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Cupim

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Sabe quando você termina um livro e fica "não sei o que pensar, só sentir"? Foi exatamente assim minha leitura de Cupim, livro extremamente poderoso na ambientação de horror, poderoso nas críticas, poderoso na construção das personagens e suas relações!

O livro conta a história de uma família, de uma casa construída a partir de dor e abuso, e de mulheres que cresceram nela cercadas de sombras, fantasmas e ódio.

A narrativa é construída a partir do ponto de vista da neta e avó que moram nessa casa, elas começam contando o presente e vão retrocedendo, nos mostrando aos poucos a história da família. São narradoras pouco confiáveis que escondem segredos e querem desmascarar uma à outra.

Eu entendi como proposta do livro demonstrar através desse horror fantástico as consequências do sistema patriarcal, machista e colonizador da sociedade, mostra mulheres sofrendo com a pobreza, a falta de emprego, o desprezo da sociedade, os maus tratos pelos homens e como é impossível ficar ilesa a partir disso, as sombras e o ódio crescem, e vamos descobrir o que as mulheres dessa família fazem quando o ódio as consome.

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Faz uns meses que o horror tem chamado cada vez mais minha atenção. Acho um gênero muito eficaz para fazer críticas sociais enquanto mostra os horrores que decorrem da situação. Com “Cupim” não é diferente: aqui temos uma história narrada pela avó e a neta, que vivem numa casa assombrada da qual não podem fugir e convivem com espíritos, vozes, vizinhos mentirosos, santos católicos e mortos por toda parte. À medida que as conhecemos e conhecemos suas antepassadas — bisavó e mãe —, lemos sobre como a violência de gênero e classe afeta essa família há gerações.

A vingança é um tema forte no livro, algo aconteceu e as protagonistas parecem ter sua parcela de responsabilidade. Enquanto uma delas mente para o leitor e a outra fala a verdade (será?), entramos em contato com essas mulheres para quem a virtude moral não importa. Elas já se f*deram muito na vida e continuam sendo humilhadas, então farão o que está no alcance delas para ter um gostinho da maldade a que geralmente são vítimas.

A escrita da autora é daquelas que marca de cara. Fiquei impressionado. A cadência, a raiva que escorre pelo texto, as escolhas muito específicas de palavras… tudo ajuda para criar a atmosfera perfeita para a história.

Outro ponto positivo é a coragem de ir com tudo no horror, trazendo o catolicismo para a conversa e criando imagens mentais impressionantes — como os gigantes louva-a-deuses que vigiam a casa com seus múltiplos olhos.

“Cupim” perde pontos comigo por algumas escolhas de estilo que me deixaram perdido durante a leitura, o que quebrou o ritmo algumas vezes, bem como pelo tamanho: essa história teria sido ainda melhor de acompanhar se fosse um pouco mais longa.

Uma boa pedida!

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Um terror que envolve bastante ressentimento e vingança, com uma crítica social interessante.
A autora consegue criar uma atmosfera bem densa e sufocante, com desenvolvimento satisfatório.
Vale a pena ficarmos de olho nos próximos livros.

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Cupim

Em seu romance de estreia, Layla Martínez nos traz um terror feminista de força bruta, uma casa e várias gerações de mulheres que a habitam.

O ódio e a vingança permeiam a narrativa, alternada entre avó e neta, não nomeadas, uma vez que são representantes de uma sociedade que as excluiu por serem mulheres e pobres.

A casa é habitada por vozes, fantasmas e santos, que trazem proteções e maldições, numa tentativa de equilíbrio/vingança frente a uma sociedade misógina e excludente.

Com um terror envolvente, a autora traz uma narrativa repleta de realismo mágico a um pequeno vilarejo na Espanha. O leitor vai precisar de muita coragem para entrar nessa casa!

“Esta casa é uma maldição, meu pai nos amaldiçoou com ela e nos condenou a viver entre suas paredes. E aqui estamos desde então e aqui continuaremos até apodrecermos e muito depois disso.”

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Uma casa guarda as memórias de seus habitantes, mas a casa das narradoras de "Cupim" (avó e neta) guarda mais que isso: guarda mortos e fantasmas, além de receber a visita de santas. "Cupim" se passa em um povoado espanhol e trata das memórias de quatro gerações de mulheres oprimidas e assombradas por homens, pela riqueza alheia e por preconceitos.

A premissa é interessante, mas a execução é apenas razoável. Trabalhar com narradores distintos é sempre um desafio e a autora escolheu um caminho fácil, marcando a fala de uma das narradoras por palavrões e ausência de pontuação. Além disso, senti falta de uma voz própria. Percebi influências de Saramago, Isabel Allende e Gabriel García Márquez combinadas, talvez usadas com certo exagero. As partes mais interessantes do livro são as que transmitem raiva - talvez essa seja a voz da autora? Não sei.

Um bom livro, especialmente por ser um romance de estreia.

Recomendo para quem curte histórias de terror e realismo mágico.

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3.5 ⭐

um livro curto mas que não deixa de ser impactante. utiliza de uma linguagem simples e poderosa para denunciar o machismo, misoginia e o preconceito com pessoas de diferentes classes sociais através de uma narrativa que acompanha mulheres de diferentes gerações de uma mesma família.
gostei de como os personagens não são identificados além de títulos como “avó”, “mãe”, “filha” etc, e de como utilizou elementos clássicos do horror para contar uma história que é a realidade de muitas mulheres na sociedade atual. acredito que a história irá ressoar com muitas pessoas e será apreciado, especialmente, por aqueles que gostam de literatura de terror feminista.

agradeço ao NetGalley e à editora pelo envio de uma cópia antecipada em troca de uma resenha honesta.

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