muito radical e que controla a vida da filha da forma mais esdrúxula e violenta possível. Tudo isso em nome de Deus.

Só que Carrie tem algo que sua mãe considera como uma maldição : a capacidade de mover objetos ou telecinia. Ela culpa a filha por ter sido gerada através de um ato impuro (sexo era um ato sujo para Margaret) e acaba tentando purificar a menina.

Tudo piora quando Carrie menstrua e a mãe acha que o sangue vai acabar atraindo os homens, que virão corromper a sua filha. E ela sofre um bullying muito pesado na escola, quando as "colegas" a chamam de nomes e atiram absorventes na menina, que fica traumatizada.

A partir daí, Stephen King desenvolve uma narrativa curta e bem intensa ao descrever o extremismo religioso de Margaret, o poder telecinético de Carrie, a culpa sentida por Sue, e o prazer em fazer a maldade de Chris. Isso sem falar na crueza com que a natureza humana é mostrada.

Carrie, a estranha é aquele livro curto que se pensa que pelo número de páginas ele não vai ser visceral, mas ele é. Visceral e atemporal. E muito cru.

Uma história de terror que se tornou o cartão de visitas do mestre King.

Ainda não leu? Pegue rumo e leia. Entretenimento garantido!

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Resenha | Carrie | Stepen King | @editorasuma | 5🌟/5🌟

📄 Oi seguimores, como vocês estão? Hoje é dia de resenha aqui no Cantinho.

📝 Carrie é um livro que recomendo para todos que desejam começar a explorar o universo do autor Stephen King, pois apresenta uma narrativa fluida, envolvente e regada de informações que vão tornando a experiência de leitura ainda mais incrível.

📝 Além de uma ótima narrativa, King constrói uma história que vai além de apenas contar uma trama, em Carrie o autor aborda o bullying na escola, mostrando como os atos podem marcar uma pessoa para sempre. É nítido como o escritor aborda uma pauta que até hoje, infelizmente, acontece. Um ponto que gostei bastante ao longo da leitura, pois acho fundamental quando um livro debate uma pauta necessária.

📝 Outro ponto que ressalto é a protagonista desta história. Carrie é uma jovem que foi criada por uma mulher excêntrica e que acabou não conhecendo nada de si mesma por conta desta criação, além de sofrer bullying na escola através dos anos. Com maestria King mostra como estes fatos influenciaram na vida e na personalidade da jovem e ao longo da leitura é nítido como ela sofreu e como precisou lidar com tudo sozinha. Carrie não tem um norte e isso fica claro ao leitor e ao perceber seu dom, tudo fica ainda mais intenso.

📝 Ademais, reforço que, Carrie é uma leitura muito fácil de se fazer, ainda mais a partir da segunda parte onde a história ganha um ritmo mais acelerado.

📝 Tudo isso culminou em um final que vai de fato lhe surpreender, até mesmo impactar e lhe fazer pensar, pois mesmo tratando de uma ficção, sabemos bem que muitos jovens já fizeram coisas insanas por conta do bullying que sofriam. Um romance que envolve e que, acredito eu, serve também de um alerta para que conversemos com os adolescentes e fiquemos de olho se eles não estão sofrendo alguma forma de violência verbal.

📝 Carrie é uma história atemporal, um romance que de fato conquista o leitor e na edição da Biblioteca de King da @editorasuma ainda traz um conteúdo especial mostrando que este primeiro livro do autor chegou conquistando!

📖 Livro cedido em parceria com a @editorasuma selo da @companhiadasletras

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Carrie White e a monstruosidade feminina

No ano em que Stephen King completará 75 anos, a editora Suma publicou uma nova edição de uma das mais famosas histórias do mestre do horror. A história da adolescente que tinha uma mãe abusiva e fanática, que sofria com humilhações na escola e descobre ter poderes telecinéticos após sua primeira menstruação: trata-se de Carrie, primeiro livro de King, publicado pela primeira vez em 1974, com nova tradução de Regiane Winarski, mais um título que agora faz parte da coleção Biblioteca Stephen King, que já contava com os títulos Trocas Macabras, A Metade Sombria, A Incendiária, O Iluminado, A Hora do Lobisomem e Cujo.

