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"Imagens estranhas", do autor Uketsu, é o livro que consegue arrebatar o leitor desde seu início. Traduzido diretamente do japonês pela Suma de Letras, é um terror/ thriller extremamente bem construído e extremamente inquietante.
O prólogo, já inusitado, traz a primeira imagem, desenho feito por uma criança; utilizado por uma psicanalista como demonstração para sua audiência.
A partir daí, outras imagens vão trazendo novas personagens e enredos, convidando o leitor a tentar solucioná-los e fazer conexões. Com novos desenhos e novas informações, a leitura se torna muito fluída e ágil, não perdendo seu caráter aterrorizante.
Como as imagens de uma mulher grávida e de uma vítima de assassinato podem ser conectadas? Somos desafiados a interpretá-las, e ficamos felizes em falhar miseravelmente em nossa missões. Por mais que possamos adivinhar, a realidade da crueza humana é sempre pior do que possa ser imaginado.
Com certeza essa é a leitura que vai te deixar perturbado e, ao mesmo tempo, faminto por respostas.

No começo desse livro, conhecemos dois colegas de faculdade que estão conversando sobre um clube que têm em comum, quando um deles cita um blog um tanto quanto esquisito. Nesse blog, um marido mostra os desenhos feitos pela esposa, cada desenho carrega uma mensagem enigmática e é aí que tanto o leitor, como o personagem, ficam envolvidos em descobrir o que aconteceu com a mulher grávida que desenhou aquilo.
Com várias histórias distintas e que, ao mesmo tempo, se conectam, "imagens estranhas" constrói um grande mistério que cada vez mais vai envolvendo situações preocupantes e criminosas. Temos uma mãe que está sendo perseguida com seu filho pequeno, um professor que foi brutalmente morto e uma grávida que deixou desenhos estranhos, mas que a última postagem no blog do marido deixa as pessoas preocupadas. Afinal, o que está acontecendo nessa história e como tudo isso se interliga?
Pela capa, talvez o leitor ache que se trata de terror com fantasmas e coisas do tipo, mas não, esse é o pior tipo, o tipo que envolve a maldade humana e o que o ser humano é capaz de fazer para se "livrar de alguém". Foi uma leitura muito envolvente, eu li bem rápido e confesso que não consegui descobrir nada, fui muito surpreendida com as revelações e talvez o diálogo incomode algumas pessoas, para quem não está acostumado com a narrativa japonesa, mas para mim não foi tranquilo.
Com uma escrita bem fluida e com uma história cheia de tensão, mistério e situações horríveis (quando descobertas), "Imagens estranhas" foi uma leitura incrível. Foi meu primeiro contato com o autor e espero ler mais livros dele no futuro.
Se você quer uma leitura cheia de emoções conflitantes, pequenos mistérios que juntos formam um grande mistério (com as pontas bem amarradas), talvez essa seja a leitura certa para você!

Quando terminei de ler “Imagens Estranhas”, comecei com a Ju que eu sequer sabia como eu iria falar sobre este livro e ela me respondeu: “Diga que: estou traumatizada, leiam” e acho que vou seguir o conselho dela, abrindo esta resenha com essa frase bastante singela – mas calma ai que meu trauma não é nem remotamente ruim e sim surpresa com a genialidade deste livro e a forma como ele foi construído. Preciso antes só situar um pouco quem o autor desta obra é: Uketsu é um youtuber japonês que nunca revelou sua identidade porque grava sempre usando roupas pretas, que escondem todo seu corpo, e usa uma mascara branca em todos os vídeos. O canal é voltado para mistério e horror e é atualmente um dos maiores do mundo, e como Uketsu consegue o feito de se manter anônimo nos tempos atuais é realmente um mistério.
Sua transição para a literatura foi também um sucesso e seus livros estão tendo bastante repercussão no seu pais de origem e suas obras teve seus direitos vendidos para diversos países, entre eles o Brasil, onde o livro foi traduzido diretamente do japonês pela minha Editora favorita da vida, a Suma, que agora nos apresenta um livro que vai mexer com sua cabeça do melhor jeito possível. Com uma linguagem direta e trazendo a leitura pelo olhar de quem também está investigando e descobrindo a trama com as imagens que são apresentadas, o trunfo desse livro é fazer com que você se sinta parte de uma investigação e busca por entender uma trama que não parece se entrelaçar, fazendo com que você invista seu tempo para acompanhar – e tentar superar as descobertas que são apresentadas a medida que páginas vão sendo lidas.
