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Bolo preto

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"Bolo Preto" marca a estreia literária da talentosa autora Charmaine Wilkerson, trazendo consigo uma narrativa envolvente que mergulha nas complexidades de uma família caribenha e nas ramificações das escolhas de sua matriarca.
A trama gira em torno da família Bennett, descendente do Caribe, profundamente impactada pelas decisões da matriarca, Eleanor Bennett. Após a morte de Eleanor, seus filhos, Byron e Benny, se deparam com um enigma deixado por ela - uma misteriosa gravação revelando a tumultuada jornada de uma nadadora em fuga e um bolo preto, uma iguaria tradicional do Caribe e símbolo de laços familiares. Reunidos após anos de distanciamento, os irmãos embarcam em uma jornada para desvendar o passado, desafiando suas percepções sobre si mesmos e sua família.
Charmaine Wilkerson habilmente tece uma narrativa repleta de traições, segredos e memórias nostálgicas, explorando as reverberações desses elementos ao longo das gerações. A autora constrói um cenário delicado no qual Benny, guardando seus próprios segredos, e Byron, lidando com suas próprias perdas, são confrontados com as revelações de Eleanor, instigando uma jornada de autoconhecimento e reconciliação.
Em relação à obra, é inegável o talento de Wilkerson na construção de uma história envolvente e bem escrita. No entanto, a conexão com os personagens pode variar de acordo com a experiência do leitor em relação à herança caribenha. É possível que alguns leitores se sintam distantes da cultura familiar retratada. Portanto, conceder 3 estrelas ao livro evidencia seu valor como uma leitura interessante e bem elaborada, ainda que não tenha cativado completamente. "Bolo Preto" certamente merece ser apreciado por aqueles em busca de uma narrativa envolvente e habilmente desenvolvida.

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"Bolo preto. Byron se vê sorrindo. A mãe e o pai costumavam dividir uma fatia de bolo todo ano para celebrar o aniversário de casamento. Não era o bolo original, diziam eles, não mais. A mãe fazia um novo a cada cinco anos mais ou menos, apenas uma camada, e o colocava no freezer. Mesmo assim, ela insistia que qualquer bolo preto, encharcado daquele jeito de rum e vinho do porto, poderia durar por todo o casamento deles".

📖 A morte de Eleanor Bennett deixa um mistério para seus dois filhos, Byron e Benny: uma gravação, que revela o tumultuado relato de uma nadadora que escapa de sua ilha natal sob circunstâncias de vida ou morte, e um bolo preto, receita tradicional caribenha e iguaria familiar de longa data. Reunidos depois de anos sem contato, os irmãos tentam juntar os pedaços de um quebra-cabeça que parece colocar em dúvida tudo que achavam saber sobre si mesmos e sua família.

🗨️ Essa é uma história que comecei a ler sem nenhuma expectativa, mas que terminei ela com muitos sentimentos bons. É uma história muito gostosa de ler, e apesar dos capítulos intercalarem duas linhas temporais (passado e presente) e dos inúmeros personagens, você consegue entender em que período aquele capítulo se passa. A história de Eleanor é incrível, pois é uma mulher que passou por inúmeras tragédias, e que mesmo assim, não pensou em desistir de nada. um outro ponto positivo é a representatividade, pois mostra personagens negros em posições de destaque na sociedade, além de sempre ressaltar o bolo preto, que representa a história de uma família ao longo dos anos.
Por @dangomesn

📃 Ficha Técnica
🔹 Título: Bolo Preto
🔹 Autor: Charmaine Wilkerson
🔹 Editora: Paralela
🔹 Ano: 2022
🔹 Número de páginas: 304 (Edição Física)
🔹 Avaliação: ⭐⭐⭐⭐

E vocês, já leram "Bolo Preto"? O que acharam?

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Sei que muitos podem estranhar o titulo do livro e pensar por qual motivo um bolo preto daria o tom de uma narrativa, mas, depois de completar a leitura, você entende claramente o motivo: contando a história de Eleanor Bennett desde sua fuga da sua ilha Caribenha natal até ela realmente se tornar a mulher que os filhos, Byron e Benny conheceram, vamos acompanhando uma vida de luta pela sobrevivência, com muitas escolhas difíceis que permanecem com a mulher ao longo de toda sua vida. Ao morrer, Eleanor deixa um pen drive com uma gravação de 8 horas contando toda sua vida para os filhos, que os levam à uma jornada de descoberta porque os pais agiam como agiam até entenderem suas próprias ações espelhadas em uma família repleta de segredos que foi separada ao longo de muitos anos, fazendo a narrativa ir e vir cronologicamente.