Apesar de ter sido publicada pela primeira vez há quase cinquenta anos, a história de Carrie White continua muito atual, para melhor e para pior, provocando reflexões, pesquisas e trazendo a cada releitura imagens icônicas já imortalizadas na história do horror. Mesmo sem ser um fã, é impossível ficar indiferente às injustiças que Carrie sofreu ou não se lembrar da lendária cena do baile de formatura e, a maneira com que direta ou indiretamente, sua história demonstra como apenas o fato de ser uma mulher pode ser considerado um ato monstruoso.

Sangue

O sangue está em todos os lugares na história de Carrie White, seja apenas na menção ou em sua materialização. Sangue de diversos tipos: o menstrual, o de porco ou o da morte. E após uma rápida reflexão é fácil entender o porquê: a imagem da mulher sempre foi ligada ao sangue, principalmente ao menstrual, e durante a caça às bruxas essa perseguição se intensificou transformando tudo que representa o feminino em algo monstruoso, perigoso, sujo e depravado.

E não se trata apenas de uma especulação, a própria mãe de Carrie se refere a ela muitas vezes como uma bruxa. O fato de Carrie começar a desenvolver seus poderes durante sua menarca não é um caso isolado. O ciclo menstrual sempre foi visto como uma época em que a mulher fica mais poderosa ou mais perigosa, desde o início dos tempos, como foi apontado por Barbara Creed em seu livro The Monstrous-Feminine:

"Em algumas culturas, uma jovem que teve sonhos proféticos na época da sua menarca era frequentemente apontada como uma futura xamã ou bruxa. Novamente, vemos a associação entre o sangue da mulher e o sobrenatural. A menstruação também estava ligada à maldição da bruxa - tema explorado em Carrie. As bruxas eram temidas porque pensavam que podiam lançar terríveis feitiços e trazer a morte para aqueles que elas amaldiçoaram. Historicamente, a maldição de uma mulher, principalmente se estivesse grávida ou menstruada, era considerada muito mais potente do que a maldição de um homem. Uma 'maldição de mãe', como era conhecida, significava morte certa. A maldição de uma mulher que também praticava bruxaria era ainda mais mortal do que a de uma mulher comum."

A maldição de sangue é citada muitas vezes por Margaret White, mãe de Carrie, que utiliza de seu fanatismo religioso para tentar explicar suas ações odiáveis, como não contar à filha que a mesma algum dia iria menstruar, fazendo a menina pensar estar morrendo quando sangra pela primeira vez. Durante a cena no vestiário, Carrie mais uma vez é humilhada por suas colegas de turma, que começam a gritar, rir, xingar, agredir, jogando absorventes em cima da moça assustada que não fazia ideia do que estava acontecendo. Quando Carrie vai até a mãe à procura de conforto, mais uma vez é tratada como um monstro,pela mulher que, mesmo sendo sua mãe, também vê o feminino como demoníaco.

"Você é mulher. [...] E Deus fez Eva da costela de Adão. Levanta, mulher. Vamos entrar e orar. Vamos orar a Jesus por nossas almas femininas fracas, malignas e pecaminosas. [...] E Eva era fraca e soltou o corvo no mundo e o corvo se chamava Pecado, e o primeiro pecado foi o coito. E o Senhor visitou Eva com uma maldição, a maldição era a maldição do sangue. E Adão e Eva foram expulsos do jardim e jogados no mundo e Eva descobriu que sua barriga crescia com uma criança dentro.[...] E houve a segunda maldição, a maldição do parto e Eva teve caim em meio a suor e sangue[...] E depois de Caim, Eva deu à luz a Abel, por ainda não ter se arrependido do pecado do coito. E assim o senhor visitou Eva com a terceira maldição, e essa foi a maldição do assassinato."

