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As meninas

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Lorena, Ana Clara e Lia são muito diferentes entre si, mas muito amigas, como somente na juventude é possível. Lorena vem de família rica e é toda certinha, mas sua vida familiar está longe de ser perfeita. Lia é revolucionária, militante de esquerda. Ana Clara tem origem pobre e seu sonho é se tornar rica, mas vive numa espiral de drogas e dívidas. As três são estudantes universitárias e moram no mesmo pensionato.

A história se desenvolve em poucos dias e mostra os dramas pessoais de cada uma: o vício de Ana, os problemas familiares de Lena e a militância de Lia. As histórias se entrelaçam, com cada qual tentando ajudar a outra da melhor forma possível. Lena é a provedora financeira, Lia é a questionadora e Ana… Ana tenta se manter inteira em um período de profundas mudanças sociais e de costumes. O pano de fundo é o momento mais duro da ditadura brasileira.

Lygia Fagundes Telles lança mão do fluxo de consciência como estilo narrativo. Isso, somado, às constantes trocas de pontos de vista, às vezes na mesma página, tornam a leitura um tanto confusa no início. Não demoramos, porém, a reconhecer cada uma das vozes narrativas: Lia, Lena e Ana têm personalidades tão bem delineadas que ainda na primeira metade do livro já é possível identificar quase de imediato quem está narrando (há, também, um narrador onisciente).

Há muitos livros bons e ótimos, mas poucos excelentes, livros cujos personagens ficam conosco várias semanas após a leitura. Lião, Lena e Ana Turva ainda estão aqui comigo e creio que ficarão por um bom tempo.

Indico para quem aprecia Virginia Woolf e Clarice Lispector, para quem quer conhecer uma das melhores autoras brasileiras e para qualquer pessoa interessada em literatura de primeira grandeza.

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As Meninas, de Lygia Fagundes Telles, foi provavelmente a leitura mais doída que já fiz. Com temas, infelizmente, incrivelmente atuais e reais.

Comecei a leitura um tanto quanto confusa, foi meu primeiro contato com um livro com narrativa em fluxo de consciência e, até me habituar com o estilo, estranhei um pouco. Passado esse momento inicial, passei a identificar facilmente a qual das meninas se referia aquela narrativa e a leitura fluiu bem. Exceto pelos capítulos dedicados a Ana Clara. Quanto mais ia conhecendo o passado (e também o presente) da personagem, a leitura ia ficando mais dolorosa e a vontade de abandonar bateu várias vezes. Mas fico feliz em ter insistindo, fui lendo em um ritmo mais lento, com pausas mais longas e que bom que fiz isso! Foi uma das minhas leituras favoritas do grupo.

O livro gira em torno de três personagens: Ana Clara, Lião e Lorena. em um primeiro momento poderia parecer se tratar de uma amizade improvável, mas quanto mais ia conhecendo as situações pelas quais tinham passado, apesar de muito diferentes, via semelhanças em suas dores.

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"As Meninas" é uma obra-prima da literatura brasileira escrita por Lygia Fagundes Telles. Ambientado durante a ditadura militar no Brasil, o livro narra a história de três jovens mulheres que dividem um apartamento em São Paulo. Através dos olhos dessas protagonistas, Telles oferece uma visão profunda das questões sociais e políticas da época, enquanto explora temas como amizade, identidade e a busca pela liberdade individual. A narrativa habilmente tecida, aliada à complexidade dos personagens, torna este romance uma leitura envolvente e profundamente impactante. Com sua prosa envolvente e seu olhar perspicaz sobre a condição humana, Lygia Fagundes Telles estabelece-se como uma das mais importantes vozes da literatura brasileira. "As Meninas" é uma obra que merece ser lida e apreciada por sua relevância atemporal e sua habilidade de provocar reflexões profundas sobre a sociedade e a experiência humana.

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É impressionante a fluidez da escrita da Lygia Fagundes Telles. E a coragem de lançar esse livro na época em que o regime militar ainda vigorava... Gostei muito da leitura, a história me prendeu por completo desde o primeiro capítulo. Recomendo sem restrições!

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Tentei mas infelizmente abandonei.
Não conseguia identificar os personagens, achei tudo muito confuso.
Apesar de levar em conta a época da escrita estava odiando as meninas: uma xenófoba, outra racista. Não desceu.

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A forma como a escrita da autora me pegou - o famoso fluxo de consciência - foi interessante, embora muitas vezes, me sentisse um pouco perdida nas metáforas, sentia também que havia algo a mais ali, não consegui parar de ler. Essa foi a experiência da minha primeira leitura da famosíssima Lygia Fagundes Telles.
A plurissignificação que misturava o presente com o passado, pensamentos e situações vividas, me fez lembrar um pouco de Clarice, Jeferson Tenório - foi empolgante... Sentia que tudo fazia parte de um só dia, de um só momento na vida das três personagens (depois vim a saber que talvez sejam dois dias mesmo, no posfácio de Cristovão Tezza na edição de 2009 da Companhia das Letras).
Estas, personagens que me fizeram concordar em algumas coisas, ver poeticamente de uma forma outras e na mesma hora ter asco dos preconceitos escancarados, para logo em seguida tomar um soco no estômago por alguma tragédia vivenciada, sem contar o período externo, a realidade da sociedade refletida na vida de Lorena, Lia e Ana Clara. O final, para mim, foi o famoso inesperado já esperado, condizente com a realidade porém eu não achava que veríamos isso aqui.
A coragem de Lygia de falar sobre tudo que ocorria na época, de ter publicado em 73 mesmo, torna-o ainda mais significativo, potente e devastador. Ela foi a primeira autora a ousar publicar sobre as torturas da ditadura, que diga-se, foi inserida na obra com maestria. No livro também fala sobre tabus e preconceitos pertinentes na época (e que infelizmente perpetuam até hoje) de forma incômoda, escancarada e real. Enfim, eu gostei bastante da leitura, foi um ótimo primeiro contato, me fazendo querer ler mais da autora.

"Para que eu seja assim inteira (essencial e essência) é preciso que não esteja em outro lugar senão em mim."

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