O avesso da pele

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Pub Date Aug 10 2020 | Archive Date Apr 15 2024

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Description

Um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude, O avesso da pele é uma obra contundente no panorama da nova ficção literária brasileira.

Vencedor do Prêmio Jabuti na categoria "Romance Literário". 

O avesso da pele é a história de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado numa desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, Jeferson Tenório traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, e um denso relato sobre as relações entre pais e filhos.

O que está em jogo é a vida de um homem abalado pelas inevitáveis fraturas existenciais da sua condição de negro em um país racista, um processo de dor, de acerto de contas, mas também de redenção, superação e liberdade. Com habilidade incomum para conceber e estruturar personagens e de lidar com as complexidades e pequenas tragédias das relações familiares, Jeferson Tenório se consolida como uma das vozes mais potentes e estilisticamente corajosas da literatura brasileira contemporânea.

"Não é de graça que Tenório, além de autor premiado, é tão bem acolhido pelo público e pela crítica. Ele não faz turismo, safári social, na desgraça geral do país, não faz da crítica à desigualdade um truque, um atalho apelativo e barato, panfletário, para ter mais aceitação, reconhecimento. Estamos diante de um escritor que, correndo todos os riscos, sabe arquitetar uma boa trama e encantar o leitor. Por muitas vezes durante a leitura eu disse para mim mesmo: como ele consegue construir personagens tão reais e fáceis de serem amados? Eu agradeço, a literatura brasileira agradece." -- Paulo Scott

"Através de um profundo mergulho em seus personagens, O avesso da pele consegue abordar as questões centrais da sociedade brasileira. E o mais potente nisso tudo é que, aqui, o real e as reflexões partem sempre de dentro pra fora." -- Geovani Martins

Um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude, O avesso da pele é uma obra contundente no panorama da nova ficção literária brasileira.

Vencedor do Prêmio...


Available Editions

EDITION Ebook
ISBN 9788535933390
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Featured Reviews

Esse foi o melhor livro que li este ano.
Me emocionei muito diversas vezes. os personagens são todos muito verdadeiros.
Vou indicar pra todo mundo pq quero ter muitas conversas sobre este livro.

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Que livro incrível! Esse livro conta a história de um jovem em Porto Alegre e suas experiências com o racismo, a educação, as relações familiares e clase socioeconômicas que fazem parte do dia-a-dia do personagem. "O Avesso da Pele" é como um desabafo, cru, honesto e forte.

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Em O Avesso Da Pele acompanhamos um filho reinventado e recontando a vida do pai morto, lidando com o luto e a ausência.

Ao abrir o livro uma coisa que logo chama a atenção é a falta de parágrafos. Mas isso, em nenhum momento, deixa a experiência da leitura algo difícil de se entender ou se fazer.

Ao longo dos capítulos vamos conhecendo toda a história de Henrique, um homem negro que lida com tudo que a cor da sua pele lhe impõe.

O preconceito em forma de piadinhas, de olhares desconfiados, de julgamentos precipitados, de situações constrangedoras.

Com uma narrativa que por vezes te deixa com o sabor amargo da indignação, que lhe dá nós na garganta e te faz pensar e repensar na diferença de tratamento que a cor de uma pele é capaz de gerar, o autor trata do assunto de uma forma sensível e direta.

Em um momento onde movimentos como o BlackLivesMatter passaram a existir, esse livro é uma leitura necessária em sociedades como a nossa: que tem o racismo tão fortemente enraizado.

"É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo. E por mais que sua vida seja medida pela; por mais que suas atitudes e modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único. E é nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos que nos mantém vivos."

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"Acho que inventei uma memória sobre você sem a distância e a maturidade necessárias. Sei disso, mas a minha ingenuidade é tudo que tenho. Esta história é ainda a história de uma ferida aberta. É uma história para me curar da falta daquilo que você, repentinamente, deixou de ser."

Esse livro me abalou de um jeito que eu não esperava. Em menos de 200 páginas, o autor consegue conduzir um enredo tocante e poderoso sobre a jornada, em especial, de seu pai que foi assassinado em uma abordagem policial. O livro é narrado majoritariamente em segunda pessoa (usando o termo 'você'), mas como se fosse a perspectiva de uma longa carta do filho direcionada ao pai. É genial!