A mulher sempre foi vista como um outro masculino imperfeito, mais propensa a loucuras e ao desejo carnal e menos inteligente e incapaz. A bruxa era vista como algo ainda pior, como o outro feminino, a que mata bebês ao invés de cuidar deles, aquela que amamenta seres demoníacos com sangue, a que envenena e castra homens, que destrói plantações e a que se deita com o diabo. Assim como é lembrado pela própria Carrie em um trecho do livro:

"Ela pensou em diabretes e famílias e bruxas (eu sou uma bruxa mamãe a puta do diabo) Cavalgando pela noite, azedando o leite, virando potes de manteiga, arruinando plantações enquanto Eles se encolhiam dentro de casa com sinais de proteção entalhados nas portas."

Mesmo que os poderes de Carrie estivessem sempre com ela, como no episódio das pedras que caíram sobre sua casa quando a menina tinha apenas três anos, é durante a primeira menstruação que eles se tornam mais evidentes e fortes. A puberdade feminina sempre foi vista como um período em que o corpo da mulher passa a não estar mais no controle da própria, e a sociedade passa a ver isso como uma possibilidade de algo espiritual possuir esse corpo independente da vontade da mulher. No cinema de horror e na historiografia da bruxaria, essa possessão muitas vezes é demoníaca. Como se a partir daquele momento, o corpo feminino fosse automaticamente pecaminoso. Assim, os desejos da mulher passam a ser vistos como pecaminosos e destrutivos, como acontece com Carrie. Já afirmou Barbara Creed:

"O corpo de cada mulher é marcado por feridas sangrentas; a ferida é um sinal de abjeção na medida em que viola a pele que forma uma fronteira entre dentro e fora do corpo. [...] A jovem bruxa (Carrie) evoca simpatia e horror porque seus atos malignos estão associados com a puberdade e a menarca. O monstruoso-feminino é construído como um objeto-figura porque ele ameaça a ordem simbólica."

Monstruosidade feminina

É importante ressaltar que a mãe de Carrie não é a única que enxerga a menstruação como algo pecaminoso. Mesmo que seja de uma forma diferente, as meninas que humilham Carrie no vestiário também têm uma ideia do sangue menstrual como algo sujo e digno de piada, e em nenhum momento pensam em ajudá-la ou explicar o que de fato está acontecendo até a professora de ginástica, a srtª. Desjardin, aparecer. Há também uma parte do livro em que uma das meninas acha graça ao lembrar que certa vez viu Carrie usando um absorvente para limpar o batom porque achou que era para isso que servia, e a moça apenas riu e confirmou que era de fato para limpar maquiagem. Essa visão de que a menstruação é algo sujo não existe apenas na mentalidade de muitas pessoas que não menstruam. Como é apontado pela srtª. Desjardin logo após o episódio do vestiário:

"Eu tenho um teto de vidro, sabe? Eu entendo o que as garotas sentiram. Aquela situação me fez querer segurar a garota e a sacudir. Talvez haja algum instinto relacionado a menstruação que faz as mulheres quererem rosnar, sei lá."

É importante lembrar também que meninas podem ser malvadas, principalmente na adolescência. Não é algo surreal pensar em meninas humilhando outras sem nenhuma razão aparente, assim como a maternidade nem sempre é algo sacro ou como muitos dizem ser um instinto que toda mulher tem. O ódio que não apenas as meninas sentem por Carrie, como também que sua própria mãe sente, é muito real.

Chris Hargensen é a única apontada como verdadeira vilã da história, por jogar o sangue de porco em cima de Carrie no baile, mas ela não foi a única que continuou a rir e a humilhá-la mesmo após o fato. Sue Snell é também é uma personagem muito complexa, pois diferente do que o filme de 1974 demonstra, ela não é uma santa que pede ao namorado para que leve Carrie ao baile porque quer que ela se divirta. Sue é uma garota confusa sobre si mesma, seus atos, seu relacionamento e seu futuro, presa em uma realidade que já foi moldada para ela, mas que não necessariamente escolheu. A relação aparentemente perfeita entre ela e Tommy Ross, o fato de acima de tudo querer se sentir melhor consigo mesma pelo que fez com Carrie, nada disso faz dela uma garota ruim, mas simplesmente uma garota. Uma moça que era sexualmente ativa e estava possivelmente grávida do namorado do ensino médio e que não era uma garota boazinha e perfeita como o filme parece querer demonstrar. Mas que no final das contas, é apenas uma garota tão perdida quanto qualquer uma da idade dela.