O livro abre com um prologo bastante incomum onde uma psiquiatra fala sobre uma paciente que teve muitos anos atrás, mas que a garota, chamada somente como A, se recuperou, teve um filho e vive feliz apesar de ter estado sob custodia policial por um determinado período de tempo. Depois disso, somos apresentados ao que parece 4 contos ou 4 fases da narrativa, intitulados como: “O desenho da mulher ao vento”, “O desenho do quarto encoberto de névoa”, “O desenho final do professor de artes” e “O desenho da árvore que protege o passarinho” e agora está aqui a minha explicação para o trauma que disse sentir: você não faz a menor ideia do que te espera quando começa a ler porque quando você lê sobre o desenho do quarto encoberto na névoa, parece que será somente este aquela parte da história – mas então você entende que não, que tudo está conectado, por mais que não faça sentido a principio.
“O desenho da mulher ao vento” apresenta de cara um desenho de uma mulher em pé, com o cabelo esvoaçante, uma imagem quase infantil, e passa em 2014. Logo somos presentado a Shūhei Sasaki, um universitário de 21 anos, que Kurihara, um amigo, lhe falara sobre: intitulado “Shin Okekonta: Diário da Mente”, o blog tinha entradas triviais contando a vida de Shin, falando sobre sua esposa Yuki era 6 anos mais velha, e de como ela engravidou. Ainda grávida, Yuki fez 5 desenhos que aparentemente só retratam a felicidade pela chegada e o desenvolver do bebe que estavam aguardando. Em um evento inesperado e depois de eventos devastadores, Shin decide deixar uma mensagem enigmática encerrando suas postagens no blog, deixando um mistério que foi sendo passado de leitor a leitor, inclusive aos dois jovens estudantes. O que vem a partir dai é uma pesquisa que leva o leitor a se sentir quase um detetive, já como a narrativa se desenvolve assim, e o mérito é todo do autor.
“O desenho do quarto encoberto de névoa” começa apresentando o pequeno Yūta Konno e sua mãe Naomi, vivendo sozinhos em Tóquio depois que o pai do garotinho, Takeshi morrera. Mesmo pequeno, Yūta entende que seu pai se foi, mas apresenta um comportamento estranho na escola, desenhando o prédio no qual mora com sua mãe com uma mancha escura sobre o apartamento deles. Claro que a professora faz o esperado e conversa com a mãe do garotinho quando ela veio buscá-lo na escola naquele dia, mas a cabeça de Naomi está em outro lugar porque ela tem certeza absoluta que ela está sendo seguida por uma pessoa em um carro há dias, a levando ao limite. Só que tudo piora quando, no dia seguinte, ao acordar, Naomi vê que seu filho sumiu. Procurando as câmeras do prédio, vê que o garotinho aparentemente fugiu sozinho e é aqui que a coisa começa a ficar completamente sinistra porque Naomi não chama a policia, como esperado: ela começa a investigar onde o filho teria ido e se teria qualquer ligação com o desenho feito na escola. E é só o que posso falar sobre porque quando esta parte do livro termina, o leitor começa a juntar os pontos e sua cabeça explode.
Já ciente dos acontecimentos das outras duas histórias anteriores, quando “O desenho final do professor de artes” começa, você já quer respostas concretas, mas, novamente, você é jogado em mais uma parte da narrativa na qual terá de ser o investigador junto com o pretendente a repórter Shunsuke Iwata e o veterano jornalista Isamu Kumai. O que os dois não imagem é que tem em comum o assassinato do professor de artes Yoshiharu Miura que aconteceu 3 anos antes. Iwata foi aluno de Miura e encontrou na bondade e ajuda do professor uma força para continuar depois de perder os pais, enquanto Kumai, já sendo um repórter de nome, começou investigando o caso que era simplesmente bizarro: Miura subiu no Monte K para desenhar a vista e só foi encontrado na manhã seguinte, já sem vida e tendo sido submetido a uma barbárie sem fim, com mais de 200 pontos de ferimento pelo corpo e somente uma nota fiscal com um desenho feito por ele no bolso. Miura subirá o monte com um amigo que não parecia realmente amar o amigo e que o deixou na metade do caminho, voltando sozinho. O professor ainda deixou uma esposa e um filho ainda criança, além de uma estudante apaixonada por ele, mas o que mais surpreendente era que Kumai descobriu que Miura não era tão amado como a principio parecia. O desenho encontrado com o corpo parece não se encaixar em nada com o resto do crime e com os 3 suspeitos (a esposa, o amigo e a aluna) que a policia acreditava ter – e a partir daqui, não há absolutamente nada que eu possa comentar que não seja um grande SPOILER.