Outra coisa que me cativou muito foi a ambientação dos cenários: sendo morador de Porto Alegre, lugar onde se passa grande parte do enredo, é vívido a forma como Jeferson descreve os bairros, as ruas, as escolas, as próprias pessoas do Sul (com seu racismo aflorado mais do que nunca), é algo de arrepiar. A relação familiar com os pais, especialmente entre seus pais, foi algo que espelha muito situações próprias e me tocaram bastante.

A minha vontade é de distribuir esse livro pra maior quantidade de pessoas que conseguir (e talvez realmente o faça). Incrível, recomendo demais!

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Amei esse livro! Uma escrita intensa que passou voando. A escrita do autor é muito original e a estrutura do romance também é atípica, mas funciona muito bem e sem ficar confuso. As gerações, os tempos se cruzam através das memórias. Um equilíbrio perfeito entre dor, afeto, mágoas e perdões, transpassados pelas questões raciais. Questões familiares complexas e bem conduzidas. A explicação do título na história é muito impactante e bonita. Indico demais!

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Pedro é um rapaz de 22 anos, estudante de arquitetura e negro. É ele quem vai narrar a história de sua família, juntando os pedaços que conhece com outros que supõe, a partir dos objetos deixados por seu pai, assassinado em uma abordagem policial malsucedida, para não dizer desastrosa. Assim, vamos conhecer Henrique, um professor de literatura da escola pública, que um dia acreditou que os livros poderiam mudar vidas. Um homem que se desiludiu com relacionamentos amorosos, após passar por namoros complicados e um casamento falido. Um pai ausente, que não conseguia se comunicar com o filho, a não ser por falas de cunho filosófico.

Também conhecemos Martha, a mãe de Pedro, uma mulher controladora e insegura, com muitas marcas de seu passado, desde a perda dos pais ainda na infância, até os percalços em relacionamentos na idade adulta. Muitas outras personagens com diferentes visões de mundo, personalidades e trajetórias são apresentadas ao longo dessa narrativa que, ora se apresenta mais distante, ora tão próxima como se fôssemos nós mesmos nos confessando naquelas páginas. É impossível não se identificar com pelo menos uma das personagens ao longo da leitura, de tão real!

"Mas Carol, onde entra a cor da pele nisso tudo?"

É que, além de ter que lidar com todas as angústias e todos os problemas que a vida já traz a todos nós, com tudo o que se encontra no avesso, nossas personagens também precisam se preocupar com a pele, a superfície. Batidas policiais, o corte de cabelo, os bairros que pode frequentar, piadinhas e "apelidos carinhosos", são presença constante e sorrateira na narrativa.

Não há como não identificar, nas violências sofridas pelas personagens, atitudes nossas ou de pessoas próximas, do passado ou do presente. E isso é o que mais incomoda! Mas também, é uma convocação para que melhoremos enquanto pessoas e sociedade, despertando a empatia e a capacidade de olhar o outro por sua essência!

Algo que me chamou a atenção e que o próprio autor comentou durante a conversa na Cabine de Leitura (promovida pela editora e da qual tive a honra de participar) é que o nome de Henrique demora a ser apresentado e isso ocorre em um momento muito significativo. Nas palavras do autor, que não serei capaz de reproduzir tal qual, Henrique deixa de ser apenas um corpo negro e passa a ter um nome, ao tomar consciência de sua própria existência, assim como os bebês, ao serem nomeados, passam a existirem como indivíduos.

Assim, O Avesso da Pele nomeia aqueles que até hoje são tratados como números, como estatísticas. Lembra a nós que aquelas pessoas não são apenas corpos negros, mas indivíduos complexos e cada qual com sua história. Uma obra fenomenal que nos convoca a melhorar a sociedade começando pelas nossas atitudes, pela empatia.

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"O avesso da pele" é o terceiro livro de Jeferson Tenório, lançado em 2020 pela Companhia das Letras. Nessa história, vamos acompanhar um filho revisitando memórias do pai enquanto lida com o luto e sua ausência. Com um texto fluido, inteligente e complexo, Tenório nos apresenta uma narrativa intimista e bem elaborada sobre identidade, afeto e ausências, passando por temas que, infelizmente, ainda estão presentes na nossa sociedade, como a brutalidade policial e o racismo.