"Esse era o fato mais fundamental: nós éramos adolescentes. Carrie tinha dezessete anos, Chris Hargensen tinha dezessete anos, eu tinha dezessete anos, Tommy Ross tinha dezoito anos, Billy Nolan tinha dezenove… Adolescentes mais velhos reagem de formas mais aceitáveis socialmente do que os mais novos, mas eles ainda têm uma peculiaridade para tomar decisões, reagir com exagero ou subestimar coisas."

Algo muito importante de ressaltar na relação de Carrie com a mãe é a repressão sexual. Margaret é uma mulher altamente reprimida em todos os aspectos de sua vida, principalmente no sexual. E deixa claro para Carrie que o pecado é culpa dela, como mulher e como sua filha.

"Malignos, ruins, ah, eram. Mamãe tinha dito que havia uma Certa Coisa. A Certa Coisa era perigosa, antiga, indescritivelmente maligna. Podia te deixar Febril. Cuidado, disse a Mamãe. Vem à noite. Vai fazer você pensar no mal que aconteceu em estacionamentos de beira de estrada."

No clímax do embate entre mãe e filha, Margaret confessa à Carrie que sentiu prazer em ter relações com seu marido quando ela foi concebida, e por isso passa a jogar na menina todo seu ódio por ter pecado e Carrie ser fruto desse pecado, enxergando os poderes telecinéticos da filha como um castigo dos céus. Na icônica cena do filme em que Carrie esfaqueia a mãe para se defender, finalmente a matando, Margaret White parece morrer em meio a um êxtase quase sexual, finalmente se libertando de seus desejos carnais reprimidos por ela mesma.

Citando adaptações, com certeza a mais famosa é a de 1974 dirigida por Brian De Palma. E apesar das problemáticas envolvendo o male gaze, o olhar masculino sobre as mulheres levando à imagem da mulher uma perspectiva sexualizada e masculina do mundo, a primeira adaptação de Carrie ainda é uma das melhores das histórias de Stephen King. A atuação brilhante de Sissy Spacek como a protagonista cujo nome dá título à obra transformou a personagem em um ícone do cinema e da cultura pop, e a direção de De Palma recriou de forma magistral cenas icônicas do livro, como a do baile de formatura.

Carrie sentia desejo de vingança por todas as humilhações que sofreu, principalmente após a cena no vestiário, mas ao mesmo tempo sempre foi apenas uma adolescente e uma moça gentil que literalmente nunca fez mal a ninguém. Quando finalmente consegue se vingar após um último ato covarde de humilhação, é impossível não ficar ao seu lado. Sua fúria e destruição não poupam ninguém, nem os poucos que estavam ao seu lado, pois a partir daquele momento Carrie se torna aquilo que sempre viram nela, um monstro demoníaco, mesmo que lá no fundo ela continue sendo apenas uma moça perdida e inocente. Ainda que o público enxergue sua vingança como um grande deleite, a história tanto do livro quanto das adaptações deixam claro que, após os eventos, Carrie continua sendo vista como uma bruxa maligna, apagando todas as violências que sofreu e que a fizeram se tornar um monstro, mesmo que seja apenas uma mulher. No final do livro, Sue encontra Carrie e, antes de seu fim, Carrie faz a jovem sofrer um aborto, e o que começa com sangue termina com sangue.

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Faz anos que venho adiando meu contato com as obras do Stephen King, não por medo das histórias em si, mas por receio de ir com muitas expectativas e acabar me decepcionando, afinal, ele é muito querido aqui no meio literário.

Mas, a hora chegou, não tive mais como adiar, pois a Suma trouxe para a gente essa belíssima edição da "Carrie", um dos maiores sucessos do autor. Embarquei. De início pensei: "não vai rolar", mas fui lendo com calma até que a tão esperada química chegou!