E quando você começa a ler “O desenho da árvore que protege o passarinho”, você já conseguiu juntar quase todas as peças deste quebra-cabeças literário tão bem construído, mas a forma como tudo é colocado, como você vê o ponto de vista de alguém bastante importante na trama, como tudo se liga desde o primeiro momento, tudo isso junto transforma a narrativa simplesmente impacavel, exemplar. Se você prestar atenção nesta resenha e ler a sinopse do livro, você verá que esta parte 4 é a que não é mencionada, e há um motivo para tal. Se você quer ler este livro, vá sem saber nada mais, exatamente como fiz, e tenha uma das melhores surpresas dos últimos anos.
Sei que já falei como o livro nos faz sentir que estamos dentro da narrativa descobrindo o que os personagens também estão, mas preciso enfatizar porque é realmente isso, fazendo o leitor quase um detetive em uma busca por um crime que sequer entendemos no começo, uma verdadeira brincadeira de true crime na qual o leitor pode se deparar com a verdade chocante que cercou muitas pessoas por anos. Fiquei tão impactada por esse livro, que definitivamente entre no meu top 3 de livros do ano, que pretendo ler tudo do autor e talvez até me aventurar por seu canal no youtube, então fica aqui a dica para você que nos acompanha e esta lendo esta resenha: se você, como eu, adora um suspense/mistério/true crime, se você sempre descobre a trama dos livros/filmes que assiste, pode se aventurar em “Imagens estranhas” que você não irá se arrepender e será surpreendido, e você também descobrirá que algumas imagens podem carregar muito, muito mais do que aparentam, mas outras esperadas – porque aposto que este livro se tornará um filme. Pode anotar.

Quando vi o livro pela primeira vez, o que me chamou mais atenção foi a capa e o nome. A possibilidade desse livro me apresentar algo novo, diferente das histórias de suspense e terror dos quais eu estava acostumava me deixaram ansiosa pela leitura.
Comecei despretensiosamente no metrô, sem saber que eu faria a leitura de um dos melhores livros do meu ano. Uketsu escreve mesmo com maestria e vai direto ao ponto, sem muita enrolação (apesar de construir muito bem a trama toda).
Me recuso a dar spoilers, mas o que posso dizer é que o mais legal é que aos poucos, conforme as histórias vão avançando, você vai começando a ligar pontinhos aqui e ali. Ir percebendo como tudo se conecta e os elementos perturbadores presentes na narrativa fazem pensar e muito na maldade humana e até onde podemos chegar. Com certeza conquistou o Japão e vai conquistar o mundo.
Imagens estranhas é realmente um livro excelente, perturbador e marcante. Só não ganha cinco estrelas por não ser um favoritado da vida, mas com certeza vou manter na minha estante e recomendar.

Meu primeiro contato com essa figura que é Uketsu até então. Comecei a leitura esperando que viesse algo aterrorizante, mas é uma história de investigação que envolve mensagens ocultas por trás de diversos desenhos criados pelos personagens ao longo da narrativa.
Organizado em quatro capítulos (e uma introdução) que funcionam como contos, Uketsu trama um romance sobre uma série de assassinatos misteriosos cujas pontas vão se amarrando conforme os diferentes pontos de vista e temporalidades vão fazendo sentido para o leitor - e, aqui, a presença das imagens ajuda bastante para a imersão na história.
Apesar de bem costurado, é bastante simplório no desenvolvimento dos acontecimentos, na linguagem e nos personagens. Chega a ser didático e repetitivo em alguns trechos, o que diminuiu a carga de tensão em um livro de suspense.