Toda pornochanchada é forçada. E essa é a magia dela na verdade.
Tem algumas questões quando a gente trabalha com referências que envolvem "vish, e se ficar datado? Daqui a 3 meses as pessoas ainda vão entender essa piada?", especialmente quando o assunto é memes de internet.
E foi exatamente isso que mais gostei nesse livro, a autora conseguiu deixar memes recentes e não tão recentes entranhados na história de maneira tão orgânica (por exemplo, o meme do discurso do Serra, do nada acontece feijoada e mais uma penca) que mesmo se a pessoa não lembrar, mesmo se passar batido, não tem problema. Virou parte da história, vira mais uma surpresa para quem passou. Ao mesmo tempo, a quantidade de referências históricas, o capítulo todo do corta-jaca, uma jornalista chamada Tarcisa Amália, o trecho de Policarpo ali escorregado pra dentro do texto, eu gostei demais.
É vulgar, é tosco, porque é pra ser. É ridículo porque a intenção é essa mesmo. É que nem assistir um filme de terror B, algo camp, ver um produto kitsch que você fica "kkkkkk".
Os capítulos curtinhos funcionaram bem pra ideia, embora fique às vezes uma sensação de esquetes separadas na linha do tempo, quase uma sensação de ideias individuais que foram sendo somadas pra encaixar na história. Expor ao ridículo situações que ocorreram é revisitar a história e seus absurdos, a realidade quase sempre supera a ficção quanto o assunto é aleatoriedade e, nos últimos tempos, a frase mais proferida por aqui tem sido "os roteiristas perderam a mão", então.... bem. É.
Foi uma leitura divertida, tosca, e a escrita da Othero é fluida demais, o deboche ali no ponto. Gostei muito.

A história de O Presidente Pornô é uma grande sátira da história do nosso país, que possui um grande histórico de péssimos governantes. Com um humor ácido, a autora abusa de cenas absurdas, excesso de cenas eróticas, muitos palavrões e deboche, para criar sua narrativa.

Achei o texto ousado e original, entendi a proposta da autora, porém a história criada por Bruna Othero não conseguiu me conquistar. No início até achei engraçado, ri de algumas passagens, mas depois acabou perdendo a graça.

Não acredito que esse livro irá agradar qualquer leitor. Recomendo que cada um leia e tire sua própria conclusão. Esse livro não funcionou para mim, mas pode funcionar para outras pessoas.

Em "O presidente pornô", conhecemos a história de um país chamado Plazil. Plazil é um Império, e o imperador e a imperatriz estão assistindo a uma peça de teatro mostrando o período republicano da nação, o qual eles consideram ridículo. A peça encena a história de um presidente do Plazil: Bráulio Bestianelli. Um homem que mistura características, falas e episódios vividos por vários presidentes que o Brasil já teve, mas sem ser algum deles especificamente. Ele é detestável, hipócrita, mentiroso, violento, egoísta, hiper sexual.
Não é somente o protagonista que é pornográfico; tudo no livro é hiper sexualizado, como está anunciado no título: há muitas referências sexuais, inclusive nas siglas e nos nomes das coisas -- portanto, é um livro para o público adulto. É repleto de trocadilhos e linguagem obscena e escatológica. Além de lasciva, a linguagem também é dinâmica, e os capítulos, curtos.
O formato dos capítulos é variável: tem trecho do diário de Bráulio, tem narração de programa de TV dando furo jornalístico sobre escândalo protagonizado pelo presidente, tem debate entre os presidenciáveis nos moldes de programa de auditório, com torta na cara e banheira do Gugu, entre tantas outras coisas. Funciona como uma colcha de retalhos. Isso colabora para que a sensação do leitor seja um tanto quanto caótica, o que faz sentido, já que o livro é uma sátira escrachada, uma caricatura escancarada do Brasil.
Considero o bom humor e as referências históricas como pontos positivos, mas confesso que a parte pornográfica (que está no livro todo) não fez meu estilo de leitura.

A capa desse livro é muito chamativa e, junto com o nome 'O presidente pornô', já deixa claro sobre o que é e qual vai ser a vibe do livro. É basicamente uma grande paródia dos períodos politicos passados (alguns bem próximos) e é nítido em quais políticos alguns personagens são baseados. O erotismo está presente em todas as camadas da história (de forma bem explícita), e a narrativa se intercala entre matérias de jornais, pronunciamentos políticos e peça de teatro (a famosa pornochanchada do presidente pornô). Eu achei divertidíssimo, foi super legal fazer os paralelos com a vida real. Parabéns a autora por todas as conexões feitas! Recomendo a leitura pra quem gosta de humor.

*Obrigada a Netgalley e a editora Companhia das Letras pelo ebook"