Confesso que escrever essa resenha é difícil porque o livro tem 300 páginas, mas conta a vida de 3 gerações de uma família que sofreu por motivos dos mais variados e que termina fazendo com que o leitor acompanhe uma saga de uma vida inteira de múltiplos personagens. Com vários pontos de vistas e um mistério que engana o leitor, “Bolo preto” é o tipo de livro que causa um real impacto em quem lê, seja pela personagem feminina tão forte, seja pela filha que se sentia oprimida por ser quem é e não encontrou o apoio que esperava, seja pelo filho que se adequou completamente as regras dos pais, mas tem uma vivência de luta contra o racismo que a irmã não tem (na loteria da genética, Benny, apelido de Bennedetta, tem a pele mais clara do que a de Bryon, e, por isso, ele lida com o medo de dirigir a noite e ser parado pela policia). Mas estou me adiantando na trama, então vamos voltar para onde tudo começa.

A morte de Eleanor mostra a ferida gigantesca que há entre os irmãos Byron e Benny porque a irmã foi embora de casa há 8 anos e nunca mais voltou para ver os pais ou o irmão na Califórnia. Morando agora em New York, Benny parece o tipo de pessoa que está ainda tentando se encontrar, se cobrando por não ter o que apresentar os pais aos quase 37 anos. Tendo largado a faculdade, indo morar na Itália e depois se mudando para seguir uma ex-namorada para a cidade que agora mora, Benny ainda está lidando com os traumas de um relacionamento muito tóxico e violento que teve com um homem. Ela se questiona muito, o tempo inteiro, duvidando quem é e por ser quem é, sua sexualidade, suas escolhas, tudo sobre si – e o pontos de vista da personagem pensando sobre si e falando os motivos pelos quais a levaram a deixar a faculdade é, sem sombras de dúvidas, de tirar uma lasca do coração do leitor.
Em contrapartida, temos Byron, o filho mais velho do casal Eleanor e Bert Bennett, que alcançou todos os objetivos que o casal tinha para seus filhos. Mas, apesar de todo seu sucesso profissional, Byron não vai tão bem assim em sua vida pessoal, tendo brigado e não mais falado com sua ex-namorada, Lynette. Mas, além da ex-namorada, Byron se ressente mais ainda de sua irmã 9 anos mais nova: no dia de ação de graças de 2010, Benny e os pais tiveram uma briga gigantesca, e, desde então, a irmã não mais voltou, nem mesmo no funeral do pai, 2 anos depois. Após 6 anos da morte do pai, com a morte da mãe, Byron enfim liga para a irmã para contar o que aconteceu, mas quando ela chega, ele não a recebe bem – como poderia, se a irmãzinha, que ele tanto cuidou e amou, simplesmente foi embora sem olhar para trás?

Acredito que você já entendeu que há muito o que se resolver entre os irmãos porque Bryon não sabe tudo sobre Benny, e Benny se sente deixada de lado porque o irmão nunca a procurou, entendendo que ele tomou o lado dos pais. E confesso que essa trama toda é muito densa porque são pessoas que se amavam, cada uma de sua forma, mas que não conseguiram sentar e conversarem, falarem o que passavam, o que sentiam, cada uma se fechando em seus segredos, dores e decisões.

E, ainda acima dos filhos e de seus pequenos segredos, há todo o passado de Eleanor na ilha caribenha não nomeada. A história sobre uma mulher que lutou contra o que o destino estava lhe impondo e que se entrelaça com a vida de Coventina “Coven” Lyncook. Com ascendência chinesa por parte paterna e Caribenha por parte da mãe, Mathilda Brown, Covey amava o mar com todo seu coração e junto com sua melhor amiga, Bunny, a garota cresceu mergulhando e sonhando em talvez ir para a Inglaterra estudar. Mas os tempos eram outros – por volta de 1960 – e tudo na vida de Covey parecia direcioná-la para um casamento obrigado sem amor e que a afastava de quem ela era realmente. Decidida, Covey fará bastante para mudar seu destino, exatamente como Eleanor. E qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa a mais, será spoiler – e preciso assinalar um pouco sobre o tamanho da trama deste livro porque, como falei no começo, é a história que engloba 3 gerações de uma família, com personagens que são parte integrante da vida de Eleanor e que precisamos conhecer.