"Carrie", diferente do que pensei, trata-se de um livro que mostra todos os danos que o bullying pode causar na vida de quem sofre e de quem o pratica. Um livro que foi escrito no ano de 1974 e que, surpreendentemente, é tão atual, tão visceral.

Carrie é uma garota de 16 anos, que sofre em casa com o fanatismo religioso de sua mãe e com o bullying no colégio e, acima de tudo, precisa lidar com a falta de suporte emocional em uma época tão difícil da vida que é a adolescência.

Então, no dia do baile de formatura, Carrie desperta, e todas as mágoas guardadas durante sua vida vêm à tona, junto com o desabrochar do dom - ou maldição - da telecinese; tudo isso causa danos catastróficos a toda a cidadezinha de Chamberlain, no Maine.

"Se eu fosse Carrie, não conseguiria me mostrar ao mundo. Eu encontraria uma pedra enorme para me esconder embaixo."

Acho que fui feliz em esperar a oportunidade certa para conhecer uma das obras do King, pois minha experiência foi maravilhosa. O início do livro me deixou um tanto confusa, mas depois tudo começou a se encaixar e apresentar uma história cruel, com um tom incrível de realidade.

Para quem ainda não leu nada do autor, por experiência própria indico começar por Carrie, pois além de ser um dos livros mais curtos do dele (precisamos nos adaptar a sua escrita), tem um enredo pra lá de envolvente!

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Carrie foi o primeiro livro publicado pelo Stephen King, e ganhou uma edição especial lançada pela Editora Suma em comemoração ao aniversário de 75 anos do autor, que ele comemora esse ano. Hoje a resenha é pra falar dessa leitura tenebrosa e pra lá de instigante.

Carrie não tem uma vida muito feliz. Filha de uma fanática religiosa, a quieta e perturbada garota vive um tormento diário na escola, onde o bullying a acompanha onde quer que vá. Quando um incidente envolvendo sua primeira menstruação se transforma num cenário de zombaria e tortura psicológica, incidentes difíceis de explicar começam a acontecer; lâmpadas quebrando, coisas caindo no chão sem ninguém para derrubá-las.

Acontece que Carrie tem poderes telecinéticos, e o livro nos apresenta à personagem ao mesmo tempo em que uma investigação policial acontece na cidade onde ela vive. Houve uma tragédia terrível, e tudo leva a crer que foi Carrie quem a causou.

Eu só tive contato com a Carrie através das adaptações, tanto a de 1976 quanto a de 2013, e foi uma agradável surpresa conhecer o primeiro livro que o Stephen King publicou, porque já mostrava a força narrativa e a criatividade tenebrosa que o autor levaria por toda a sua carreira, se tornando o mestre do terror. Aliás, esse exemplar foi cedido em cortesia para esta resenha.

Carrie é uma história dramática em partes, porque tudo o que a protagonista vive é sofrimento. É terrível, também, porque o que acontece com a Carrie escalona do bullying para tortura psicológica em alto grau. O que suas colegas de escola fazem com ela pelo simples fato de Carrie existir é pra lá de horrível. Aí você soma isso à um lar que mais parece o inferno, com uma mãe perturbada e fanática religiosa, e tem uma personagem instável em mãos.

Então, quando a famosa cena do baile de formatura acontece, você já espera por ela. Não exclui o fato de ser uma tragédia de escala monstruosa, mas é um caminho de vingança que estava sendo construído com o passar do livro.

Carrie é uma garota doce, ingênua ao extremo, e que vive o pior das pessoas. Ela aguentou demais por tempo demais; e, com a instabilidade dos seus poderes telecinéticos, a retribuição era questão de tempo. Um gatilho, um estalo, e seus poderes poderiam se tornar uma arma de destruição em massa.

"Ela fechou os olhos, dormiu e sonhou com pedras enormes e vivas caindo na noite, procurando a Mamãe, procurando Eles."

