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O mal que nos habita

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Gwen é uma psiquiatra e psicoterapeuta forense e acumula mais de três décadas de experiência em hospitais de custódia e presídios. Nesse livro iremos acompanhar atendimentos voltados para a reabilitação de criminosos que cometeram crimes que vão além da nossa compreensão, vemos uma profissional fazendo atendimentos sem julgamentos e ao longo da leitura a psiquiatra vai descrevendo vários casos.

Quando se pensa em reabilitação geralmente não se pensa em criminosos que cometeram atos terríveis, atos monstruosos que faria qualquer um vomitar, pois não conseguimos imaginar essas pessoas inseridas novamente em sociedade! Então nesse livro as autoras tentam desmistificar várias coisas e mostram que muitas vezes essas pessoas que cometeram crimes também passaram por traumas, mas óbvio que nada justifica a violência que fizeram.

Gostei muito da leitura, a autora narra seu trabalho de forma tranquila e bem explicada. Por muitas vezes me vi em choque com o conteúdo das histórias, que acompanha desde abuso infantil até assassinatos brutais. Gwen trata seus pacientes como seres humanos apesar das atrocidades que cometeram e ficamos com a reflexão de que: se a saúde mental fosse devidamente tratada, será que esse tipo de atrocidade diminuiria?

Esse é um tema muito importante para ser debatido, afinal todos merecem ajuda/atendimento médico, principalmente devido à complexidade da mente humana. Foi uma leitura bem fluída e envolvente mesmo com os temas pesados, é de fácil entendimento e levanta ótimas reflexões a medida que vamos lendo.
Talvez seja uma leitura difícil para algumas pessoas, mas é algo bem interessante e envolvente, se você se interessa por esse tipo de leitura (apesar do conteúdo pesado), com certeza vai gostar dessa!!

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“Você pode ser um ex-motorista de ônibus, mas não um ex-assassino.”

Minha indicação de leitura de hoje é para os fãs de true crime e livros focados psiquiatria e psicologia forense.

O mal que nos habita – Crime e compaixão pelo olhar de uma psiquiatra forense, é escrito pelas autoras Gwen Adshead (Mestra em Medicina Legal, e uma das mais renomadas psiquiatra e psicoterapeuta forense do Reino Unido) e Eileen Horne (escritora e dramaturga, mestra em escrita criativa), o livro é um lançamento da Companhia das Letras.

Gwen Adshead, possui uma carreira de mais de 30 anos trabalhando como psiquiatra com foco no tratamento de criminosos violentos, boa parte de sua carreira atuando no Hospital Broadmoor, no Reino Unido.

Reunindo sua experiência profissional no tratamento de inúmeros pacientes ela reuniu seus relatos, diagnósticos em onze relatos. Nenhum deles está ligado a um único paciente, mas sim um mosaico de criminosos por ela atendida durante sua carreira que compartilham diagnósticos e situações em comum, para que a cada relato a autora possa discorrer e debater sobre o tema, vivencias e compartilhar opiniões sobre cada “caso”

Gwen, nos relata, como conheceu cada “paciente”, sua rotina, o processo da terapia e discorre sobre cada diagnostico, tratamento e suas opiniões relativas ao caso.

O fato de serem casos mosaicos, é essencial para que não haja a quebra do sigilo médico paciente, e para mim, funcionou perfeitamente, pois mostrou que existe uma complexidade de diagnósticos mentais, em muitos dos criminosos violentos, é mesmo cada caso sendo único, existe sim, sim elos comuns, que guiam os diagnósticos e tratamentos.

“É melhor o diabo que você do que o que você não conhece.”

Este livro foi uma leitura muito interessante, apesar de poder ser bem pesada, os pacientes, são criminosos, eles destruíram vidas, são legalmente reconhecidos por seus crimes e estão recebendo as punições legais necessárias para que haja justiça. Porém, também compreendo a necessidade médica e social, de não somente prestar os atendimentos médicos, a qual todo ser humano tem direito, como estudar e compreender, as psicopatias, psicoses e outras doenças mentais, que podem sim, serem gatilhos e os responsáveis em algum grau para as ações violentas dos mesmos.

É definitivamente um livro onde as autoras convidam os leitores a uma reflexão do tema, compreendendo a complexidade da mente, suas mazelas, e que o conceito de mal, é muito amplo. A mente é algo tão interessante, e tão essencial ao ser humano, que quando ela adoece todo corpo padece.

A escrita foi bem fluida, porque apesar do tema, e das experiências relatadas não serem algo fácil de ler, não senti dificuldade de compreender o texto. Os onze relatos, podem conter desde homicídios, violência sexual, abusos físicos e emocionais, abandono e a própria experiência prisional dos pacientes, então fica o aviso de gatilhos.

Não é um romance, é um livro de Não-Ficção então, apesar de cada caso ser um mosaico de experiências de pessoas diversas, tudo é baseado em relatos e experiências reais.
No final do livro ainda tem notas e uma seleção de indicação para leituras complementares ao tema.

Um ótimo livro, e para quem gosta do estudo da mente, como eu, foi uma grata surpresa.
A edição esta muito bonita, simples, mas com projeto gráfico e tradução impecável, o que é algo já esperado das edições da Companhia das letras.

Espero que tenham gostado da indicação de leitura e até a próxima.

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