Quando peguei esse livro, a primeira coisa que percebi foi a quase ausência de parágrafos. Pensei de cara: ih, vai ser complexo demais, não vou gostar. Nas primeiras linhas, vi que seria totalmente diferente do que eu imaginava. Começamos com uma narração voltada para um "você", em um tom mais intimista. Conhecemos assim o pai do personagem e sua vida. Aos poucos, começamos a nos situar na narrativa. Depois de ler e participar de um encontro com o autor, entendi que foi totalmente proposital esse estilo de narração: ele queria o máximo de atenção possível do leitor, com alguns respiros.

Durante suas quase 200 páginas, "O avesso da pele" se mostra um livro bem pensado: desde o momento da revelação dos nomes dos personagens dentro da narrativa ao fato de abordar a raça não como característica que define os personagens, mas um traço que permeia suas vivências. Desconstruindo estereótipos da representação negra na literatura, aqui temos histórias únicas, cativantes e, por vezes, sofridas.

O livro será adaptado para o cinema em breve, e os direitos de publicação em países como França e Portugal já foram comprados. "O avesso da pele" me conquistou completamente, fazendo com que eu perca a noção de tempo. Recomendo!

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Uma narrativa emocionante onde a desigualdade está presente nos mínimos detalhes.
Este livro não foi uma indicação, foi uma escolha aleatória que não poderia ter sido mais acertada. Li o título e uma pequena sinopse e solicitei a editora.

A narrativa do autor tem um tom confessional que encanta e prende. Durante a leitura me peguei pensando mais de uma vez se a história era real ou ficcional e acho que li como se fossem fatos reais da vida do autor e isso tornou a leitura ainda mais instigante porque o relato era de uma veracidade que doía na alma.

E mesmo descobrindo que é ficção, mas com passagens inspiradas na experiência do autor, descobri que não importa o fato de ser ou não ficcional. Tudo que ele conta ali é a realidade triste que uma parcela grande da sociedade vivencia diariamente.

O preconceito está nos mínimos detalhes e é tão arraigado que as vezes passa desapercebido por quem não o sofre. Como eu vou saber como se sente uma pessoa que é desrespeitada por causa da cor da sua pele se eu nunca sofri nada parecido? É preciso se colocar no lugar do outro, pensar e se fosse comigo? Com meu filho?

O peso do período sombrio da escravidão ainda ronda a terra e é preciso se questionar muito a respeito do que estamos dispostos a fazer para mudar isso de forma contundente. A desigualdade ainda é enorme. E o livro de Jeferson além de ser literatura de qualidade é um grito de alerta sobre o tema.

Pedro, um rapaz que perde o pai - assassinado numa abordagem policial equivocada - busca resgatar o passado da família e principalmente a relação paterna através dos objetos que vai encontrado na casa dele. E de forma sensível e ao mesmo tempo dolorida faz um monólogo que me lembrou Guimarães Rosa e muitas vezes me deixou sem fôlego tal era a intensidade do discurso.

Ele discorre sobre relacionamento familiar, paixão, decepção, luta pela sobrevivência numa sociedade que discrimina sem dó, além de mostrar a falência do nosso sistema educacional público, que aliás se intensificou com a pandemia aumentando ainda mais o abismo existente nesse setor.

Gostei muito e quero ler mais sobre o assunto. É necessário. Leia e vamos mudar essa realidade injusta. Qualquer passo à frente é válido.

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Pedro é um jovem negro cujo pai, Henrique, faleceu recentemente. Ao entrar no apartamento agora vazio em Porto Alegre, decide narrar a história do pai enquanto mexe em seus objetos, reconstruindo sua vida ao misturar detalhes desde a tenra infância até a meia idade como professor em uma escola do ensino médio.
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O Avesso da Pele é narrado em primeira pessoa, mas um primeira pessoa um pouquinho diferente, onde Pedro narra não ao leitor, mas diretamente ao pai, em um monólogo durante todo o livro. A obra é curta e flui bem, mesmo que possua um tom dolorido e por vezes pesado.
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O narrador evidencia a todo o momento o racismo que o pai recebeu durante a vida. Pois a vida de Henrique não é apenas dele, mas também de tantos homens negros espalhados pelo Brasil que sofrem diariamente por conta do racismo. Pedro também conta um pouco sobre a mãe e como o preconceito pode ser diferente para as mulheres negras. Não há como não se sentir mal pelos personagens, e pior ainda ao saber que amigos e amigas tão queridos passam por situações semelhantes devido a cor da sua pele.
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O Avesso da Pele foi o meu primeiro contato com a escrita de Jeferson Tenório e fiquei curiosa para conhecer os seus demais livros: Estela Sem Deus e O Beijo na Parede. É aquele tipo de leitura que todos deveriam vivenciar. Super recomendado.