Como vocês também podem imaginar, o livro é sobre Eleanor, por mais que seus filhos e outros personagens que aparecem durante a trama tenham seu peso e precisem de espaço. A força que está mulher teve em toda sua vida, ainda mais sendo uma mulher preta, é magnifica. Não há duvidas morais em seu compasso, não há incertezas sobre quem ela é e o que deseja, agarrando as oportunidades que o destino joga à sua frente, Eleanor foi sobrevivendo com a força de quem quer estar viva. Por diversos momentos, enquanto lia, pensei que eu não teria a força que a personagem estava tendo naquelas páginas, me dando conta que dezenas de mulheres passaram por tudo aquilo no passado e ainda passam hoje em dia – e aqui deixo um pequeno alerta que há gatilhos bastante sensíveis no livro. Apesar de não haver nenhuma cena gráfica, o que agradeço a delicadeza da autora, é bastante destruidor entender o peso de ser mulher há 50 anos atrás e que, infelizmente, ainda continua tendo nos tempos atuais.

Mas se você pensa que “Bolo preto” é um livro só sobre uma família que se partiu, saiba que não é: Como falei, Benny tem a pele clara devido a herança genética da mãe, enquanto Byron não, então espere cenas fortes dele falando sobre racismo, sobre sua experiência como homem preto e, principalmente sobre o impacto disto tudo em quem ele é e suas escolhas, até mesmo qual modelo de carro compraria. E, além disso, há ainda a violência contra a mulher, e não digo a somente a sexual e sim todo o tipo de violência: relacionamento tóxicos, abusivos, violentos, as chances que são tiradas das mulheres e as entidades que se aproveitam de mulheres em estado de necessidade. É um livro que percorre o mundo como ele é, imperfeito, cruel e faz com que precisemos de ajuda, de confiar uns outros e sermos acolhidos – e aqui entra um dos tópicos do livro: o que acontece quando quem você espera que te acolha não o faz? Acho que você já conseguiu entender que esse livro é muito mais do que o bolo que ele carrega em seu titulo, que também é um momento impar de ligação entre mãe e filha na cozinha, produzindo uma iguaria que tem ingredientes que demoram meses para ficarem prontos. E são momentos assim, esses raros momentos que você está com as pessoas que são acompanham, que fazem muito vale a pena.

Fiquei maravilhada com a escrita de Charmaine Wilkerson em seu livro de estreia, tão poderosa e intensa, um livro tão incrível que chamou atenção imediatamente de Oprah Winfrey, cuja produtora comprou os direitos e já está sendo adaptado para uma minissérie do streaming Hulu (aqui no Brasil, as produções da Hulu chegam pelo Star+) com Mia Isaac como Covey e Adrienne Warren como Benny (únicas escalações até aqui – você pode ler mais clicando AQUI). Acredito que esta minissérie fará um sucesso grande nas próximas premiações da TV porque o material de origem entrega tudo que eles precisam: personagens fortes, uma história de poder e sofrimento, um assassinato não solucionado e um amor que foi capaz de abrir mão de muito para se concretizar.

Quando você lê um livro como “Bolo preto”, você sente que parte dele fica com você. Agora que o terminei, sinto como se tivesse recebido e comido um pedaço desse bolo que descobri ser uma iguaria com toques caribenhos, e ele se tornou parte de quem sou, porque assim como um almoço de família no qual escuto alguém que eu amo contar uma história importante do seu passado e que passo a conhecer mais, esse livro ficou em mim. Eu espero que seja assim com você também.

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Livro de rápida leitura que aborda temas como racismo, xenofobia, machismo, abuso e ao mesmo tempo nos entrega a história de uma mulher cheia de garra e determinação que faz a gente ter um pouco de esperança na humanidade. vale muito a pena a leitura.

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Este é definitivamente um livro para ler em 2022!

Um livro como nenhum outro! Muitos pensamentos e insights. Muito bem escrito, completamente envolvente, com certeza é uma ótima escolha para clube do livro, por possuir muitos pontos para discussão, debate e reflexão.

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Bolo Preto é uma narrativa emocionante sobre família, cultura caribenha e as interseções entre racismo, colorismo e xenofobia, com um recorte tanto do contexto histórico do século XX quanto do contemporâneo.