Eu gostei de como o livro trabalha a questão dos pontos narrativos; ora mostrando Carrie, ora dando voz à sua mãe - que, diga-se de passagem, é uma das vilãs mais aterrorizantes do King (ele sabe como escrever fanática religiosa pra tirar a gente do sério) - ora sua colega, Sue, que é uma das poucas garotas conscientes do terror que Carrie vive na escola.

Sue, inclusive, é a responsável pelo pouco de humanidade que vemos; ela e o namorado, Tommy, são um casal popular que foge do estereótipo que outras personagens, como Chris, carregam. A da popularidade tóxica.

A relação de Carrie com a mãe é, sem sombra de dúvidas, a parte mais terrível do livro. Margaret White é um monstro em toda a sua concepção; usa a religião como escudo para as falas preconceituosas, nocivas e para a violência que infringe sobre a filha. É o tipo de mente varrida por tudo de pior que existe no mundo.

Além deles, o livro também intercala com as investigações policiais; a gente sabe que alguma coisa terrível aconteceu no baile de formatura, mas vai descobrir só no final. O que motivou isso a acontecer, o que realmente aconteceu, quais foram as consequências.

"É impossível imaginar o planejamento dedicado à ruína de Carrie White - foi um plano feito com cuidado, ensaiado muitas vezes, ou só uma coisa que aconteceu de um jeito meio desastrado?"

Essa nova versão da Suma, com tradução da Regiane Winarski - excelente, aliás -, ficou perfeita para a edição comemorativa. Não apenas pelo trabalho gráfico, de tradução e de capa, entrando para a coleção da Biblioteca do Stephen King, mas também pelos extras que eles trouxeram no final.

Carrie é um terror que mescla o extranatural a um sinal vermelho sobre o bullying extremo, sobre intolerância e fanatismo religioso. É um primeiro livro excelente para um autor que - em 90% das vezes - acerta muito nas narrativas que escolhe contar.

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Nesse livro que leva o nome da personagem principal, vamos acompanhar a vida de uma adolescente que foi criada por um mãe extremamente religiosa. Quando Carrie não aceita algo a mãe costuma bater nela, usar de tortura psicológica e até mesmo se auto mutilar para fazer com que a filha se sinta culpada.
Devido a sua criação nada saudável Carrie é diferente das outras garotas da sua idade, ela acaba virando um alvo para os outros estudantes do colégio que não se importam em humilha-la a todo instante. Em um dos episódios Carrie acaba menstruando depois da aula de educação física, ela acredita que está morrendo e as outras adolescentes começam a jogar absorventes nela e zombam de toda a situação. Naquele momento algo que estava oculto dentro da garota começa a despertar e mesmo que uma professora interrompa toda a situação, a humilhação já aconteceu e não há como voltar atrás.

A professora leva o ocorrido para o diretor e o mesmo decide punir as adolescentes impedindo-as de ir ao baile. Uma das garotas acaba sentindo uma grande culpa e pede para que o namorado convide Carrie para ir ao baile. Nada isso obviamente apaga as marcas deixadas por eles em todos esses anos, mas a garota acredita que precisa fazer isso, Carrie merece uma noite agradável.

Temos diversos pontos de vista sobre a história de Carrie, sobre o despertar dos seus poderes e lemos também alguns relatos sobre as pessoas que sobreviveram ao massacre que foi a noite do baile.
A cada dia que passa a saúde mental de Carrie está mais abalada, ela se pergunta como é possível sobreviver a todos os horrores que estão acontecendo, mas sua sanidade está tão abalada que ela se deixa levar pela onda de poder. Lemos todo a trama de forma alternada, pois no decorrer do livro temos entrevistas, relatos, recortes de jornais e etc.

Foi um livro muito interessante de ler, é surreal como o extremismos religioso e o bullying estão presentes até os dias de hoje.
O leitor vai sendo guiado por fortes emoções enquanto vai virando as páginas, é impossível não torcer para que a garota se vingue de seus algozes. Em alguns momentos eu queria entrar dentro no livro para fazer alguma coisa.
Ao ler alguns livros do King sempre vemos que a maldade nem sempre está nos monstros que se escondem pelas sombras, mas às vezes está no próprio ser humano.