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Pedro, com o intuito de amenizar a dor da ausência do pai que acabou de falecer, narra a trajetória de vida de sua família, mais precisamente de seu pai, detalhando e expondo o racismo sofrido por eles desde a infância até a vida adulta.

"É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo. E por mais que sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes e modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único. E é nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos que nos mantêm vivos." (p. 61)

Em contraste ao tema pesado, o autor possui uma escrita leve e bastante fluida, mas sem comprometer a profundidade da história e dos personagens, que foram muito bem construídos e desenvolvidos.
Achei um pouco confuso os capítulos se alternando entre personagens e com tanto vai e volta no tempo: às vezes ao acabar de ler um trecho da adolescência da mãe de Pedro, no próximo capítulo estaria relatando sobre a infância de seu pai, por exemplo.

Apesar de ser uma ficção, essa história se repete todos os dias na vida de milhares famílias brasileiras. Por isso que é impossível não se impactar com o livro, pois a cada página virada a empatia pelos personagens vai sendo construída e com isso, a cada violência descrita você se revolta pela injustiça que ultrapassa as folhas de um livro, pois é fato de que todo o exposto na leitura foi inspirado na vida real.
Assim afirmo que o livro foi escrito para despertar incômodo e empatia ao leitor, para que possamos reconhecer, através dos personagens, a injustiça e violência causada pela descriminação racial, e o autor conseguiu estimular muito bem esse sentimento, descrevendo as diversas situações em que os personagens foram violentados e julgados pela cor da pele.

"A gente se acostuma com tudo. A gente se acostuma quando você caminha na rua e as pessoas recolhem as bolsas e mochilas, a gente se acostuma quando os próprios homens preferem as negras mais claras, a gente se acostuma a ser só. A gente se acostuma a chegar numa entrevista de emprego e fingir que não percebeu a cara desapontada do entrevistador. Mas não estou reclamando, porque com o passar dos anos eu aprendi a me defender bem. Aprendi a inventar estratégias de sobrevivência. Seu pai também teve de inventar estratégias. Mas isso não significa que sejamos sempre bem-sucedidos. Quero dizer que nós, às vezes, falhamos. E falhar, no nosso caso, pode resultar num erro fatal. Ainda assim, Pedro, ainda assim a gente segue."

O avesso da pele deveria ser uma leitura contemporânea obrigatória, pois acredito que através dessa história muita conscientização possa ser desenvolvida, além de incentivar discussões acerca do racismo, que é de suma importância para que a sociedade reflita e questione comportamentos e pensamentos que contribuem para p fortalecimento e perpetuação do racismo no Brasil.

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“Até o fim você acreditou que os livros poderiam fazer algo pelas pessoas. No entanto, você entrou e saiu da vida, e ela continuou áspera.”

Como é difícil para um filho tentar enxergar o próprio pai nos objetos por ele deixados após sua morte. Quão doloroso é refazer seus passos, suas lutas consigo mesmo e com a sociedade, sabendo que seu fim foi tão triste e, apesar de tudo, ter forças para seguir.

É assim que Pedro nos apresenta a seu pai, Henrique, professor em Porto Alegre, apaixonado por literatura, desestimulado com a precarização da educação no país. Para recontar a relação com o pai, volta ao passado de Henrique e da mãe, mostrando à sua maneira as dificuldades passadas por ambos com relação à família, antigos relacionamentos e o próprio relacionamento dos dois. Além disso, soma-se à turbulência a cor de suas peles.

Com imensa sensibilidade, Jeferson Tenório detalha a vida de personagens extremamente complexos. A dinâmica da narrativa, com poucos parágrafos e muitas vezes em segunda pessoa, faz com que o leitor se conecte facilmente à trama e de fato trabalhe a empatia.