O livro começa com os irmãos Benny e Byron, que não se falam há 8 anos, se encontrando com o advogado de sua recém falecida mãe. O que eles não esperavam é que, no testamento, sua mãe deixaria um relato sobre os diversos segredos que escondeu a vida inteira, inclusive sobre seu próprio passado e o verdadeiro motivo de ter imigrado para os EUA. Abalados com essas informações, Byron e Benny precisarão realizar um último pedido de sua mãe.

Bolo Preto tem um estilo de escrita bem fluido e fácil de ler, principalmente pelos capítulos curtos. É uma história geracional, com foco na matriarca, Covey, mas que também envolve seus filhos, pais, amigos e familiares. Eu adoro histórias narradas pelo ponto de vista de vários personagens, porque permite um maior aprofundamento em cada um e em seus dilemas pessoais, motivações, sentimentos, traumas, etc, e isso a autora faz muito bem. Confesso que no início, senti uma dificuldade de me apegar e me importar com os personagens principais (principalmente a Benny), mas ao longo do livro, fui me envolvendo mais a medida que o passado de cada um dos personagens era revelado.

A autora faz uma ótima abordagem sobre racismo e colorismo, principalmente nos países onde o livro se passa: nas ilhas caribenhas, no Reino Unido e nos Estados Unidos. Outro assunto importante é a xenofobia, que além de ser direcionada aos personagens negros caribenhos morando no Reino Unido, também é vista nas próprias ilhas caribenhas, através do personagem Johhny "Lin" Lyncook, um imigrante chinês que cresceu ali nas ilhas, mas que mesmo vivendo toda a sua vida lá, ainda é considerado como alguém que "não pertence àquele lugar" simplesmente pela origem de sua família.

Outro ponto que gostei foi como a autora trouxe a comida como um traço marcante de uma cultura. A forma com que o bolo preto é trazido no livro, tanto como uma tradição familiar que Covey aprende com a mãe e depois passa para os filhos Benny e Byron, como também uma tradição local das próprias ilhas caribenhas em si, ao mesmo tempo em que o bolo se torna um elemento essencial ao próprio enredo do livro, foi muito interessante. A autora ainda aborda uma discussão cultural relacionada à alimentação: como diversos pratos que são considerados "locais" ou "tradicionais" de um país ou região podem ser, na verdade, relacionados à heranças de escravidão e exploração.

A única coisa que não gostei foi o ritmo da história, acho que a autora poderia ter intercalado melhor os capítulos dos personagens do presente (Benny e Byron) com os do passado (Covey). A primeira metade do livro foi praticamente inteira dedicada à contar a história de Covey, e só descobrimos mais sobre os segredos do passado de Benny, as inseguranças de Byron, lá pro final.

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📻 Após a morte de Eleanor Bennett, seus filhos Byron e Benny descobrem que a mãe era um verdadeiro mistério. Por meio de uma gravação que ela fez pouco antes de morrer, entram em contato com as suas raízes caribenhas e são surpreendidos por reviravoltas. Ao mesmo tempo, tentam curar suas feridas e resgatar uma relação há anos esgarçada.

🧐 A história é boa, mas a narrativa é fragmentada demais. Além de pular entre passado e presente e de um ponto de vista a outro, é construída por meio de capítulos curtíssimos. Quando eu começava a me interessar, lá vinha outro capítulo (minúsculo), em outro tempo, com foco em outro personagem e abordando outro tema. Essa fragmentariedade pode até dar algum dinamismo à narrativa, mas não funcionou para mim. Deu a impressão de que a autora não sabia que história queria contar.

🌊 Os personagens principais são fortes (embora Byron seja um chato), gostei de aprender algo da cultura do Caribe (a autora esclarece que locações e fatos são inventados, mas baseados no que aprendeu sobre a Jamaica) e, embora algumas viradas sejam previsíveis, outras são interessantes e a última é muito boa.

📺 Indico para quem deseja um primeiro contato com questões de identidade, etnia, gênero e diferenças culturais. O livro está sendo transformado em série e creio que funcionará melhor na telinha.

✨ Estrelinhas no caderno: ⭐⭐⭐

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Confesso que fui fisgada pelo livro por ter lido as duas primeiras frases da sinopse “Best-seller do New York Times. Adaptação para série a ser produzida por Oprah Winfrey.” Nunca tinha ouvido falar em Charmaine Wilkerson. Pelo que pesquisei, ela é americana e atualmente mora na Itália, esse é seu livro de estreia. Mas já está fazendo um baita sucesso pelo mundo.

