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Member Reviews

Esse livro mais uma vez me lembrou das ausências, em especial as afetivas, aquelas que geram traumas, medos e feridas que custam a cicatrizar.

"Filha" é um romance autobiográfico forte, corajoso, direto e conciso, em que acompanhamos a caçula de sete irmãos ao longo da infância, adolescência e fase adulta. Manu cresce em um ambiente onde a violência física e psicológica se estabelece ao mesmo passo em que ela vai se entendendo como mulher, num mundo onde "não existe uma posição confortável pro feminino".

Em duas partes, a autora nos mostra como que mesmo na presença de alguém que nutrimos sentimentos tão intensos e conflitantes - como o amor e o ódio - a distância ainda pode se impor. Em contrapartida, na ausência definitiva, as memórias e o não dito podem transfigurar-se nessa presença antes idealizada, mas que agora se confunde... tormento ou oportunidade de cura?!

Independente da resposta, o processo está longe de ser fácil. "Enquanto houver vida, haverá versões" e esta é a versão dessa filha caçula que revive o passado e episódios que causam dor, mas que também oportunizam a chance de começar de algum lugar.

A escrita da Manoela Sawitzki nos inquieta, faz refletir, sentir e se envolver neste complicado sistema familiar. Quem gosta de leituras fluidas, mas intensas em cenas e sensações, tratando de dinâmicas familiares complexas, o luto e as violências praticadas contra as mulheres e reproduzidas também por elas, pode gostar de "Filha".

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Escrita linda e comovente sobre relações familiares conturbadas e violentas. O livro me encantou e me fez refletir sobre o quanto de nós hoje ainda está preso ao passado, especialmente um passado doloroso e cheio de feridas.

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Esse foi meu primeiro contato com a autora, e a escrita da Manoela é fluida e muito sensível. O livro, um romance com forte tom autobiográfico, em muitos momentos parece um diário.

Manu se sente sufocada tanto na cidade quanto na vida familiar. O pai tem um temperamento instável e violento; a mãe, embora mais silenciosa, também tem seus momentos de agressividade. O maior sonho de Manu é sair da cidade e se afastar de tudo, principalmente do pai.

A narrativa é dividida em duas partes:

A primeira percorre a infância e adolescência da protagonista, sempre pulando de casa em casa, todas alugadas. Há uma busca constante por pertencimento e uma vontade quase desesperada de desaparecer dali.

Na segunda parte, Manu finalmente se muda para Porto Alegre e começa a experimentar a liberdade. É nesse momento que o pai compra, enfim, uma casa própria e, a partir de outros acontecimentos, tenta se reaproximar da filha por meio de telefonemas, demonstrando um interesse novo pela vida dela. Manu, apesar do trauma e talvez até de um sentimento próximo ao ódio, começa aos poucos a ceder. Diante dessa nova situação, ela passa a se questionar: seria possível amar uma pessoa que lutou tanto para se afastar?

A Manoela passa muito bem os sentimentos e sensações, fazendo o leitor vivenciar a complexidade dessa relação familiar.

Senti falta da presença da mãe na segunda parte. Mesmo que o foco seja a relação com o pai, a ausência dela deixa uma lacuna.

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