A profundidade dos personagens é surpreendente e ao explorarmos suas camadas, compreendemos suas atitudes, louváveis ou não. Pedro é o nosso guia que, no luto, tece a história de modo a nos inserir nela. Henrique, o professor sem esperanças que nos angustia em sua inércia; Martha, esposa e mãe que escolheu a sua madeira de lidar com a vida.

Algo que senti e que o autor confirmou na Cabine de Leitura, evento organizado pela Companhia das Letras, foi o esquecimento de que os protagonistas são negros, até ser lembrada (e ficar indignada) quando a cor da pele influencia suas vidas. Aí entra a evidência do avesso da pele, a essência humana, que deveria vir antes de qualquer coisa.

O livro explora tantos assuntos interessantes que é difícil os descrever em poucas linhas. O racismo é um deles, abordando pontos de vista divergentes, inclusive entre pessoas negras.

A quem procura um livro que trate de complexas relações pessoais, familiares e raciais, recomendo com afinco que leia esse livro.

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Posso dizer que foi uma das minhas melhores leituras do mês e do ano!
É um livro muito palpável, todas as descrições muito reais e verdadeiras. Possui uma carga sentimental muito grande, só lendo pra entender e sentir.
Nele Pedro narra a trajetória de seu pai Henrique, professor e morto em uma abordagem policial.
Uma leitura extremamente necessária nos dias atuais, um livro que veio para nos ensinar sobre o racismo e para nos fazer refletir sobre nossas atitudes e comportamentos.
A escrita é muito fluida e é impossivel não se emocionar.

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Quando vi esse livro disponível, logo solicitei, pois a premissa me chama muito atenção, principalmente com todas as coisas que vem acontecendo nos últimos dias.

Jeferson Tenório escreve de forma leve um assunto tão importante. Se tiver uma chance, leia esse livro, super recomendo.

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“É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo.”

O Avesso da Pele, por Jeferson Tenório.
Publicado pela @companhiadasletras

Já passou pela sua cabeça que uma pessoa branca te elogiou só por piedade, Já ouviu seus pais te alertarem sobre não falar alto em certos lugares, não andar atrás de uma pessoa por muito tempo, não fazer movimentos bruscos quando o policial te abordar e não sair de casa sem documentos, tudo isso só para poder voltar para casa com vida?

Se você é uma pessoa branca, nunca passou por isso. Nunca foi seguido ao entrar numa loja, nem viu ninguém recolhendo as bolsas quando você se aproximou, nem foi confundido com um funcionário de algum lugar por conta da sua cor e nem foi dispensado em uma entrevista de emprego por não ser “uma pessoa apresentável”.

Acima temos algumas situações cotidianas na vida de uma pessoa negra, o livro relata muitas delas através da reconstituição da vida do pai, onde o garoto nos conta histórias com vários personagens, visões e ensinamentos enquanto lida com a morte do pai, um professor da rede pública, assassinado em uma operação policial.

“Nós podemos ter acesso a qualquer conteúdo. Mas a gente nunca pode esquecer de onde viemos, entende?”

Até uns 40% do livro eu ainda estava um pouco incomodado com a narrativa, não tenho costume de ler um livro narrado em segunda pessoa, mas depois disso não tive mais dificuldades, fui tragado pela história e fiquei imerso em um mundo que eu desconhecia.

É uma leitura que ensina muito, emociona e te faz refletir. Deixo minha recomendação de uma leitura necessária e meu agradecimento ao autor por de uma forma didática e real, me ensinar mais sobre o racismo.

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“O avesso da pele” de Jeferson Tenório, foi publicado pela Companhia das Letras que me enviou um ebook de cortesia, também tive a oportunidade de participar de uma cabine de leitura com o autor que foi espetacular!

Esse foi um daqueles livros em que me interessei pelo título e capa e me joguei sem saber o que encontraria, logo no começo, o autor usa o pronome “você”, meio que como uma narrativa em segunda pessoa, o que de cara fiquei com um pé atrás, por não gostar desse estilo narrativo, mas logo fui completamente fisgada pelo autor. É interessante observar que quando o protagonista fala sobre a mãe, a narrativa muda para uma aparente terceira pessoa.

Talvez você tenha a impressão que a linha do tempo descontinuada e mudanças de ponto de vista narrativo possam causar confusão durante a leitura, mas a técnica do autor é impecável e ele consegue cativar o leitor com poucas palavras, todas precisamente escolhidas, parágrafos e capítulos curtos.