Devo agradecer a esposa do autor por salvar esse livro da lata do lixo, pois sem ela não teríamos a oportunidade de apreciar essa trama.
Não encontrei erros durante a leitura, gostei muito do trabalho feito na obra digital e estou ansiosa para ter em mãos a edição física.
O livro possuí nova tradução, então se você leu o antigo vale a pena fazer essa releitura para apreciar o trabalho Regiane Winarski.

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"ᴇʟᴀ ɴãᴏ ᴇʀᴀ ᴜᴍ ᴍᴏsᴛʀᴏ. ᴇʀᴀ só ᴜᴍᴀ ɢᴀʀᴏᴛᴀ.”

A história é baseada na personagem Carrie e suas grandes humilhações vividas na vida, além de sofrer Bullying no colégio precisa lidar com a histeria da mãe religiosa, até que um dia algo acontece, ocasionando a liberação do seu poder telecinético (capacidade de uma pessoa movimentar, manipular, abalar objetos, apenas usando a mente) que há muito tempo estava guardado dentro dela.

Carrie, retrata os efeitos do bullying, representando o terror que é vivido em nossa realidade, o livro deixa claro que Carrie era tão normal quanto muitos de nós, tinha sentimentos, desejos e sonhos, demostrando como o Bullying destrói tudo isso, gerando transtornos psíquicos capazes de trazer consequências para a vida toda. Carrie é uma projeção de todas as vítimas de Bullying e graças aos seus poderes sobrenaturais, ela tem a chance de retribuir.

Quando iniciei a leitura não pensei que fosse gostar tanto, já que é uma história que foi tantas vezes retratada no cinema e meio que já sabia tudo que iria acontecer, mas foi uma leitura incrível, Stephen King descreveu o terror de uma maneira única que promoveu uma vasta lista de sentimentos como o medo, a pena por tamanha injustiça feita por parte de todos , fazendo o coração pular assustado em cada ação exercida pela sua vingança. Recomendo, já que este livro que tem poucas paginas é possível de ser lido em apenas um ou dois dias.

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Já nas primeiras páginas me surpreendi com sua escrita simples e impactante, nada chocante, mas o suspense que transmitiu nas cenas me deixou muito apreensiva e percebi que toda a sua fama tem um bom fundamento.
King me deixou perplexa com os pequenos atos maldosos de seus personagens, coisas pequenas, mas moralmente erradas e que analisadas calmamente pelo leitor, faz nossas opiniões serem bem severas e desenvolvemos uma empatia mais forte pela Carrie, mesmo ela cometendo coisas tão terríveis ou piores que os demais, acabamos por justificar seus atos e não condenar, o que nos torna hipócritas.
King faz essa jogada tão bem, fazendo com que fiquemos julgando todos a todo o momento, o que tanto criticamos no decorrer da história. Cada ser humano tem seus erros e sua evolução, cada maldade tem sua consequência e muitas vezes, fazer justiça com as próprias mãos é o que nos resta.

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Foi a minha primeira vez lendo Stephen King e gostei bastante, estava meio com o pé atrás pois vi muita gente falando que era arrastado e como era minha primeira vez lendo ele fiquei com um pouco de receio... Gostei bastante da história em si, tudo acontece rapidamente e sem enrolação, além de contar história de Carrie até o momento do seu surto, conta com Os relatos das pessoas sobreviventes. A partir da página 90 foi onde realmente a história ficou fluida. Eu esperava mais em relação ao terror kkkkkk queria ver mais sangue, e não vou mentir o filme é bem melhor em relação a essas cenas. E o final fecha com chave de ouro encerrando as pontas soltas... E deixando um gostinho de quero mais para saber se existirá outras pessoas como Carrie !!!

