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Livrão. Te desarma com a prosa poética e a história narrada com um olhar infantil retroativo da personagem já adulta e no final te deixa destruído. Gira em torno de uma família que vai morar numa ocupação em Manaus e precisa lidar com as violências políticas do nosso país. A protagonista é a criança dessa família, que desde cedo precisa lidar com o luto e com a ruptura que a perda de um irmão causa no comportamento do seu pai e da sua mãe. A Monique usa essa base para ir trançando diversos tipos de violência: violência contra animais, grileiros, políticos manipuladores, pais e mães que não estendem seu afeto aos filhos, descaso do governo que não oferece condições básicas de vida à população, a violência praticada contra nós mesmos carregando as culpas que nos imputam. Tudo costurado de maneira fluida, de um jeito que faz parecer fácil ter um eixo tão firme para uma história tão complexa. Vou ficar surpreso se não rapar alguns prêmios ano que vem.

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O que esperar de um livro que tem por premissa retratar a dor coletiva?!

Ainda que tenhamos uma personagem principal em "Degola", essa história reflete a vida e as injustiças sofridas por muitas vozes: são famílias em busca da ideia de lar, do sonho de progresso, de mudança e qualidade de vida, mas que infelizmente estão fadadas à negligência, ao esquecimento e às mais diversas violências.

📖 "Poesia é não pagar aluguel no Brasil"

Fazia um tempinho que não me via tão obcecada por uma narrativa ao ponto de não conseguir largar até terminar. O livro nos envolve de forma muito fácil e a escrita da autora é linda, sensível e profunda.

Monique nos faz sentir e imaginar junto aos personagens, provocando as mais diversas emoções. O livro é afiado e sombrio, mas também esperançoso. Um retrato das ocupações do norte do país na década de 90 que evoca as memórias e o passado de uma menina que vivenciou o processo migratório, cresceu numa ocupação de terra em Manaus e foi tomando noção desse espaço e da condição a qual estava sujeita, na medida em que se tornava uma mulher adulta.

A dor de Sol é estrangulada/degolada, suas perdas e o luto crescente não são compreendidos ou acolhidos, e ela carrega o peso do não pertencimento. A todo momento nos questionamos sobre essa infância das ocupações, o medo e a obrigação de ser forte desde tão nova.

Fui arrebatada pela narrativa, a objetividade e clareza da escrita nos leva a querer sempre mais e temer o próximo capítulo na mesma medida. Sofri junto a personagem, refleti muito sobre a temática e acabei favoritando o livro... não tinha como ser diferente! Amei e recomendo muito

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Adorei a escrita da Monique.

Ela consegue falar da dor com delicadeza, sem dramatizar, sem fazer espetáculo. É simples, dolorido, dilacerante...

Sol é uma protagonista que não vai escancarar sua dor, ela vai nos fornecer fatos e cabe ao leitor olhar por esse vão da porta que ela abre e preencher as lacunas do que não é dito, sentir nas entrelinhas do pouco que ela fornece de si mesma.

Tudo fruto de uma infância que não foi acolhida, em que tudo chegou muito rápido e muito cedo, as perdas, a culpa, o distanciamento maternal, a violência social...

Não há panfletagem aqui, a narrativa é direta, afiada, dura. Uma narrativa de sobrevivência sem heroísmo, onde a dor não grita, mas reverbera a cada página lida.

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