Ao longo da história, os temas centrais são:
1- personagem professor;
2- relacionamento de um filho com pai ausente;
3- violência policial.

Nas complexas relações raciais, não há maniqueísmo em seus personagens, cada um pensa de forma diferente sobre as questões de raça, sem enfraquecer a luta contra o racismo.

“O corpo negro em um espaço público, é sempre um corpo em risco.” Aspas do autor durante a cabine de leitura.

Eu, como pessoa branca, pude entender melhor sobre o racismo estrutural e o quanto ele está presente no quotidiano de MUITAS pessoas.

Fica aqui a recomendação de uma leitura incômoda, necessária, que me ajudou a sair da minha bolha e olhar a existência do outro. Um dos melhores que li esse ano.

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Impossível não se identificar de alguma forma com os personagens dessa história. Um relato real e sincero de como é a cultura racista enraizada no nosso cotidiano, que muitas vezes passa despercebido.

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Finalizei a leitura de O Avesso da Pele em três dias, mas há mais de trinta tento escrever sobre a experiência de ler sobre o caminho narrativo que Jefferson escolheu. O pai aos olhos do filho, a história desse pai, o Henrique, nas memórias, vividas ou não pelo filho, Pedro. Parece uma colcha de retalhos, onde casa pedaço se entrelaçava para formar algo maior.

O ritmo do livro é lento, mas te mantém curioso e atento, torcendo por respostas - que nem sempre vêm. Você vai acompanhando a trajetória de um homem, se identificando com ele, mas sabendo desde o início que ele não está mais na narrativa. Eu demorei para entender o que o Jefferson estava propondo, algumas vezes me questionei "aonde ele quer chegar com isso?".

A resposta pra mim veio na metade final do livro, contar os embates da vida de um corpo negro vivendo pelas ruas de Porto Alegre, pelos anos, pela infância, juventude e vida adulta. Os preterimentos, as escolhas, o amor, a paternidade, o racismo, a violência. É tão difícil falar de paternidade negra, de se colocar homens negros como personagens centrais nas histórias, mas Jefferson consegue fazer isso muito bem.

A história de Henrique e Pedro é a história de muitos. As descobertas, as negligências e tudo que esse emaranhado de acontecimentos se dá em uma família negra. Para uma pessoa não-negra acredito que faz abrirem os olhos para o dia-a-dia de uma pessoa negra, planta a semente da empatia. Para mim, como mulher negra, mostra as identificações com as situações vividas pelos personagens. Das dores e aos amores.

É um leitura incrível, imersiva, densa, poderosa e que merece muito ser lida e reconhecida. Mesmo finalizado a leitura há tanto tempo, ainda me pego pensando sobre ela. Me marcou muito.

Não gostei que a editora optou por colocar na sinopse do livro que o pai é "assassinado numa desastrosa abordagem policial", isso interferiu muito na minha experiência, o que ocorre só é indicado ao final do livro, de uma forma incrível e bem escrita, não havia necessidade alguém de falar isso na contracapa. Uma amiga que não se atentou a sinopse, se surpreendeu muito com o desfecho, eu já previ sobre o que se tratava.

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Simplesmente incrível!
O fato de eu ter lido o livro sem saber absolutamente nada foi muito forte, me separar com esses relatos e com a vida dos personagens é muito dolorido, pensar que isso acontece todos os dias é pior ainda. É muito pesado e muito real, incrível.

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Humano e negro. Negro e humano.
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O Avesso da Pele é uma história forte e sensível sobre a relação árida de pai e filho, antes mesmo das discussões sobre complexas relações raciais. Uma tentativa de mostrar o ser humano em seu interior antes de determinar a cor de sua pele. De mostrar o que há no avesso da pele de um homem ou mulher negra.
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"Na primeira vez que ouviu falar em consciência negra, você não compreendia que a sociedade se importava mais com a sua cor do que com o seu caráter."
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Com uma narrativa principal em segunda pessoa, Pedro conversa com seu pai, que acabara de falecer, descrevendo a vida do pai, sua profissão como professor, seu amor por livros, a vida conturbada com a mãe, mas, também, como Pedro se sentiu ao longo de toda a sua vida e a influência de seu pai em si mesmo.
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"[...] a infância nos fornece certas mágoas e é com elas que lutamos."
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Intercalando com a narrativa de Pedro, temos uma narração em terceira pessoa contando a vida pobre e sofrida de Martha, sua mãe, e de todos os percalços que ela passou e que a moldaram na mulher e mãe ciumenta e possessiva, gerando a relação problemática entre mãe e filho.
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"Os filhos são uma invenção desatinada e sem sentido."
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Uma obra que me marcou bastante, seja pelos relatos raciais, pelos conflitos familiares, mas ainda, pela narrativa não usual que prende o leitor e o convoca para a história desde a primeira página, deixando a leitura fluída, apesar de densa e dramática.
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Um livro para ler e refletir e reler. Recomendo!

