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Member Reviews

Ambientado na colônia britânica de Antígua, poucas décadas antes de sua independência, que ocorreu em 1981, Annie John consiste em episódios da vida de uma jovem desde a infância até a adolescência, o despertar de sua identidade, e sua jornada de crescimento e descobertas. A essência da narrativa é o relacionamento entre a personagem Annie e sua mãe, construido através de uma dinâmica de amor e ódio, potencializada pelos processos e mudanças sociais que refletem os diferentes valores e expectativas de uma geração para outra.
Iniciamos a leitura com uma personagem ofuscada por seu vínculo estreito com sua genitora, em uma sociedade carregada de supertições e conflitos tácitos. Porém, conforme Annie começa a superar o ambiente em que vive e a questionar tudo o que lhe foi ensinado, os seus laços familiares começam a sufocá-la, e essa experiência a empurra para novas formas de viver, autodescobertas e a envolvem em atos cada vez mais revolucionários. Como uma escrita simples e bastante comovente, Kincaid em nenhum momento facilita a história com problemas resolvidos e relacionamentos bem amarrados e refeitos. Em lugar disso, recebemos a vida como ela realmente é. Ótima leitura.
Jamaica Kincaid nasceu em Antígua e Barbuda em 1949. Ganhadora de diversos prêmios literários, entre eles o Prix Femina e o PEN Faulkner, é professora de história africana e afro-americana na Universidade Harvard. Este foi seu romance de estreia, lançado em 1985.

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Annie John é uma menina nascida em Antigua, filha única de uma família amorosa, inteligente, cheia de atitude e curiosidade.
Vamos conhecer sua estória dos 10 aos 17 anos, suas mudanças de escola, suas brincadeiras e traquinagens, seus primeiros amores, a descoberta da sexualidade e, principalmente, as transformações de sua relação com a mãe.

Sua mãe, também chamada de Annie, sempre foi sua maior referência, seu porto seguro, sua inspiração, até que as coisas começam a mudar, ou será que é Annie John que vai mudando, conforme cresce?

Um pouco de cada.
Quando vai crescendo e se transformando em uma "mocinha", surgem cobranças para que melhore seu comportamento, afinal algumas coisas não são mais adequadas. Novas demandas surgem e ela própria começa a questionar a autoridade dos pais, assim como questiona o passado de seu país, submetido até recentemente, à colonização.
E ainda existe o estranhamento com o próprio corpo, que não para de esticar.

O clima de animosidade entre mãe e filha cresce e causa muito sofrimento para ambas.
Que adolescente não passou por embates familiares semelhantes, que atire a primeira pedra.

A narrativa da autora é muito fluida.

Este foi o primeiro livro escrito por Jamaica Kincaid, publicado inicialmente em 1985. Eu havia planejado fazer a leitura em 2024 mas fui dar uma espiadinha e, quando vi, estava terminando.

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Annie John
Jamaica Kincaid
136 p.
Editora Alfaguara, 2023
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Um livro belíssimo sobre a relação de uma filha com sua mãe e a quebra da aura talvez encantada desse olhar da filha sobre a maternidade da sua genitora. É uma narrativa ambígua, ambivalente e, ao mesmo tempo, precisa, incisiva. Uma faca de dois gumes. Annie enxerga a tudo com intensidade apaixonada e sombria, como na cena em que, mexendo na caixa da mãe, sente saudades ao mesmo tempo em que a deseja morta. Uma leitura muito sensível e que mexe com muitos sentimentos difíceis.

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