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Feliz de estar gostando dos King que li até aqui. Este é um clássico que, sem dúvida vale á pena ler, agora em nova edição. Carrie sufoca o leitor, assim como a protagonista está acachapada por determinada moral religiosa, o que ocasiona o "horror" do livro. Uma história engenhosa e bastante familiar, o que só aumenta seu poder de nos aterrorizar.

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Com uma trama construída primorosamente, Carrie vai nos leva para uma montanha-russa, onde vamos subindo e subindo até descer veloz e furiosamente no ápice de tudo. Mesmo tendo conhecimento da história através de filmes, nada se compara a experiência de ler, a impressão que o King nos passa é de que estamos lendo um artigo cientifico, com livros dentro do livro, informações e depoimentos de acontecimentos reais. A forma como a história é narrada nos apresenta os fatos em camadas, fazendo com que sejam crescentes os sentimentos e a vontade de chegar ao fatídico acontecimento que todos falam, o Baile.

Esse é meu primeiro contato com o King, e me sinto na obrigação de continuar essa aventura através da escrita desse homem.

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O que falar sobre Carrie que ainda não tenha sido dito? Até quem não leu ou viu uma das adaptações cinematográficas conhece a história da menina que descobre possuir telecinesia num momento traumático e que culmina na famosa cena do baile de formatura?

Acho que o que posso dizer é que se você não leu, mas viu os filmes, leia! O livro é bem diferente e a cada releitura eu me surpreendo.

Indico o livro pra quem gosta do King, pra quem gosta de terror, mas principalmente pra quem quer começar a ler o King. Carrie foi seu primeiro livro, e é curto, o que faz com que seja mais fácil pra quem quer começar.

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Por ser um primeiro do King, não é particularmente a sua melhor obra mas é leitura obrigatória para os fãs de terror e do autor.

Aqui a gente vai acompanhar a vida de Carrie, uma adolescente criada por uma mãe solteira que é fanática religiosa e a oprime de todas as formas possíveis, além da opressão de sua mãe, Carrie sofre um bullying pesado na escola. Por mais que seja uma garota ingênua, ela ainda assim tem consciência de que quer viver e ter experiências da adolescência como qualquer outra garota.

A sua vontade de viver vai totalmente contra as vontades e crenças de sua mãe, sendo assim, já é possível imaginar o rumo da história.

Particularmente, não gosto muito da narrativa desse livro por achá-la um pouco confusa, mas eu adoro a história de Carrie, e esse é um dos livros do King dos quais eu amo o final e seu ápice é excelente (o que não é tão comum assim nos livros do autor).

Essa nova edição tem uma capa lindíssima e gostei muito do conteúdo extra, as cartas no final aproximam ainda mais o leitor do livro.

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Carrie é um livro com muitas paródias e releituras na cultura pop e, por essa razão, imaginava que seria uma leitura sem grandes novidades para mim. São inúmeros os filmes e seriados que fazem sua versão da cena do baile. Eu achava que aquele era o final do livro, estava enganada.
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No livro conhecemos Carrie, uma adolescente um tanto diferente das demais que – principalmente – por ter uma mãe que é uma fanática religiosa extrema e que a cria cercada de ignorância, acaba sofrendo muito bullying no colégio. Em consequência desse bullying e de outros momentos de grande estresse, Carrie começa a revelar dons telecinéticos.
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No livro, Stephen King mescla a narrativa contada por um narrador observador, com trechos que remetem a um documentário, o que torna a leitura mais interessante. Vamos conhecendo os fatos através desses relatos documentais, intercalando com o momento em que tudo acontece. Nunca tinha lido nada com esse tipo de narrativa e foi algo que me surpreendeu bastante, dando um toque de realidade a tudo.
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O final foi outro ponto que me surpreendeu, como tudo o que conhecia a respeito de Carrie eram essas pequenas referências, não esperava que acabasse dessa forma.
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É uma leitura que causa desconforto, principalmente pelas atitudes da mãe e dos colegas de Carrie, mas que ao mesmo tempo vale muito a pena ler.
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Gostei muito do que a editora fez nessa edição especial, de recriar alguns dos documentos e notícias para colocar como extras no livro, deu um toque maior de realidade a história.

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