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Sabe quando você começa a ler um livro e tem a sensação de que a realidade invadiu a sua casa? O avesso da pele é bem assim.

Não conhecia o Jeferson Tenório e resolvi ler o livro apenas porque estava disponível em uma plataforma e que grata surpresa eu tive ao me deparar com Pedro, 22 anos, negro e estudante de arquitetura. Mais narrador que personagem, Pedro vai tentar contar a história de sua família quando ele vai buscar os pertences do pai, assassinado ‘acidentalmente’ em uma abordagem policial.

“Sei que o tempo foi passando e o que foi dito por vocês, antes de minha memória, foi dito em retalhos. Então precisei juntar os pedaços e inventar uma história. Por isso não estou reconstituindo esta história para você nem para minha mãe, estou reconstruindo esta para mim”

Henrique, pai de Pedro, era um sonhador. Se tornou professor de literatura na escola pública por acreditar no poder transformador dos livros. Pai ausente, não acompanhou a vida de Pedro que mal o conhecia. Negro, muitas vezes não entendia porque a cor de sua pele falava mais alto do que o seu caráter em situações que beiram a crueldade, mas que já nos acostumamos a ver acontecer cotidianamente, como quando alguém segurava forte a bolsa ao passar perto dele ou pelas piadinhas racistas feitas pela família da namorada branca.

“É necessário preservar o avesso. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo do mundo. E por mais que sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes e modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único. E é nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos que nos mantêm vivos."
Marta, mãe de Pedro, também teve uma infância bem conturbada. Negra adotada por uma mulher branca também enfrentou o preconceito estrutural que objetifica a mulher negra como instrumento de prazer. Teve um relacionamento bem conturbado com Henrique por causa de sua possessividade e ciúme.

A escrita de Tenório dá a sensação de um confronto, como se Pedro precisasse desse último momento com os pais para entender quem ele é baseado nas histórias de vida que eles tiveram. E assim o autor nos mostra o abismo que ainda existe entre negros e brancos. Mas, ao mesmo tempo, tem um tom de confissão, como se o nosso grande amigo Pedro precisasse do nosso ombro para contar o que lhe aflige.

A sensação ao longo e, principalmente, ao final do livro é a de ter uma venda arrancada de seus olhos, e isso causa dor e angústia. E porque ler um livro assim? Porque precisamos nos escandalizar, precisamos ter olhos e mentes abertas a todas as formas de racismo disfarçado em hábito, em ‘modo de falar’, em padrões determinados por uma sociedade de racismo arraigado.

É então um livro para brancos? Não! Se você é branco e nunca viveu nem sequer tem ideia das dores de Henrique, você precisa ler e se indignar. E mudar suas atitudes, mesmo as que existem só ‘por hábito’ e ‘sem maldade’. Mas se você é negro e conhece a realidade de Henrique, você precisa ler para se indignar. E não se calar. E fazer sua voz ser ouvida. Até que a gente possa construir um mundo mais justo.

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Salve salve, pipoqueiros!

A Editora Companhia das letras disponibilizou o lançamento de agosto para a gente: o e-book O Avesso da pele. Não conhecia o autor, mas tive uma ótima experiência com esse livro e quero ler mais histórias dele!

O avesso da pele vai narrar toda a trajetória de Henrique e Martha, os pais do nosso narrador que se chama Pedro. Eu comecei a ler e logo no primeiro capítulo tive uma dificuldade de entender o propósito daquela narrativa já que eu não tinha lido a sinopse. Na minha cabeça seria tipo aqueles livros de transição, estilo daqueles “tranquilos” de ler às vésperas de um livro mais pesado. Estava terrivelmente enganada.