A história vai contar sobre B e B, é assim que a mãe deles gostava de chamá-los. Byron e Benny são irmãos distantes, que não se falam muito e tiveram algumas divergências quando mais novos. Porém, após a morte da mãe deles, eles precisam superar as diferenças e lidar com os segredos deixados para os dois.

Eleanor Bennett deixa uma gravação de 8h para ambos acompanharem juntos, pois esse era o último pedido que ela fez para o seu advogado. Nela, B e B vão desbravar o relato de uma nadadora que escapa de sua ilha natal sob circunstâncias de vida ou morte. Após anos sem contato, os irmãos ouvem juntos a última coisa que a mãe deixou para eles – essa parte vai tocar o leitor, pois é de partir corações.

Tudo o que achavam que sabiam é colocado em dúvida, após ouvir aquela gravação. Inclusive novas descobertas que eles não faziam ideia que pudesse vir são lançadas aos poucos, e eles precisam absorver a informação – aceitar já é outra história.

A história se passa no Caribe, em Londres e na Califórnia, além de contar sobre um bolo que é tradição na família, uma receita caribenha. As partes tocantes são mescladas com a família preparando o bolo, momentos de diversão em outros, assim como momentos de deixar nosso coração quebrantado.

Acredito que a ideia de Eleanor tenha sido unir os irmãos com tantas informações bombásticas, por isso a exigência de ouvir juntos, e ainda na presença do advogado dela. Durante as revelações, eles precisam tomar um ar, descansar, porque não dá para assimilar tanta coisa de uma forma tão simples, pois não o é.

A escrita da autora é gostosa, bem fluida. A forma que os capítulos foram divididos deixa a leitura mais dinâmica, mas ao mesmo tempo faz com que, em alguns momentos, acabe se tornando um processo vagaroso. Parece contraditório, porém, partes da leitura, enquanto estamos acompanhando a revelação com os irmãos, é tudo muito fluido. No entanto, quando voltamos ao passado, o ritmo diminui.

É um drama familiar que eu realmente não estava esperando. Peguei com a editora sem altas expectativas, sem a pretensão de ser – e confesso que foi melhor do que eu esperava. Não foi a minha melhor leitura, como eu disse. Se você embarca na história acaba se cansando em algumas partes, mas isso não torna o livro ruim ou a experiência decepcionante. É preciso estar aberto às possibilidades.

Por ser o primeiro livro da autora, acredito que tem potencial para crescer mais e mais, na opinião de quem não entende tanto do assunto. Mas observo grandes escritores que começaram com aquela primeira obra que você não dá nada por ela. Aqui, com Charmaine Wilkerson, a coisa é bem diferente; já começou como Best-seller do New York Times, não é pra qualquer um. Então, conheça a história. Você vai gostar! E vamos aguardar para assistirmos à adaptação. Já estou bem ansiosa.

Trechos:
“Às vezes, as histórias que não contamos às pessoas sobre nós importam mais do que as coisas que contamos.”

“Naquela época, era fácil para uma jovem acreditar que era possível criar a própria família do nada porque o amor e a honestidade eram coisas verdadeiras neste mundo.”

“Então o pai também mentira sobre o passado. Benny sente raiva e tristeza na mesma medida. Quanto mais aprende sobre a mãe, particularmente, mais vê que ela não é a única na família a pagar um preço por ir contra as regras de outra pessoa.”

“Porque as pessoas que você ama são parte da sua identidade também. Talvez sejam a maior parte.”

“Ninguém te diz como viver com esse tipo de raiva, essa sensação espinhosa sob a pele. Isso é o que acontece com as narrativas falsas que, por fim, definem sua vida. Quando você enfim descobre que as pessoas em quem mais confiava mentiram por anos, mesmo quando consegue entender por que fizeram isso, essa consciência contamina todos os outros relacionamentos que você tem. Você começa a revisitar todas aquelas ações e comentários que nunca entendeu de todo, as coisas que as pessoas nunca disseram, as vezes em que você tinha certeza de que alguém agiu de certa maneira por um determinado motivo, só que não podia provar. E então você pensa em todas as mentiras que tem contado a si mesmo ao longo dos anos. Sobre como tudo foi bom, o quanto você foi apreciado, o quanto as pessoas se importaram.”

Título: Bolo preto (edição cedida pela editora)
Autora: Charmaine Wilkerson
Editora: Paralela
Páginas: 304
Ano: 2022

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