O jovem Pedro vai sentar com a gente e contar várias histórias que seus pais presenciaram em suas infâncias, juventudes e vidas adultas. No primeiro capítulo sabemos que Henrique, o pai de Pedro, morreu precocemente por uma abordagem vindo da polícia. Foi uma espécie de gatilho para que Pedro pudesse pôr pra fora tudo o que ele pensa e poder se abrir também com o que acontece no dia a dia dele.

Repleto de relatos de uma vida sempre sendo julgado pela cor da pele, Henrique é um cara que foi muito marginalizado pelo racismo estruturado pela sociedade. Seja sua experiencia desde criança se questionando mentalmente sobre os avanços que recebera da policia e de pessoas brancas com receio de se aproximar por achar que ele “não era um cara tão legal”, seja engolindo as ofensas e piadinhas que a família da namorada branca fazia a respeito da sua cor, seja por, em sua vida adulta, ser o único negro professor da escola inteira.

Marta, mãe de Pedro, teve uma infância difícil que acarretou na insegurança em sua vida adulta. Adotada pela Madalena quando era bem moça, tivera que enfrentar o preconceito em diversas facetas. Por conviver com uma família que não compartilhava da mesma cor de pele, pelo fato de entrar na adolescência e seu corpo mudar e a objetificação que a mulher negra passa, por morar com um cara violento e a família dele querer a todo custo impor o lugar de serva para o filhinho mimado.

É um livro curto, mas tão poderoso! Jeferson Tenório consegue prender a nossa atenção com tudo. A descrição e os paralelos que ele fez o Pedro colocar dentro dos capítulos não nos deixa confusos. Como eu disse, eu senti uma dificuldade no primeiro capítulo porque realmente parece que o narrador está confrontando o pai falecido, a mãe manipuladora e nós leitores. Tive a impressão de que estávamos todos numa sala e Pedro contando a história de cada um. Fiquei embasbacada com essa sacada do autor.

Por nunca ter lido nada parecido me assustou! Eu me senti sendo a ouvinte de Pedro nos momentos mais sensíveis e dramáticos das vidas dos personagens. É de uma intimidade que eu nunca tinha tido. Eu cheguei a comentar em um post do Instagram da CIA que eu ia sentir saudades da narrativa do Pedro e o autor viu. Eu espero que essa resenha chegue até ele porque esse livro mudou muito a minha perspectiva como uma mulher branca privilegiada a respeito da nossa sociedade extremamente racista.

Fica aí a minha dica para uma leitura super rápida, poderosa e avassaladora.

Até a próxima!

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Uma história sensível, arrebatadora e infelizmente muito atual sobre as consequências de ser negro em um país racista. A narrativa do Tenório é certeira e essencial para todas as pessoas, negras ou não.

Foi extremamente doloroso ler uma história tão atual e que ainda dói tanto. Infelizmente só nós enxergamos e tentamos preservar o avesso da nossa pele, só nós sabemos as coroas de espinhos que carregamos e os estigmas que estão enraizados apenas por sermos negros.

Na hora certa. De maneira certa. Com toda certeza "O Avesso da Pele" é uma das histórias mais tocantes e cirúrgicas que li nos últimos meses.

"Tenho um Ogum em minhas mãos porque agora é minha vez"

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A obra aborda o racismo, mas não somente isso, em apenas 198 páginas, o autor conseguiu ir mais além e introduziu outros temas como relacionamento abusivo, violência doméstica e violência contra o negro.
Temas altamente pertinentes de serem debatidos, já que tivemos há alguns meses atrás os protestos no mundo todo com movimento vidas negras importam.
A obra se passa em Porto Alegre e é narrada pelo Pedro filho do Henrique, o nosso personagem principal. Um professor negro de literatura que enfrenta diariamente uma jornada árdua tentando dar o melhor de si como professor, mas ao mesmo tempo se vê em um país com um sistema educacional desestimulante.
Nessa leitura vamos acompanhar toda a trajetória de vida do Henrique contada de forma crua, mas ao mesmo tempo muito sensível. Uma leitura para causar dor e empatia. O autor ter uma escrita incrível, que conduz o leitor a não querer largar o livro. Já se tornou um favorito.

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